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1 BATISMO
INTRODUÇÃO
1. Definição
A palavra sacramento significa sinal. Nós dizemos que o Batismo, a Confirmação, a Re-conciliação, a Eucaristia, a Unção dos Enfer-mos, a Ordem e o Matrimônio, são Sacramen-tos, ou seja, sinais. Sinais de que? Sinais do amor de Deus para com a humanidade.
Vamos dar um exemplo: você ama uma pes-soa e quer demonstrar esse amor dando-lhe um presente. O presente não é o amor que você tem por aquela pessoa: é simplesmente uma prova, um sinal. E a pessoa que recebe seu presente sabe que, escondido nele, está todo o amor que você tem por ela.
2. O amor de Deus pelos homens
Sabemos que Deus sempre amou a humani-dade. Ele criou o homem à sua imagem e seme-lhança. Mas o homem foi teimoso e pecou. Co-mo conseqüência desse pecado, o ser humano se afastou do seu Criador. Mas o Pai não abando-nou aquele que foi criado à sua imagem e seme-lhança: pelo contrário, chamou-o de volta à a-mizade e fez com ele um contrato (leia Gênesis 12, 1-5).
Mas o homem é teimoso mesmo. Hoje é fiel, amanhã já desmancha o contrato. Deus, porém, é fiel e carinhoso. E não cansa de inventar mo-dos para conquistar o coração humano. Ele é um apaixonado por sua criatura preferida: o homem. E por isso, ao longo da História de Is-rael, lhe envia Juízes, Reis, Profetas, a fim de que volte à amizade.
3. Jesus, sacramento do Pai
Apesar de o homem se afastar continuamente de seu Criador, este sempre deseja salvá-lo. E o grande SINAL do Pai se realizou em Jesus Cris-to. Deus não se contentou em enviar Profetas: quis ele mesmo vir ao encontro do homem, na pessoa de Jesus, a fim de ensiná-lo a amar, a vi-ver, a saborear a amizade e o amor do Pai. Por isso é que dizemos: Jesus é O SACRAMENTO DO PAI. É o grande gesto-sinal de Deus: seu Filho vem ao mundo para resumir com sua vida o amor do Pai, e para levar os homens à perfeita união com Deus.
Os Sacramentos em sua vida
José Bortolini
4. A Igreja, sacramento do Cristo
Cristo Jesus cumpriu sua missão aqui na ter-ra: viveu fazendo o bem. E obediente à vontade do Pai, entregou-se à morte por nós. E o Pai o ressuscitou. E Jesus foi elevado ao céu (leia Fi-lipenses 2, 5-11). Mas, antes de voltar para jun-to do Pai, encarregou os apóstolos de continua-rem sua missão: “Todo poder me foi dado no céu e na terra. Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos... Eu estou convos-co até o final dos tempos”(Mt 28,18-20).
A Igreja, portanto, continua fazendo o que Cristo fez. E Cristo está presente no meio dela, continuando a salvar a humanidade. A Igreja e, pois, SINAL da presença de Cristo no meio dos homens; é SACRAMENTO DE CRISTO. Ele se entregou por ela, deu a vida (leia Efésios 5,25). Pertencer à Igreja é pertencer a Cristo. Como é que Jesus está presente na Igreja? Atra-vés dos sacramentos, ou seja,mediante os SI-NAIS do seu amor.
5. Os sacramentos não são só sinais
No início dávamos a definição de sacramen-to. E dizíamos que é SINAL. Os sacramentos não só são sinais do amor de Deus. Não só são sinais da presença de Cristo na Igreja. ELES SÃO O PRÓPRIO DEUS, PRESENTE NES-SES SINAIS. Os sacramentos são REALIDA-DE. A hóstia consagrada não é só sinal da pre-sença de Cristo: É O PRÓPRIO CRISTO. E as-sim acontece com os demais sacramentos: são o próprio Deus, presente neles.
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BATISMO
1. O que é batismo?
É o primeiro dos sacramentos. Junto com a confirmação e a eucaristia forma os chamados sacramentos da iniciação cristã. É o primeiro dos sacramentos porque abre o grande diálogo amoroso de Deus com os homens.
A iniciativa de amar parte sempre de Deus: ele ama por primeiro. O batismo se torna, as-sim, um presente divino que o homem recebe. O apelo amoroso de Deus, dirigido ao homem no batismo, deve encontrar eco no ser humano: a-quele que é batizado responde sim a Deus, com-prometendo-se com o bem, a verdade e a justi-ça.
O batismo é a nova criação que Deus produz em nós. Com ele nos tornamos FILHOS DE DEUS (leia a conversa de Jesus com Nicode-mos em João 3, 1-5). Por meio dele, nascemos do alto, ou seja, recebemos a filiação divina. Graças a ele podemos, no Espírito, chamar a Deus de Pai (Romanos 8,15).
Nesse sacramento, morremos para o pecado, a fim de vivermos a vida nova trazida por Cristo (leia Romanos 6,1-11). Lembre-se das promes-sas batismais, onde renunciamos ao pecado e ao Diabo, autor do mal.
No batismo nós fomos marcados com o selo de Deus. A partir daquele momento, pertence-mos somente a ele, como criaturas novas (2Coríntios 5,17). Com ele selamos nosso con-trato de amor com aquele que nos criou e en-tramos a fazer parte da Nova Aliança, realizada na morte-ressurreição de Cristo.
É o sacramento que apaga em nós o pecado original e suas conseqüências.
2. Quem instituiu o batismo?
Jesus, ao ser batizado por João Batista no rio Jordão, instituiu o batismo para todos os que desejam ser cristãos, ou seja, seguidores de Cristo. Mateus, Marcos e Lucas narram o ba-tismo de Jesus (leia Mateus, 3,13-17, ou Marcos 1,9-11, ou Lucas 3, 21-2).
Para refletir:
•
O que significa Sacramento?
•
Por que Jesus é Sacramento do Pai?
•
Por que a Igreja é Sacramento de Cristo?
•
Os Sacramentos são só sinais?
Antes de subir ao céu, ele deu aos apóstolos a ordem de batizar (leia Mateus 28,19). O ba-tismo é a condição para que o homem se salve: “Aquele que crer for batizado será salvo” (Mar-cos 16,16).
3. Três tipos de batismo
A Igreja ensina que há três tipos de batismo:
a) De água: é aquele no qual todos nós fo-mos batizados.
b) De sangue: no início da Igreja, batizava-se só gente grande. Os que faziam cursinho para batismo eram chamados catecúmenos. Naquele tempo, os cristãos eram perseguidos. Se eles morressem por causa do Nome de Jesus, mes-mo sem serem batizados em água, eram consi-derados batizados no sangue. O batismo de san-gue é válido até hoje.
c) De desejo: Se os pais de uma criança de-sejarem que ela seja batizada, mas a criança nasce morta ou morre antes de ser batizada, considera-se batizada, graças ao desejo de seus pais.
4 . O batizado na Igreja-comunidade
O batismo é o sacramento que introduz o homem na comunidade dos fiéis. Por meio dele fazemos parte da Igreja. Aquele que foi batiza-do faz parte da família de Deus, e como tal tem suas obrigações. A Igreja é o Povo da Aliança que Jesus inaugurou com sua morte-ressurreição. O batizado tem a obrigação de ser fiel ao compromisso de amor entre ele e o Cria-dor. Deve viver como filho de Deus e irmão dos homens.
Ao ser batizado, o homem, que já havia re-cebido a vocação humana, recebe a vocação cristã. É chamado a ser como Cristo. Faz parte da “raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de sua propriedade particular” ( lPedro 2,9) e deve se esforçar para que no mundo “haja
um só rebanho e um só Pastor” (João 10,16).
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5. Por que o povo batiza?
Um fato: o povo brasileiro, em sua maioria, é composto de batizados. É difícil a gente encon-trar alguém que não tenha recebido o primeiro dos sacramentos da iniciação cristã. Disso não podemos duvidar. Mas quando vamos analisar os motivos pelos quais o povo brasileiro batiza, ficamos um tanto espantados. Existe muita su-perstição. E isso tira o brilho que o sacramento possui.
Você já sabe o que é o batismo. Agora va-mos ver por que o povo batiza. E descobrimos que as motivações são muitas: algumas boas e outras ruins.
6. Motivos bons:
l ) Necessidade do batismo para a salvação.
2) Necessidade do batismo para apagar o pe-cado original.
3) Deseja-se o batismo porque é um meio pa-ra a gente se tornar filho de Deus.
4) Quer-se o batismo por que é um meio para a gente ser cristão, ou seja, seguidor de Cristo.
5) Batiza-se porque é um meio para a gente ser membro da Igreja.
Quem batiza o filho com essas motivações está agindo certo. Todos esses motivos são bons e válidos. Qual é o mais importante deles? To-dos o são. É bom a gente mantê-los juntos, pois um completa o outro.
7 . Motivos supersticiosos
Tem muita gente pensando que o batismo se-ja um gesto mágico, supersticioso. Há os que pensam assim: “Se não batizar a criança, ela não terá saúde. O batismo afasta as doenças, o mau olhado etc.” E assim por diante. Quem pensa assim está redondamente errado. Batismo não é magia. Menos ainda tratamento médico. Saúde ou doença não dependem da criança ser ou não batizada. Você conhece outros motivos supersticiosos? Quais? Você acha que não bati-zar a criança dá azar?
Para refletir
•
O que é o batismo?
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Que vocação recebemos ao sermos batiza-dos?
•
O que significa vocação cristã?
8 . Motivos sociais
É quando se batiza porque sempre foi assim. Batiza-se por tradição. Os bisavós eram católi-cos, os avós são gente de igreja, os pais são gente de respeito. Como conseqüência, os filhos devem ser batizados. Quem age assim está se-guindo a tradição, o costume de batizar, não descobrindo o verdadeiro valor desse sacramen-to.
Há os que batizam para que os vizinhos, bons católicos, não ponham a boca no mundo. Batiza-se porque naquele bairro, rua ou vila, to-do mundo age assim. Esse é “o batismo da Ma-ria que vai com as outras”.
Outros batizam, ainda, para evitar encrencas mais tarde, no casamento religioso. Para não passar por pagão, batiza-se logo. Quando che-gar a hora de fazer a papelada para o casamento na igreja, não haverá necessidade de preocupa-ções. Esses motivos não são válidos!
9 . Motivos econômicos
O batismo é motivo para a criança ganhar presentes. O padrinho se sente na obrigação de “pagar” o batizado. A madrinha paga a roupa da criança. Quando a criança, depois de crescida, precisar de um empurrãozinho para conseguir um bom emprego, ou pagar o colégio ou facul-dade, os padrinhos dão dinheiro.
A respeito do papel dos padrinhos, falaremos mais adiante. Por enquanto, fica uma lição: é bobagem procurar apoio financeiro nos padri-nhos.
É claro que não apresentamos todos os moti-vos supersticiosos, sociais e econômicos. Você poderá descobrir outros .
Tendo em mente essas motivações ruins vo-cê deve, agora, reler o que escrevemos acima (ponto 1, onde mostramos o verdadeiro signifi-cado desse sacramento. Lá está escrito porque
devemos batizar.
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10. O batismo de Jesus
“Naquele tempo, Jesus foi ao Jordão à procu-ra de João, a fim de ser batizado por ele. Mas João tentava convencê-lo do contrário : ‘Eu é que tenho necessidade de ser batizado por ti e tu vens a mim?’ Jesus, porém, lhe respondeu: ‘Deixa que se cumpra o que é justo’. E João concordou.
Batizado, Jesus saiu logo da água e o céu se abriu. Ele viu o Espírito de Deus descendo co-mo uma pomba e pousando sobre ele. Ao mes-mo tempo, uma voz vinda do céu dizia: ‘Este e o meu Filho amado, no qual sinto toda a alegri-a’ “ (Mt 3,13-17).
Embora não tenha pecado, Jesus quer subme-ter-se ao batismo de João, pois isso é vontade de Deus. Com isso, ele se prepara a fim de ser o Messias Salvador, cumprindo toda a justiça do Pai. Qual é essa justiça? Que todos se salvem!
Ao ser batizado, Jesus recebe a plenitude do Espírito Santo. Ele agora está pronto para as-sumir seu papel diante dos homens: cumprir sempre a vontade do Pai, anunciar o Reino de Deus presente entre nós e salvar todos os ho-mens.
Deus Pai proclama que Jesus é o Filho que-rido: “Este é o meu Filho amado, no qual sinto toda a alegria’, ( Mt 3 ,17 l . Essas mesmas pa-lavras estão presentes na transfiguração de Je-sus (leia Mateus 17,1-8). Por que Jesus é o Fi-lho querido de Deus Pai? Porque ele veio fazer tudo o que o Pai pediu: “O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4,34).
Sobre Jesus está o Espírito Santo: “O Espíri-to do Senhor repousa sobre mim” ( Lc 4,18). E esse mesmo Espírito lhe dá uma missão: “Ele me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar a liberdade aos presos, e aos cegos a recuperação da vista, para restituir a li-berdade aos oprimidos, e para anunciar um ano de graça do Senhor” (Lc 4,18-19).
Para refletir:
•
Procure encontrar outros motivos supersti-ciosos, segundo os quais as pessoas costu-mam batizar.
•
O que a gente pode fazer para corrigir essas idéias erradas?
Jesus assume essa missão e a leva até o fim. Sobre a cruz, no fim das forças físicas e na pro-va máxima de amor pelos homens, ele procla-ma: “Está realizada a obra que o Pai me confi-ou” (cf. Jo l9,30a). “E, inclinando a cabeça, en-tregou o espírito” (Jo 19, 30b).
11. O batismo do cristão
Ao sermos batizados, recebemos o Espírito Santo. Deus Pai nos adota como “filhos queri-dos, nos quais sente alegria”, à semelhança de Jesus, o verdadeiro Filho. Na Carta aos gálatas, Paulo diz: “Porque sois filhos enviou Deus em nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abbá, Pai! De modo que já não és escra-vo, mas filho” (Gl 4,6-7a; leia também (Efésios 1,5 e 2Pedro 1,4). São João escreve: “Vejam que prova de amor nos deu o Pai: que sejamos chamados FILHOS DE DEUS. E de fato o so-mos” (lJo 3,1 ).
12. O batizado e sua missão
Pelo batismo nos tornamos cristãos, isto é, seguidores de Cristo. Somos filhos amados de Deus, possuidores do Espírito Santo. Como ba-tizados, temos uma missão ( leia Lucas 4,18-20). Nossa caminhada, nesta terra, se identifica com a caminhada de Cristo, cujo alimento era “fazer a vontade do Pai” (Jo 4,34), até que, em nós, se realize plenamente a obra que Deus nos confiou; até dizermos: “Tudo está consumado” (Jo l9,30a).
Ao receber o batismo, você se identificou
com Jesus e sua missão: você é filho de Deus, possui o Espírito e recebeu a missão de teste-munhar e anunciar o Reino, presente dentro de você e na Igreja.
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13 . A tentações de Jesus batizado
Depois de receber o batismo, Jesus é levado ao deserto, a fim de ser tentado pelo Diabo (leia Mateus 3,13-4,11; ou Marcos 1,9-13; ou Lucas 3,21-22. 4,1-13).
O deserto é lugar de purificação, de encontro com Deus, de oração. Mas é também lugar de provação, de dificuldades. Foi no deserto que o povo de Israel DUVIDOU da presença de Deus no meio deles (leia o episódio de Êxodo 17,1-7). No deserto, Israel se acovarda e cai na ido-latria (leia Êxodo 32,1 -6). O lugar onde o povo duvidou da presença de Deus passou a se cha-mar “lugar da provação e da briga”, pois Israel duvidou de Deus, dizendo : “Afinal de contas, Deus está ou não entre nós ?” ( Ex 17,7).
Quando Deus criou o homem, colocou-o num jardim, “lugar de paz e de intimidade com Deus” (leia Gênesis 2,8). Mas o homem, com o pecado, se afastou de Deus e foi expulso do “lugar de paz” (Gênesis 3,23), passando a viver dificuldades. A terra se tornou ingrata, um ver-dadeiro “deserto” (Gênesis 3,17-19).
O homem foi covarde. Jesus, porém, vai pa-ra o deserto, para “o lugar da provação e da bri-ga”, a fim de mostrar ao homem como deve fa-zer para ser vitorioso. Cristo sofre três tipos de tentação: posse, prazer e poder (releia o texto de Mateus 4,1-11). Posse, prazer e poder resu-mem todos os tipos de tentação. Não existe ne-nhum vício, nenhum pecado que não seja de posse egoísta, de prazer ou de poder.
Jesus, “o Filho querido de Deus”, vence as tentações. Com isso ele quer dizer: “Prestem a-tenção: aquele que se tornou, pelo batismo, fi-lho de Deus, deve ser um vencedor das tenta-ções. O homem não foi criado para ser um co-varde! Deus o criou para ser vencedor! Todo o que recebeu o batismo deve vencer todas as ten-tações que aparecerem na vida, pois é filho que-rido de Deus” .
A gente se pergunta: onde está o deserto e onde as tentações do homem de hoje?
Para refletir:
•
Por que Jesus se fez batizar por João Batista?
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O que nos tornamos quando recebemos o ba-tismo?
•
Qual é a missão do cristão?
14 . As tentações do homem batizado
Todos nós, depois do batismo, somos condu-zidos ao “deserto da vida”. Basta que olhemos ao redor: a vida não é fácil e as tentações são muitas. Percebemos que o homem de hoje é ten-tado de posse: queremos ter sempre mais. E pa-ra isso, exploramos, enganamos, roubamos. Muitos só olham o lucro, o dinheiro...
Pense um pouco nos prazeres que o homem busca: sexo, drogas, riquezas, bens, carros, ter-ras. . . Jesus, o Filho querido, venceu a tentação do prazer. E o batizado deve fazer o mesmo.
Pense na tentação do poder: nossa sociedade está cheia de “poderosos chefões”, patrões maus e desonestos, ídolos. . . Jesus ensina que pode-roso é aquele que vence essas tentações. Ele também foi tentado de se ajoelhar diante do Di-abo. Quantos hoje se ajoelham diante dos pode-rosos, do dinheiro, dos prazeres...
15 . Ser batizado = ser vencedor, como Jesus
Viver o batismo é vencer todas as tentações. Nossa sociedade é “ um deserto onde se provo-ca a Deus “de muitos modos. Enquanto o ho-mem continuar sendo vítima das tentações, ja-mais testemunhará seu batismo. Ser batizado é fazer como Jesus: dizer não a todas as formas de idolatria. Dizer não ao abuso da posse, do prazer e do poder. Dizer não ao Diabo e ao pe-cado. Transformar o deserto de nossa vida, “lu-gar onde se provoca a Deus”, num jardim, “lu-gar de paz e comunhão com Deus, os irmãos e as coisas criadas” .
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16. O que o Antigo Testamento fala da água
A água está presente na vida do povo da Bí-blia. Eles davam muito valor a ela, pois nem sempre a tinham em abundância. Quem vive em lugares desertos e secos, como o povo judeu, valoriza muito mais água, pois às vezes ela po-de faltar. Talvez você já conheça o que seja uma seca de meses ou de anos. . .
Desde o início da criação, a Bíblia nos fala da água. Nela lemos que o Espírito de Deus pai-rava sobre as águas (leia o início do Gênesis). Lá está dito também que Deus separou a terra da água (Gênesis 1,9). O Espírito de Deus pai-rava sobre as águas “para que elas fossem capa-zes de gerar a vida”. A água e a chuva são si-nais de que Deus abençoa seu povo. E a seca, para os judeus, era sinal da ira de Deus por cau-sa dos pecados do povo escolhido.
Ela é também sinal de purificação. É o que acontece na narração do dilúvio (Gênesis 7). A humanidade havia pecado. Só Noé e sua família tinham ficado fiéis a Deus. E com as águas do dilúvio, Deus acabou com os vícios da humani-dade pecadora, fazendo-a renascer para uma vi-da nova.
Moisés foi salvo das águas do Nilo (leia Ê-xodo 2,10). Uma das pragas do Egito foi a transformação da água em sangue (Êxodo 7,20). Libertado da escravidão do Egito, o povo de Deus atravessa o mar Vermelho a pé enxuto. O povo de Israel, livre da escravidão, é símbolo da Igreja, povo de Deus, libertada do pecado pelo batismo. No deserto, faltando água, o povo de Israel começa a reclamar contra Moisés. E Deus faz brotar água da pedra (leia Êxodo 17) .
A água é um presente gratuito de Deus. A chuva, que cai do céu, é bênção divina. Para os antigos, a água era o princípio de todas as coi-sas. Alguns, como os gregos, acreditavam que do mar nasciam todas as coisas, inclusive os homens.
Os hebreus costumavam comparar os países inimigos com as ondas do mar, furiosas e des-truidoras. E se eles permanecessem fiéis a Deus, ele afastaria deles os perigos das invasões ini-migas, assim como Deus quebra a fúria das on-das, espalhando-as na praia do mar. Há diversos salmos e passagens da Bíblia que usam essa comparação. A sede de Deus é comparada à se-de de água. E também esse exemplo é encontra-do com muita freqüência na Bíblia Sagrada.
Para refletir:
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Quais foram as tentações de Jesus?
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E quais são as tentações dos homens ?
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Por que o mundo hoje é mais um deserto do que um jardim de paz e fraternidade?
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O que significa, hoje, “ajoelhar-se diante do Diabo”?
17. O que o Novo Testamento fala da água
No Novo Testamento, encontramos Jesus que se faz batizar nas águas do rio Jordão. Ele diz que dar um copo de água a quem tem sede é um ato de caridade ( Marcos 9,40). Na conversa que teve com a Samaritana, Jesus diz: “Aquele que beber da água que eu lhe darei nunca mais terá sede. Pois a água que eu lhe der tornar-se-á nele uma fonte de água jorrando para a vida e-terna” (Jo 4,14. Seria bom que você lesse todo o capítulo 4 de são João). Um pouco mais adian-te, Jesus afirma: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Es-critura, do seu seio jorrarão rios de água viva” (Jo 7,37-38).
Na conversa com Nicodemos, Jesus insiste que é preciso nascer da água e do Espírito Santo para entrar no Reino: “Em verdade, em verdade te digo: quem não nasce da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que nasce da carne é carne; o que nasce do Espírito é Es-pírito” (Jo 3,5-6).
Você percebe, portanto, o valor da água e o seu significado na Bíblia Sagrada. A Igreja dos primeiros cristãos chamava o batismo de banho de purificação, pois pelo gesto de derramar á-gua na cabeça, a pessoa se purificava de seus pecados e começava a fazer parte do povo sa-cerdotal, a raça escolhida, a nação santa; como diz são Pedro.
18 . Por que batizamos com água?
Não é por acaso que se batiza com água. O próprio Cristo foi assim batizado no rio Jordão. A água simboliza vida. O batismo é a vida no-va. Por meio da água — símbolo da vida huma-na — Deus nos transmite, no batismo, a vida
divina. A água simboliza o dom do Espírito de Deus, a plenitude dos dons de Deus e o progres-so espiritual que resulta do nosso compromisso com as promessas batismais.
Para refletir
7
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Por que não se pode batizar com outro lí-quido que não seja água?
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O que a água simboliza?
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Há outras passagens da Bíblia que falam da água : você é capaz de encontrá-las?
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O que representa a água para nós, hoje?
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O que fazemos com ela?
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Por que existem águas poluídas?
19. A vela do batismo
Na celebração do batismo, acende-se uma vela no círio pascal. O círio pascal é uma vela grande que a gente acende no sábado santo. Ela representa Jesus ressuscitado, que vence a escu-ridão do túmulo e as trevas do pecado, ressusci-tando vitorioso e cheio de luz. O gesto de acen-der uma vela no círio pascal simboliza a união do batizado com Cristo Jesus. Significa que quem recebe o batismo passa a receber a vida nova de Deus, como uma vela recebe vida ao ser acesa em outra.
Veja que exemplo bonito nos transmite a ve-la acesa: ela vai se gastando aos poucos, e nada sobra: nem do pavio, nem da cera. Ela se con-some. Assim foi Jesus: ele se gastou todo, fa-zendo o bem. Assim deve ser o cristão: alguém que “se gasta” fazendo o bem, pois foi essa a missão que recebeu ao ser batizado.
A vela do batismo quer dizer a quem é bati-zado: Jesus é a luz da sua vida! Procure andar nessa luz e será feliz!
Nós estamos muito acostumados com a luz elétrica, ou com as lâmpadas a gás. Basta que a gente toque num interruptor e a lâmpada se a-cende. Sabemos também como é chato quando não há luz, em nossa casa, sobretudo quando falta luz à noite. Tudo vira confusão. A gente tropeça em tudo. Mas basta acender uma vela, riscar um fósforo ou acender um isqueiro para começar a enxergar. A vela do batismo quer ser aquela luz especial quando tudo parece escuro em nossa vida; quando a gente não sabe que rumo tomar; quando não se sabe o que fazer e como testemunhar a fé etc.
Se para nós é fácil acender uma lâmpada, pa-ra os antigos não era tão fácil assim. Eles devi-am conservar o fogo aceso dia e noite, pois era difícil acendê-lo. E os antigos sabiam que uma fogueira era bastante para espantar para longe as feras (quais são as “feras” que a luz de Deus espanta? Será que as espanta de verdade?)
20 . A luz no Antigo Testamento
A Sagrada Escritura nos fala que, antes da Criação do mundo, tudo era uma grande confu-são, o caos, ou seja a desordem. Deus, porém, manda que se faça a luz: “No princípio Deus criou o céu e a terra. Ora, a terra era solidão e caos e as trevas cobriam o abismo. Então disse Deus: Haja luz! E houve luz” (Gn l,1-3). E de-pois de ter feito a luz, Deus criou todas as ou-tras coisas (quando nossa vida se torna uma ba-gunça, é sinal de que está faltando a luz de Deus).
Os povos vizinhos dos judeus adoravam o sol, a lua e as estrelas, pois iluminavam os dias e as noites. A Bíblia nos fala que o sol, a lua e as estrelas são coisas criadas por Deus (leia Gê-nesis 1,14-181.
Deus aparece a Moisés numa fogueira (Êxo-do 3) e lhe pede que vá ao Egito libertar o povo. Depois que Israel foi salvo da escravidão do E-gito, Deus costuma aparecer numa chama de fogo e de lá fala ao povo (leia Êxodo 24,12-17). Quando Moisés desce do monte, onde estivera junto de Deus a fim de receber a Lei, seu rosto brilha (leia Êxodo 34,29-35). Por que será que o rosto dos batizados não brilha como o rosto de Moisés ?
Existem muitas passagens na Bíblia, que di-zem: “O Senhor é minha luz”. Essa afirmação, porém, se tornou plena com a vinda de Cristo.
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21. A luz no Novo Testamento
O evangelho de são João diz: “Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens, e a luz bri-lha nas trevas “ ( l ,4-5). João Batista veio para dar testemunho da luz verdadeira que, vindo ao mundo, ilumina todo homem (leia João 1,7-9).
Jesus se declara luz do mundo: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas tre-vas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,121). No epi-sódio da cura do cego de nascimento percebe-mos quais os compromissos do cristão (= o ce-go curado); quais as conseqüências da sua atitu-de de fé: abandonado dos pais, perseguição, ex-pulsão da sinagoga etc. Percebemos também quem são os verdadeiros cegos: aqueles que não se abrem para a luz que é Cristo (leia e reflita sobre o capítulo 9 de João).
Jesus diz que o cristão é a luz do mundo: “Vós sois a luz do mundo. Não se pode escon-der uma cidade colocada sobre um monte. Nem se acende uma lâmpada e se a coloca debaixo do alqueire, mas no candelabro, e assim ela bri-lha para todos os que estão na casa. Brilhe do mesmo modo a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifi-quem o vosso Pai que está nos Céus” (Mt 5,14-16).
Nos evangelhos, temos ainda o episódio da transfiguração de Jesus (leia Mateus 17). Jesus se transfigura para nos dizer que ele é o Filho de Deus e que nós, escutando-o, seremos seme-lhantes a ele, e um dia contemplaremos o Pai face a face.
O evangelho nos diz ainda que a luz é símbo-lo de pureza (leia Mateus 6,22-23). E o batizado deve ser alguém que vive o preceito do Senhor: “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5 ,8).
22 . O batizado é um iluminado
Os primeiros cristãos chamavam o batismo de iluminação, porque o batizado recebe a luz de Cristo; ou melhor, Cristo será a única luz pa-ra ele. Assim como as plantas e os animais pre-cisam da luz do sol para sobreviver, o cristão precisa da luz de Cristo para ser verdadeiro cris-tão .
O nosso século foi chamado de “século das luzes “por causa das maravilhas das invenções da ciência e dos progressos da técnica. Hoje, o homem não só é capaz de transformar em dia as noites, mas até utiliza a luz do sol para trans-formá-la em energia. Porém, vivemos ainda cer-cados de misérias, injustiças de toda espécie e pecados. Tudo isso é treva. É escuridão que precisa da luz do cristão e da luz de Cristo. E parece até que o mal se torna sempre mais forte. Qual deve ser a reação do batizado diante de tu-do isso? Não será por causa do esquecimento e da rejeição daquela luz batismal que essas injus-tiças são cometidas? É preciso, portanto, cami-nhar como filhos da luz, pois quem nasceu da luz, é luz.
Para refletir
•
Que significado tem a vela do nosso batis-mo? “O homem guardou a vela do batismo e se esqueceu de ser luz”: você acha que isso é verdade?
•
Na Bíblia há muitas outras passagens em que se fala de luz: você é capaz de encontrá-las? Como o homem de hoje deve agir para ser um iluminado?
23. O que a Bíblia fala do óleo
O óleo, ou azeite, é fruto da oliveira. Era u-sado para louvar a Deus, pois o derramavam sobre as ofertas a ele apresentadas (leia Levítico 2,1.6) . Era utilizado (e ainda hoje o é) como a-limento. Os antigos o usavam também nas re-cepções e nos banquetes (Êxodo 30,22-23; leia Lucas 7,46); misturavam-no com perfumes e assim ungiam o corpo.
O óleo devia ser oferecido primeiramente a Deus, como primícias (isto é, os primeiros fru-tos da terra), em sinal de gratidão pelos favores recebidos do céu (leia Números 18,12). Quando alguém, em Israel, fosse escolhido para ser rei, sacerdote, ou profeta, recebia a unção, isto é, derramava-se óleo em sua cabeça como sinal de escolha. É o que podemos ver na escolha do rei Saul (leia l Samuel l o ,1) , ou Davi (l Samuel 16).
O profeta Isaías diz: “0 Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me un-
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giu” ( Is 61,11). Jesus retoma esse texto de Isaí-as para dizer que foi ungido e escolhido pelo Espírito Santo para uma missão (leia Lucas 4,18-19) . As palavras CRISTO e MESSIAS si-gnificam O UNGIDO, o escolhido por Deus pa-ra uma missão especial: salvar o mundo do pe-cado.
24 . Por que o óleo no batismo?
A Igreja tem o costume de ungir a fronte e o peito das crianças que são batizadas. Unge-se a testa com o óleo dos catecúmenos (isto é, os que ainda não foram batizados), antes que a cri-ança seja batizada. Esse óleo é consagrado pelo bispo na quinta-feira santa. Depois que a crian-ça foi batizada, o seu peito é ungido com o óleo da crisma, também consagrado pelo bispo na quinta-feira santa. O que significam esses ges-tos? O óleo é símbolo de força, resistência e missão.
a) força e resistência: Os antigos, sobretudo os que viviam em regiões muito quentes e nos desertos, precisavam ungir o corpo para não fi-car com a pele ressecada. Para você entender melhor, pense nas pessoas que vão a praia: é necessário que passem um óleo bronzeador no corpo para não sofrer queimaduras na pele. Pen-se também nos jogadores de futebol: antes de entrar em campo, fazem massagens especiais nas pernas e no corpo para o aquecimento, e as-sim terão resistência e correrão o tempo todo. Lembre-se também dos antigos jogadores de lu-ta corporal, que passavam óleo no corpo para escapar aos golpes do adversário. Pense ainda no pau-de-sebo: quem consegue subir? O cris-tão é assim: alguém que treinou o corpo para a luta da vida; alguém que se reveste de força e não se deixa abater pelas fraquezas ou pelos ví-cios. O óleo é sinal de resistência ao pecado.
Não se trata de pensar que o óleo seja algo de mágico que “fecha o corpo” contra o mal. O óleo não é feitiço. É um símbolo e quer transmi-tir a força divina. Sem esforço, ninguém, por mais ungido que tenha sido, consegue vencer o mal e o pecado.
b) missão: A Bíblia nos mostra pessoas un-gidas com a finalidade de governar o povo de Israel (reis), oferecer sacrifícios (sacerdotes) e falar em nome de Deus (profetas). A unção do batismo (que se repetirá na confirmação), tem esse sentido: quer mostrar que o batizado rece-beu a mesma missão do MESSIAS, ou seja, de Jesus. Ninguém treina só para treinar. Treina-mos para competir e vencer. O óleo do batismo é um convite para que o batizado se exercite na graça de Deus e seja um vencedor, alguém que “proclama o ano da graça do Senhor” (Lc 4,19). O óleo é sinal de compromisso na missão de tornar o mundo melhor.
25. A veste branca
Depois de ungir o peito da criança com o ó-leo do crisma, o sacerdote põe sobre a criança um pano branco, que chamamos a veste branca. Você sabe que a cor branca é símbolo da paz. Na Liturgia, o branco aparece na festa da pás-coa (vitória do UNGIDO sobre a morte) e nas festas de Nossa Senhora, além de outras de me-nor importância. O branco é sinal de vitória. Pe-lo batismo, vencemos o mal, o pecado e a mor-te. Ressuscitamos com Cristo para a vida nova. Renascemos para viver a paz e a fraternidade. A cor branca é sinal de pureza. O batizado é um purificado. Costumamos dizer que a alma do batizado está limpa, sem mancha. Veja o que o padre diz ao entregar a veste branca: “Você nas-ceu de novo e se revestiu do Cristo. Por isso vo-cê traz esta veste branca. Que seus pais e ami-gos o ajudem por sua palavra e exemplo a con-servar a dignidade de filho de Deus até a vida eterna”.
O batizado é um anunciador da vitória sobre o pecado, alguém que deve promover a paz: “Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9).
Para refletir
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Por que ungimos as crianças?
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Tente dizer, com suas palavras: qual o signi-ficado do óleo?
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Qual o significado da veste branca?
26. Deveres dos pais e padrinhos
Deus chama à vida através do amor concreto entre marido e mulher. A criança nasce. A Cria-ção é refeita. Com esse gesto, Deus está recri-ando o mundo , servindo-se dos pais. E o proje-to do Criador continua sendo bom: “ Deus viu que tudo estava muito bem feito” (Gn 1,25). Aos pais, portanto, em primeiro lugar, é confia-da a continuação do projeto de bondade divina. Deles, dos padrinhos e da comunidade-Igreja vai depender o crescimento físico, intelectual e espiritual do novo ser.
O que se pede a eles é que, primeiramente, sejam os que vivem-anunciando a bondade de Deus. Muito cuidado, portanto, na escolha dos padrinhos: devem ser pessoas de bem, de fé. O que se exige deles é que renunciem ao pecado e a todas as formas de mal, anunciando a fé na Trindade, em nome da qual o novo ser é batiza-do. A fórmula: “Renunciais ao pecado ?” é se-guida pela Profissão de fé: “Credes em Deus Pai, em Deus Filho, em Deus Espírito Santo?”
Não queremos excluir a possibilidade de es-colher padrinhos com capacidade de ajudar e-conomicamente a criança. Mas esse não deve ser O MOTIVO. A motivação principal deve ser a de escolher pessoas de fé, que dêem um testemunho verdadeiro na família e na Igreja, dizendo não ao pecado e professando publica-mente a fé-vida.
Os padrinhos devem ser pessoas adultas, a-madurecidas na fé, que testemunham o próprio batismo. Assim estarão habilitados a guiar o novo ser na coerência de filhos de Deus. Vamos fazer um exemplo: para dirigir um automóvel, você precisa saber guiar; precisa estar habilita-do. Os padrinhos devem ser pessoas capazes de ajudar os pais na formação cristã da criança. Diante disso, que sentido tem escolher padri-nhos ricos ou pobres? O que é mais importante? O que é verdadeiramente cristão?
27. Por que os cursinhos?
Aqueles que acham que ser padrinho é dar presentes, estão redondamente errados. Os cur-sinhos de batismo para pais e padrinhos têm es-sa finalidade: conscientizá-los. Eles são os con-tinuadores do projeto bondoso de Deus. O Cri-ador quer o bem da criatura. “0 que virá a ser este menino?” (Lc 1,66). Essa mesma pergunta, feita a respeito de João Batista, é dirigida aos pais e padrinhos daquele que vai ser batizado. O futuro desse novo ser, indefeso e fraco, depende exclusivamente deles.
Teríamos, hoje, mais cristãos conscientes se os pais e padrinhos se tivessem esforçado em dar-lhes uma educação cristã. Aqueles que não educam na fé seus filhos ou afilhados, estão di-zendo não a Deus e à vida divina; estão abor-tando a vida cristã em seus filhos e afilhados.
28. Por que, então batizar crianças?
Não seria melhor deixar a criança crescer e assumir, por conta própria, a responsabilidade de ser cristão? Parece-me que não é a melhor saída. Isso tem gosto de desculpa e tem jeito de ser uma forma de fugirmos do dever de pais e padrinhos. Quando começamos a falar do ba-tismo, dizíamos que o amor de Deus é anterior à nossa iniciativa de amar. Ele ama a todos an-tes que nasçam (leia Jeremias 1,4-5; Isaías 49,1). Antes que qualquer um de nós se consi-dere gente, antes que cheguemos ao uso da ra-zão, Deus nos amou e nos ama. E quer concreti-zar seu amor num gesto-sacramento: o batismo. Por isso é que batizamos as crianças: o amor di-vino nos precede. E o compromisso dos pais, padrinhos e comunidade é a resposta ao apelo de Deus.
Para refletir
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Na sua opinião, quais são as obrigações dos pais e padrinhos?
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Por que a Igreja católica costuma batizar cri-anças?
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Qual a finalidade dos cursinhos de batismo?
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29. Um só batismo
A ordem de batizar que Jesus deu aos após-tolos é bem clara : “Ide, e fazei que todas as na-ções se tornem discípulos, batizando-as em no-me do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19). No Credo, rezamos : “professo um só batismo para remissão dos pecados “ (Símbolo Niceno-Constantinopolitano).
Baseada nisso, a Igreja católica, romana, considera válido o batismo administrado nas seguintes Igrejas:
a ) Igrejas Orientais Separadas;
b) Igreja Apostólica;
c) Igreja Episcopal do Brasil (Anglicanos);
d) Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil;
e) Igreja Evangélica Luterana do Brasil;
f) Igreja Metodista do Brasil.
Se algum membro dessas Igrejas deseja tor-nar-se católico, não pode ser batizado de novo. O batismo recebido na Igreja à qual pertencia é válido na Igreja católica, pois essas Igrejas “querem fazer o que fazem os cristãos”. O mesmo vale, desde que “queiram fazer o que fazem os cristãos”, para as seguintes Igrejas:
a) Presbiterianas;
b) Batistas;
c) Adventistas;
d ) Congregacionalistas;
e ) Pentecostais. O batismo dessas Igrejas é válido e não se pode batizar de novo, no caso de um dos membros batizados dessas Igrejas dese-jar ser católico.
Só é permitido repetir o batismo quando e-xiste dúvida sobre o fato ou sobre a validade do batismo recebido. Batiza-se, então, sob condi-ção, ou seja, se por acaso não houve, no Batis-mo anterior, o desejo de “fazer o que os cristãos fazem”, deve-se batizar de novo. Quando um membro da Igreja Pentecostal Unida do Brasil, dos Mórmons ou da Igreja Brasileira, quiser se tornar católico, administra-se o batismo, sob condição.
Não é válido o batismo das Testemunhas de Jeová. O Exército da Salvação e a Ciência Cris-tã não possuem batismo. Se alguém, pertencen-te a essas denominações, quiser ser católico, deve ser batizado.
Algumas dessas posições, referentes ao ba-tismo de outras Igrejas, estão sendo reestudadas pela Igreja católica. Em caso de dúvida, você deve consultar seu vigário ou bispo, ou uma pessoa da Igreja, indicada para isso.
Um católico, pode se convidado, ser padri-nho de um cristão das Igrejas Orientais Ortodo-xas, e vice-versa. Neste caso, a obrigação de cuidar da educação cristã cabe primeiro ao pa-drinho (ou madrinha) que é fiel da Igreja na qual a pessoa é batizada. Quanto à outras Igre-jas, se houver motivos justos (parentesco ou amizade), um cristão dessas Igrejas pode ser a-ceito, junto com um padrinho (ou madrinha) ca-tólico, como testemunha cristã de um batismo de um católico. O mesmo vale para um católico que seja convidado a ser testemunha cristã do batismo cristão de outra Igreja. A obrigação de cuidar da educação cristã pertence ao padrinho (ou madrinha) que é fiel da Igreja em que a pes-soa é batizada.
30. Quem pode batizar?
Na Igreja Católica existem pessoas ordena-das, aptas a batizar: diáconos, padres, bispos e se for o caso ministros extraordinários. Em caso de extrema necessidade, qualquer pessoa bati-zada pode batizar, derramando água na cabeça da pessoa e dizendo: “Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Essa pessoa, que batiza em caso de emergência, deve estar querendo “fazer o que a Igreja faz”. Isto aconte-ce, por exemplo, nos partos em que há perigo de morte. Em seguida, quem batizou deve comuni-car o fato à autoridade eclesiástica, no caso o vigário.
Para refletir
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Por que a Igreja Católica reconhece o batis-mo de outra Igrejas?
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O que significa querer “fazer o que os cris-tãos fazem”?
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Quem pode batizar?
31. A cerimônia do batismo
O batismo pode ser administrado dentro ou fora da missa. Dentro da missa, é realizado após
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a homilia (sermão). Terminado o batismo, a missa continua normalmente. Quando realizado à parte, o rito do batismo segue esta ordem: a acolhida: O celebrante saúda os pais e padri-nhos, mostrando a alegria que a Igreja sente em receber, como membros seus, os candidatos que são apresentados ao batismo;
Diálogo: O celebrante pergunta aos pais e padrinhos o que estão pedindo à Igreja por seus filhos. Estes respondem: O batismo. Segue-se outra pergunta sobre a disposição em educar o filho e afilhado na fé;
Sinal-da-cruz: o celebrante acolhe, fazendo-lhes uma cruz na testa, as pessoas que vão ser batizadas; pais e padrinhos fazem o mesmo. O sinal da cruz nos torna todos iguais.
Vêm, em seguida:
Palavra de Deus : lª e 2ª leituras e evangelho. Conforme o caso, pode-se proclamar só o evan-gelho; seguem-se
a homilia (explicação da Palavra de Deus e do significado do batismo),
a oração dos fiéis; e
a invocação dos santos. O que dissemos a-cima, a respeito do óleo e do seu significado.
- Unção do peito das crianças com óleo.
O rito Sacramental, a parte central da ceri-mônia, começa com:
A oração sobre a água. Nela se mostra o va-lor que a água teve e tem (veja nn. 16 e 17, o si-gnificado da água). Benze-se, depois, a água;
Promessas do batismo: pais e padrinhos, em nome do batizando, renunciam ao pecado e pro-fessam a fé.
Batismo: o celebrante derrama água na cabe-ça de quem está sendo batizado, dizendo a fór-mula: “Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.
Os ritos complementares são compostos de: Unção com o crisma. Unge-se a testa com óleo consagrado.
A veste branca (veja o que foi dito sobre a veste branca, n. 25);
A vela acesa no círio pascal, símbolo de Cristo ressuscitado (veja o que foi dito sobre a luz, nn. 19,20,21 e 22);
Éfeta: Se achar conveniente, o celebrante to-ca a boca e os ouvidos do neobatizado, a fim de que se abram à escuta da Palavra de Deus e proclamem a fé recebida.
Os ritos finais compreendem:
Pai-nosso;
bênção das mães com crianças ao colo; bên-ção aos pais, padrinhos e fiéis;
despedida.
32. Regras práticas
a) As mães procurem, em casa, alimentar bem as crianças, a fim de que não fiquem cho-rando na hora da celebração;
b) se a criança estranhar no colo da madri-nha, a mãe pode segurá-la;
c) preocupem-se mais com o sacramento do que com o fotógrafo (que às vezes pode atrapa-lhar);
d) dêem atenção ao que se está celebrando, e não fiquem comentando se a criança chorou ou não na hora do batismo. Participem ativamente;
e) procurem conhecer bem a celebração do batismo;
f) colaborem a fim de não tumultuar a cele-bração;
g) procurem entender os gestos e símbolos usados – água, óleo, vela acesa, veste branca –, lendo e estudando as explicações que apresen-tamos;
h) preparem-se com orações e peçam a luz de Deus: o batismo não pode ser uma bela sur-presa: a gente tem que estar preparada;
i) expliquem aos filhos maiorzinhos o que vai acontecer com o irmão (irmã) mais novo. E mostrem que eles também, um dia, receberam o mesmo sinal do amor de Deus.
33. Um lembrete às mães
É maravilhoso ver, na hora da bênção, as mães com os filhos ao colo. Deus lhes devolve as crianças como filhos bem-amados. Enquanto houver, no mundo, mães que carreguem ao colo o fruto do seu amor, é sinal de que Deus conti-nua presente entre nós. As mães devem se orgu-lhar de carregar seus filhos e os filhos queridos do Pai.
Para refletir
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Qual é o momento mais importante do ba-tismo?
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O que os pais devem fazer quando um de seus filhos vai ser batizado?
34. O sacramento do ingresso
O batismo é o primeiro dos sacramentos da iniciação cristã. É como que a porta de entrada para a vida na Igreja e para a vida com Deus. Ninguém pode receber qualquer outro sacra-mento sem antes ser batizado. Todo sacramento parte de Deus, pois a iniciativa do amor vem dele. E o homem responde, aceitando e assu-mindo tudo o que o sacramento significa e pede. A fé é um aspecto importante para que possa-mos nos comprometer. O batismo é sacramento de fé.
Além disso, é sacramento de missão. Não basta ser batizado. O batismo não é o fim do caminho, mas o início de uma missão: ser pro-feta. O que é ser profeta? É claro que não é pre-ver o futuro, mas anunciar algo que se faz pre-sente e vivo no meio de nós: Deus! O batizado é um profeta:
a) anunciando o amor do Pai que nos criou; que está presente em nós e na Igreja;
b) denunciando todo tipo de injustiça, opres-são, maldade, egoísmo, violência e desrespeito à dignidade do homem. Olhe ao seu redor e veja quanta injustiça existe: na exploração das pes-soas, no abuso do poder, na manipulação da verdade, na violação da verdade, na violação dos direitos humanos e da liberdade, na arbitra-riedade dos poderosos etc.;
c) celebrando um novo modo de entender Deus e de olhar as pessoas. Não basta a gente “botar a boca no mundo” (Puebla, 630). É ne-cessário fazer alguma coisa de bom.
Precisamos pensar diferente e melhor; buscar novos caminhos para a promoção do ser huma-no. Não é verdadeiro cristão aquele que fica contemplando a felicidade de ser filho de Deus, sem se preocupar em tornar melhor o mundo, a fim de que Deus não seja expulso do meio de nós. Anúncio-denúncia-celebração: três aspec-tos da única missão do batizado.
Aquele que recebeu o sacramento deve tor-nar-se, ele também, sacramento-sinal de Deus, onde quer que esteja.
35. O batismo no Espírito
João Batista dizia: “Eu vos batizo com água, mas vem, aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de desamarrar-lhe as sandá-lias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Lc 3,16). No batismo, o Espírito é mais importante do que todo o resto: água, óleo, vela acesa, veste branca etc. Nós fomos batiza-dos com o mesmo batismo de Jesus. E recebe-mos o mesmo Espírito. O batizado está revesti-do de Cristo ( Gálatas 3,27). E uma vez revesti-dos de Cristo, temos, como ele, a mesma missão (leia de novo o texto de Lucas 4,18-19).
36. Um Povo sacerdotal
Jesus recebeu a missão de ser
- profeta, anunciando o Reino de Deus;
- sacerdote, entregando-se a si próprio pela salvação do mundo,
- pastor, reunindo todas as pessoas na mes-ma fé.
Pelo batismo, todos participamos da mesma missão de Jesus: fomos feitos um povo sacerdo-tal, como nos diz são Pedro (leia lPedro 2,8-9). Onde se concretiza sua missão sacerdotal? Na participação litúrgica, na vida em família, no serviço à Igreja, povo de Deus (Puebla, 618 e seguintes).
O batizado participa da missão de Jesus-profeta, sacerdote e pastor, pois toda vez que promove a justiça e o bem comum (Puebla, 631), faz o que o Cristo deseja fazer, hoje. Cris-to e cristão, unidos nos mesmos objetivos, na mesma missão, iluminados e guiados pelo mesmo Espírito.
Esta é a tarefa que Deus destinou ao homem batizado, “seu filho querido”, para que o mundo seja melhor. Tarefa que todos nós devemos cumprir.
Para refletir:
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Tente relembrar tudo o que dissemos a res-peito do batismo. Você entendeu o que signi-fica ser batizado?
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Você é capaz de viver melhor o batismo que recebeu?
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CONFIRMAÇÃO
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CONFIRMAÇÃO
Iniciemos nossas reflexões sobre a confirma-ção (ou crisma). Desde já, vamos fazer uma dis-tinção: o crisma (masculino) é o óleo que o bis-po consagra (abençoa) na quinta-feira santa. É o óleo com o qual são ungidos os que são crisma-dos (confirmados). A crisma (feminino) é o mesmo que confirmação.
1. O que é confirmação?
Muitos pensam que a confirmação seja um simples “assumir conscientemente o batismo”. Essa afirmação não é verdadeira. Se fosse sim-plesmente assumir o compromisso batismal, não seria sacramento. Existe algo de mais profundo nela. E é esse algo mais profundo que a torna sacramento (sinal de salvação).
A confirmação completa a obra iniciada no batismo. Batismo, confirmação e eucaristia são chamados, ‘sacramentos da iniciação cristã”, pois introduzem a pessoa numa vida nova (filho de Deus), com tarefas dentro da Igreja (teste-munho de vida), levando-a à perfeita sintonia (comum-união) com Deus e com a comunidade-Igreja, Povo de Deus, no Espírito Santo.
Todo sacramento é um sinal que recorda um acontecimento de Cristo-Salvador. A CON-FIRMAÇÃO É O SACRAMENTO QUE TORNA VISÍVEL O DOM DO ESPÍRITO. Nela, o Espírito Santo é comunicado ao fiel, como DOM (presente) DIVINO para o cresci-mento espiritual do homem. Com isso, toda a Igreja cresce e se santifica, tornando-se lugar da presença e da ação do Espírito.
“Pelo sacramento da confirmação, aqueles que renasceram do batismo recebem O DOM DO ESPÍRITO SANTO, são enriquecidos por ele com uma força especial (Vat. II, Lumen Gentium, 11) e, marcados por esse sacramento, ficam mais perfeitamente unidos à Igreja e mais estreitamente obrigados a espalhar e defender a fé por palavras e atos, como verdadeiras teste-munhas de Cristo” (Vat. II, Ad Gentes, 11).
A confirmação é, também, o sacramento da comunhão com toda a Igreja, corpo de Cristo. Antigamente se dizia que o confirmado se tor-nava “soldado de Cristo”. O exemplo ainda é válido, acrescentando-se a isso o DOM DO ES-PÍRITO que aí recebemos.
2. O sacramento da maturidade espiritual
Quais as características de uma pessoa ma-dura? Decisão, responsabilidade e compromis-so. O confirmado deve ser alguém que amadu-receu espiritualmente; é aquele que deixa agir o Espírito que está dentro dele. O compromisso será o gesto concreto de seu amadurecimento espiritual.
3. O catecismo de são Cirilo de Jerusalém
Assim dizia ele a seus fiéis: “Batizados em Cristo e revestidos dele, vocês se tornaram co-mo o Filho de Deus. De fato, Deus, que os pre-destinou a serem seus filhos, criou-os semelhan-tes ao corpo de glória de Cristo . . . Com todo o direito, vocês são chamados ‘cristos’. Ora, vo-cês foram feitos ‘cristos’ quando receberam o sacramento do Espírito Santo. E tudo isto foi realizado simbolicamente, porque vocês são imagens do Cristo que, após se ter banhado no Jordão . . . saiu do Jordão enquanto o Espírito Santo descia sobre ele. . . Também vocês, quan-do foram batizados, receberam a unção, sinal daquela com que Cristo foi ungido. Em outras palavras, vocês receberam o Espírito Santo que ungiu o Senhor”.
Para refletir:
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O que é a confirmação?
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O que é que a torna sacramento, e não um simples “assumir os compromissos do batis-mo?“
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O que é maturidade espiritual?
4 . Instituição da confirmação
A confirmação é o sacramento do Espírito Santo como DOM DE DEUS (veja o ponto l). Jesus foi ungido pelo Espírito após ter sido ba-tizado no Jordão (leia Mateus 3,l6; Lucas 4,18). O Espírito Santo é o presente gratuito que Jesus prometeu aos apóstolos e à Igreja: “O Consola-dor, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, é que vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse” (Jo 14,26).
O Espírito Santo foi enviado depois que Je-
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sus subiu ao céu: “É melhor para vós que eu parta, pois, se eu não for, o Consolador não virá a vós. Quando eu for, eu o enviarei a vós” (Jo 16,7).
Depois da ascensão de Cristo, o Espírito desceu sobre os apóstolos, reunidos em Jerusa-lém (leia Atos dos Apóstolos 2, 1-l l). O Espíri-to é, portanto, um presente que o Pai faz, a pe-dido de Jesus: “Eu pedirei ao Pai e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre” (Jo 14,16 ) .
A confirmação, como DOM DO ESPÍRITO, nos vem de Deus. O Espírito vem a nós como DOM. Depois que se realizaram as promessas de Jesus, no Pentecostes (vinda do Espírito), os apóstolos assumiram como própria a missão do Cristo (leia Lucas 4,18-19). E eles, por meio do gesto de colocar as mãos sobre a cabeça de al-guém (imposição das mãos), comunicavam o Espírito Santo. “Pedro e João desceram para junto dos samaritanos e oravam por eles, a fim de que recebessem o Espírito Santo. Porque a-inda não viera sobre nenhum deles, mas somen-te tinham sido batizados em nome do Senhor Jesus. Colocavam sobre eles as mãos, e eles re-cebiam o Espírito Santo” (At 8, 15-17).
Outro texto da Bíblia nos mostra os apósto-los colocando as mãos sobre os fiéis e estes re-cebem o DOM DO ESPÍRITO : “Paulo chegou a Éfeso. Ali encontrou alguns discípulos e lhes disse: ‘Recebestes o Espírito Santo quando a-braçastes a fé?’ Eles responderam: ‘Nem ouvi-mos dizer que há um Espírito Santo’. E ele: ‘Em que batismo fostes batizados?’ Responderam: ‘Com o batismo de João’. Paulo, então, disse: ‘João batizou com um batismo de penitência, dizendo ao povo que cresse naquele que viria após ele, ou seja, Jesus’. Tendo ouvido isto, re-ceberam o batismo em nome de Jesus. E quando Paulo lhes impôs as mãos, o Espírito Santo veio sobre eles” (At 19,1-6).
A Carta aos hebreus também fala da imposi-ção das mãos: “Deixando de lado o ensinamen-to elementar a respeito de Cristo, elevemo-nos a uma perfeição adulta, sem ter que voltar aos ar-tigos fundamentais: a doutrina sobre os batis-mos, a imposição das mãos, a ressurreição dos mortos e o julgamento eterno. É isto que fare-mos, se a tanto Deus nos ajudar” (Hb 6,1-3).
Resumindo, podemos dizer: O Espírito Santo é o DOM DO PAI, enviado a pedido de Jesus. E os apóstolos continuam a missão de Cristo, que prometeu estar com eles “até o fim dos séculos” (Mt 28,20).
5. O ministro da confirmação
Quem pode administrar o sacramento da confirmação? O ministro ordinário é o bispo. Se ele quiser, pode permitir (delegar) que o padre administre esse sacramento.
6. Fórmula
A fórmula da confirmação é acompanhada com o gesto da imposição das mãos e com a unção com o crisma. As palavras que o bispo diz (fórmula) na hora do Sacramento da confir-mação são estas: “RECEBE, POR ESTE SI-NAL, O DOM DO ESPÍRITO SANTO” .
Para refletir:
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Leia todas as passagens bíblicas citadas aci-ma, a fim de que você possa entender melhor a confirmação como sacramento no qual re-cebemos o Espírito Santo como DOM.
7 . Preparação para a confirmação
É uma pena que em alguns lugares não se fa-ça uma preparação para se receber a confirma-ção. As únicas providências tomadas são o pre-enchimento de fichas e a escolha de um padri-nho. A Igreja insiste que é necessário um curso preparatório. A confirmação é o sacramento da maturidade espiritual do homem. Por isso, é preciso que ele esteja consciente daquilo que vai receber e disposto a se comprometer.
A preparação tem que atingir, além daquele que vai ser confirmado, o padrinho, a família do candidato e a própria comunidade. Todo sacra-mento traz sempre conseqüências e obrigações comunitárias. Toda a comunidade, portanto, deve se preparar quando algum dos seus mem-bros receber a Confirmação.
Em nossos dias há um pluralismo religioso muito forte. Basta que você pegue a sua cidade como exemplo: veja quantas religiões aí exis-tem. A confirmação quer ser, então, aquela o-
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casião especial para que a pessoa corresponda à graça de Deus e faça uma escolha consciente e livre. Mas para isso é necessário responsabili-dade.
Aquele que faz o curso para a confirmação está se preparando para seu ingresso no mistério de Cristo, ou seja: Em Cristo cumpriu-se toda a vontade do Pai celeste; aquele que recebe o Es-pírito Santo como DOM também vai assumindo o compromisso de fazer a vontade de Deus até as últimas conseqüências, como Cristo. O Espí-rito se manifesta nas pessoas que formam co-munidade. O DOM DO ESPÍRITO, que o con-firmando recebe, deve se manifestar em gestos concretos na comunidade-Igreja.
Muitas Dioceses possuem o próprio curso para a confirmação. É preciso conhecê-lo, es-tudá-lo e praticar o que ele ensina.
8 . Deveres dos pais e padrinhos
Os pais foram os primeiros a iniciar o filho no caminho de Deus. Certamente foram eles que o incentivaram para que recebesse a con-firmação. Mas nem sempre é assim; em alguns casos, os pais não são um exemplo de maturi-dade espiritual. Pode ser por causa da ignorân-cia religiosa : “Nem sabíamos que existe um tal de Espírito Santo” (At 19,2), mas pode também ser fruto do desinteresse pela religião. Os pais são a primeira aula de catecismo e o primeiro lugar de onde o Espírito quer se manifestar. Sendo a confirmação o sacramento da maturi-dade espiritual, a grande decisão fica por conta do candidato. Em vez de obrigá-lo, é bom ex-plicar os motivos pelos quais devemos ser con-firmados.
Qual o papel do padrinho na confirmação? O confirmando é alguém que sabe o que faz. É maduro espiritualmente. O padrinho da confir-mação não tem uma obrigação tão forte como os padrinhos do batismo. O padrinho da confir-mação exerce o papel de testemunha religiosa. É aquele que apresenta o candidato à comuni-dade, ao bispo e à Igreja, garantindo que o con-firmando e capaz de assumir a vida no Espírito Santo.
9 . Idade para a confirmação
Não existe uma idade fixa para se receber a confirmação. O que se exige do candidato é ma-turidade espiritual, isto é, a capacidade de dei-xar o Espírito Santo agir dentro e fora dele. É um tanto difícil que haja maturidade espiritual, por exemplo, aos doze anos. Não nos devemos preocupar com a idade que o candidato tem. O que se exige dele é que esteja habilitado a viver para Deus, no Espírito.
Para refletir:
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Por que é necessário preparar-se para a con-firmação?
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Qual é a função do padrinho de crisma?
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Qual a idade para que alguém possa ser cris-mado?
1O. A imposição das mãos no Antigo Testa-mento
O bispo confirma o candidato, colocando-lhe as mãos sobre a cabeça. Isso se chama IMPO-SIÇÃO DAS MÃOS. Em seguida, unge-lhe a testa com óleo, dizendo as palavras da confir-mação (veja a Fórmula da confirmação). Qual o significado de impor as mãos sobre alguém?
Impor as mãos é um gesto simbólico. Com isso se quer transmitir alguma coisa que se pos-sui, ou alguma coisa que se é. Jacó impõe as mãos sobre seus netos, os filhos de José, para abençoá-los (leia Gênesis 48,14-15). Deus pede que Moisés imponha as mãos sobre Josué (leia Números 27,18-23). Com esse gesto, Moisés transferia para Josué a responsabilidade que possuía: de agora em diante, ele ocupará o lugar de Moisés na chefia do povo hebreu. “E Josué, filho de Nun, estava cheio de sabedoria, porque Moisés havia colocado suas mãos sobre a cabe-ça dele” (Dt 34,9). Moisés transferiu a Josué o que era (líder do povo) e o que possuía (sabedo-ria e capacidade de liderar).
Os filhos de Israel tinham a obrigação de o-ferecer animais em sacrifício a Deus. O sacer-dote, ao receber o animal para o sacrifício, co-locava-lhe as mãos sobre a cabeça. Com esse gesto ele queria identificar a vítima com aquele que a oferecia, ou seja: o animal e o dono for-mavam uma só coisa, um só sacrifício para Deus (leia Levítico 16,20-22).
A imposição das mãos, no Antigo Testamen-to, além de bênção, podia também ser sinal de maldição: “Leva o blasfemador para fora do a-campamento, e os que ouviram a blasfêmia im-ponham-lhe as mãos sobre a cabeça, e toda a comunidade o apedreje” (24,14). A imposição das mãos era o sinal com o qual os levitas eram consagrados ao serviço do Senhor, no Templo: “quando os levitas estiverem diante do Senhor, os filhos de Israel imporão as mãos sobre eles” (Nm 8,5-12).
11 . A imposição das mãos no Novo Testa-mento
Jesus impõe as mãos para curar e abençoar: “Minha filha acaba de morrer. Mas vem, impõe-lhe a mão e ela viverá” (Mt 9,18). “Foram trazi-das crianças para que lhes impusesse as mãos e fizesse uma oração” (Mt 19,13; leia também Marcos 6,5;8,23;10,16; Lucas 4,40;13,13).
Com o gesto da imposição das mãos se transmite o Espírito Santo (Atos 8,17 -19 ; reve-ja o que foi dito na instituição da confirmação). Ananias, impondo as mãos sobre Saulo conver-tido, restitui-lhe a visão e lhe comunica o Espí-rito Santo : “Ananias partiu, entrou na casa, im-pôs as mãos em Saulo e lhe disse: ‘Saulo, meu irmão, quem me envia é o Senhor, esse Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas, a fim de que recuperes a vista e fiques repleto do Espírito Santo” (Atos dos Apóstolos 9,17).
12 . A imposição das mãos e a confirmação
A confirmação é o sacramento do Espírito Santo como DOM. A imposição das mãos não é um gesto mágico, um abracadabra. É um gesto simbólico, mediante o qual se quer comunicar o Espírito Santo ao fiel que está sendo confirma-do. A Igreja usa esse gesto porque ele tem um significado muito bonito ao longo da história do povo de Israel, nas ações de Jesus e na vida da Igreja. Não é um gesto “que obriga o Espírito a descer”, pois ele sopra onde quer (Jo 3,8).
A imposição das mãos tem características de oração e de invocação do Espírito Santo sobre alguém. É por isso que se impõe as mãos na confirmação.
Para refletir:
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Qual o significado da imposição das mãos?
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O que se quer transmitir com esse gesto?
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A imposição das mãos obriga o Espírito a descer sobre o confirmado?
13. O crisma
O crisma é o óleo que o bispo consagra na manhã da quinta-feira santa. O óleo (ou azeite) teve um papel e um significado muito importan-tes na história do povo de Israel (veja o que se falou do óleo, no batismo). Os antigos atribuíam ao azeite um poder quase milagroso. Era, sobre-tudo, um sinal de consagração, de escolha. Moisés unge com óleo a Aarão e seus filhos, nomeando-os sacerdotes delegados do culto (leia Êxodo 28,41;29,7;30,30;40,12-16). A un-ção com óleo é o gesto pelo qual Deus comuni-ca seu espírito e seu poder. Assim como Aarão foi ungido para ser sacerdote, Saul é ungido o primeiro rei de Israel (leia 1 Samuel 9,26-27). Davi é ungido para substituir a Saul ( leia 1 Samuel 16,1 -141. Isaías é ungido profeta do Senhor (leia Isaías 61,1).
14. Jesus, o Cristo, é o Ungido do Pai 17
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A palavra CRISTO é tradução de MESSIAS. Ambas significam: O Ungido. Na sinagoga de Nazaré, Jesus se proclama o Ungido do Pai, a-través do Espírito Santo: “O Espírito do Senhor está sobre mim porque ele me ungiu” ( Lc 4,18). Cristo assume sua missão de profeta, sacerdote e rei (= pastor). Ele é profeta: . . . Jesus come-çou a pregar e a dizer: “Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu” (Mt 4,17). Ele é o único sacerdote do Pai (leia Hebreus 3,1-5,101. Ele é Rei (leia João 19,19) e pastor (leia João 10, 1-18).
15 . O confirmado é ungido para a mesma missão de Cristo
A pessoa que recebe a confirmação participa da mesma e única missão de Cristo. Ele também é “ungido” (= tornar-se como Cristo-Messias), a fim de cumprir a tríplice missão de Cristo: pro-feta, sacerdote e rei (pastor). “O batismo e a confirmação incorporam o homem a Cristo e o fazem membro da Igreja. Por isso ele participa, a seu modo, da missão sacerdotal, profética e real de Cristo” (Vat. II, Lumem Gentium, 4; cf. Puebla, n. 627).
Selado com o Espírito Santo (leia Efésios 1,13), o confirmado olha o mundo como um grande campo de evangelização (Paulo VI, Ev. Nuntiandi, 73). Pelo testemunho de sua vida, por sua palavra oportuna e por sua ação concre-ta, ele tem a responsabilidade de orientar as rea-lidades que o cercam e colocá-las a serviço do Reino de Deus (Puebla, n. 629).
A missão do confirmado – filho de Deus e herdeiro do Reino (leia Gálatas 4,4-7) – começa na família para se estender a toda sociedade. Não é permitido desprezar a herança recebida, ou seja, o Reino de Deus. O confirmado é al-guém que deve assumir pra valer o compromis-so na promoção da justiça e do bem comum. Não basta só apontar as injustiças; é preciso mostrar a justiça e promovê-la, com Jesus (Pu-ebla, n. 631).
O Documento de Puebla diz que a atividade do cristão ( = ungido) é uma atividade política que compreende o gesto de votar, exercer car-gos políticos, na busca de promover o bem co-mum, a defesa da dignidade do homem e de seus direitos, a proteção dos mais fracos e ne-cessitados, a construção da paz, da liberdade, da justiça, a criação de estruturas sempre mais jus-tas e fraternas (Puebla, n. 630).
Para refletir:
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Como deve agir um confirmado, dentro de sua comunidade?
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Qual é sua missão, hoje ?
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Você conhece alguém que assume, pra valer, a unção que recebeu?
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Por que muita gente não testemunha a con-firmação recebida?
16. A vida no Espírito
É por meio do Espírito que podemos chamar carinhosamente a Deus de Pai (leia Gálatas 4,4-7). São Paulo diz que é pelo Espírito que che-gamos a reconhecer Jesus como o Filho de Deus, o Senhor, morto e ressuscitado (leia 1 Coríntios 12,3).
A vida do cristão é uma vida que se deixa conduzir pelo Espírito, frutificando em toda es-pécie de boas obras (leia Romanos 8,1-13). Nin-guém deve abafar a voz do Espírito. Toda boa ação é fruto da inspiração divina: “0 fruto do Espírito é amor, alegria, paz, perdão, paciên-cia... .” (leia Gálatas 5,22-23).
17. Os dons do Espírito
Vimos que, na confirmação, recebemos o Espírito Santo como DOM (presente) de Deus. Ele, porém, não é um dom passivo, pelo contrá-rio, faz com que de dentro da pessoa brotem frutos, obras e ações que testemunham a pre-sença de sua ação. Damos o nome de dons do Espírito Santo àquelas ações boas que fazemos sob a inspiração dele.
Nós aprendemos que os dons do Espírito Santo são sete. Mas este número tem um signi-ficado especial: significa plenitude, totalidade.
Os sete dons (como os sete sacramentos) pretendem resumir toda a ação do Espírito San-to nas pessoas. Os dons do Espírito são:
a) Sabedoria: não e a sabedoria que a gente aprende nos livros, escolas e cursos (embora a inteligência seja um dom de Deus). A verdadei-ra sabedoria é o conhecimento de Deus. Sábio segundo o Espírito é aquele que conhece o amor de Deus e experimenta sua bondade, praticando a justiça. O verdadeiro sábio é justo.
b) Entendimento: é o dom que as pessoas re-cebem para descobrir a vontade de Deus nas coisas grandes ou pequenas da vida.
c) Ciência: é o dom de distinguirmos o bem do mal. É ter o conhecimento da salvação que Deus nos oferece, dia-a-dia, em Jesus Cristo e no Espírito Santo.
d) Conselho: é o dom de orientar e ajudar quem precisa; é o dom de dialogar fraternal-mente, em família e comunidade, a fim de en-contrar soluções melhores; é o dom de animar os desanimados; é o dom do otimismo da vida.
e) Fortaleza: é o dom de enfrentar as dificul-dades , de vencer as tentações, de não desani-mar. É o dom de assumir com alegria os deveres de pai, de animador da comunidade etc.
f) Piedade: é a mesma coisa que misericór-dia, ou seja, entregar o coração a Deus e aos outros que precisam da gente. É a imitação de Cristo, manso e humilde de coração .
g) Temor de Deus: não é ter medo de Deus; não é considerá-lo um castigador. É o respeito que devemos ter para com ele. É ter a humilda-de de saber que nunca o amaremos como mere-ce.
18. O grande e maior dom
O Espírito penetra toda a vida e ação do con-firmado. Os sete dons querem ser o resumo de toda a atividade do Espírito em nós. Mas existe um GRANDE DOM, que dá sentido a todos os demais: É o AMOR. Este é o maior presente do Espírito. Sem ele, nossa vida não tem sentido. O amor (ou caridade) e a primeira ação de Deus: ele criou o mundo por amor , e a última: em Je-sus, salvou e continua salvando os homens, até o fim. Leia todo o capítulo 13 da primeira Car-ta aos coríntios. Todos os dons que o Espírito Santo concede têm valor à medida que são fei-tos por amor e no amor.
Para refletir:
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Qual é o maior dom do Espírito?
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Porque? 19
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Na sua família ou comunidade existem pes-soas que manifestam os dons do Espírito Santo?
19 . O confirmado fala uma nova linguagem
O Espírito está presente no confirmado, co-mo esteve presente no Pentecostes em Jerusa-lém (leia Atos 2,1-1). Como no cenáculo, tam-bém hoje o Espírito move o confirmado a falar uma nova linguagem, compreensível a todos: a linguagem do amor, o maior dom do Espírito Santo.
O maior dom recebido tem que ser partilha-do, repartido , tornado vida. O confirmado é al-guém que recebeu uma missão apostólica, um apostolado. Ao cumprir sua missão, ele deverá falar sempre a “nova linguagem”, que o Espírito lhe ensinou: a linguagem do amor.
Como e onde deve o confirmado exercer sua missão? Em primeiro lugar, em união com toda a Igreja universal e local, cujo representante e pastor é o bispo que o confirma. O confirmado deve amar a Igreja como Cristo a amou (leia Efésios 5,25).
A confirmação é o sacramento que capacita o cristão a exercer serviços dentro da Igreja. Es-ses serviços são chamados Ministérios. Como o padre, pelo sacramento da ordem, está capacita-do para cumprir os seus deveres sacerdotais, também o cristão leigo, pela confirmação, está
apto a assumir suas obrigações para com a Igre-ja. E deve sentir-se comprometido com ela.
São muitas as tarefas do confirmado: desde o zelo pelo local onde a comunidade se reúne, até o serviço da Palavra de Deus (ministro da Pala-vra), o serviço da eucaristia (ministro extraordi-nário da eucaristia), a catequese, o atendimento aos doentes, migrantes e necessitados, a anima-ção do culto etc. O leigo-confirmado faz essas coisas não porque faltem padres, mas porque são tarefas próprias do leigo. E ele deve cumpri-las em sintonia com o vigário e bispo locais.
A Igreja da América Latina fez sua opção preferencial pelos pobres. A nova linguagem do confirmado - a linguagem do amor - deve levar em conta essa opção e decidir-se, também ele, pela defesa dos mais fracos e dos pobres.
20 . O sacramento que santifica e une a Igre-ja
A confirmação é o sacramento que santifica a Igreja e seus fiéis, pois o Espírito de Cristo, que neles atua, os leva constantemente ao Pai: “Por meio de Cristo, num só Espírito, temos to-dos acesso junto ao Pai” ( Ef 2,18). É dever do confirmado buscar a santidade pessoal e comu-nitária para que a Igreja, à qual ele pertence como “ungido” (missionário e apóstolo), seja cada vez mais um corpo santo e sadio: “O cor-po, é um e, mesmo assim, tem muitos membros, mas todos os membros do corpo, apesar de se-rem muitos, formam um só corpo. Pois fomos todos batizados num só Espírito para sermos um só corpo” (1 Cor 12, 12-13).
21 . Comunhão e participação
A confirmação é o sacramento da comum-união (comunhão) com toda a Igreja. Todos respiramos o mesmo Espírito. A missão do con-firmado - falar a linguagem do amor - permane-cerá para sempre. E será uma contínua tarefa de construir a unidade na fraternidade , a comu-nhão-participação, como nos diz o Documento de Puebla.
Para refletir:
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Como é que podemos falar a nova linguagem do amor dentro de casa?
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E na comunidade?
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Quais as tarefas que os leigos realizam em nossa comunidade?
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Existem outras que poderiam ser assumidas?
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Como nossa comunidade está fazendo sua opção em favor dos pobres?
22. Armado para vencer
O confirmado é alguém que se treinou para a missão. Seu treinamento foi ouvir a voz do Es-pírito e engajar-se na comunidade-Igreja, falan-do a linguagem do amor. Você sabe muito bem que ninguém se arma para perder. Pela confir-mação você foi armado para vencer no Espírito e por ele.
O Espírito é aquele que nos faz vencer pela fé no Cristo ressuscitado. “Disse Jesus: ‘Se al-guém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu seio jor-rarão rios de água viva’. Ele falava do Espírito que. deviam receber os que nele cressem ; pois não havia ainda Espírito, porque Jesus não fora ainda glorificado” (Jo 7,37-39). Por isso é que o Espírito Santo é chamado de O ENVIADO.
O Espírito é o DOM DE DEUS enviado aos homens. É ele quem nos ensina a caminhar nas pegadas de Jesus. É o presente de Deus para a história dos homens. E Deus quer fazer de nossa história, de nossa vida, uma história de salva-ção. É muito importante esse aspecto: nós ca-
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minhamos para a salvação, movidos pelo Espí-rito de Jesus, presente em nossa história, na I-greja, na comunidade, na família e no íntimo de cada pessoa.
O tempo que vivemos é o tempo do Espírito Santo que sopra onde quer. Quem deseja ser vencedor deve estar pronto a ouvir e a praticar o que ele diz. É ele quem continua reunindo as pessoas em nome do Pai e do Filho. Ele conti-nua unindo e reunindo sua Igreja, até que pos-samos, com ele, dizer a Jesus, o Senhor: “VEM” (leia Apocalipse 22,17). E o Senhor diz: “SIM, venho muito em breve” (Ap 22,20).
23 . A celebração da confirmação
A confirmação é celebrada dentro da missa. É bom que toda a comunidade participe da ce-lebração. Após a leitura do evangelho, o bispo dirige a palavra aos confirmandos, explicando-lhes brevemente o que irão receber. Em segui-da, os confirmandos renovam as promessas ba-tismais, como o tinham feito seus padrinhos, no batismo. Renunciam ao pecado e professam a fé em Deus. Vem, a seguir, a imposição das mãos (releia o que dissemos a esse respeito). Há uma oração antes e uma depois da imposição das mãos. Feita a imposição, cada confirmando se aproxima, com seu padrinho, do bispo. O padri-nho apresenta, em nome da Igreja, o candidato à confirmação. O bispo põe a mão direita sobre o ombro do confirmando, em sinal de aceitação e de acolhida. Em seguida, o bispo unge com óleo (veja o significado do óleo no n. 13) a testa do confirmando, dizendo a fórmula.
O confirmado responde amém, querendo di-zer: isto é verdade que eu vou aceitar e defender sempre. Depois disso, o bispo abraça o confir-mando, desejando-lhe a paz, como Jesus a dese-jou aos apóstolos (leia João 20,19). A missa prossegue com a oração dos fiéis, onde se pede especialmente pelos confirmados, a fim de que sejam obedientes à voz do Espírito Santo.
24. Conclusão
Acabamos de apresentar alguns elementos (não todos! ) para conhecer um pouco o que se-ja o sacra. mento da confirmação. Seria bom que você tentasse responder às seguintes ques-tões :
O que é, para você, a confirmação?
Qual o papel do Espírito Santo na vida da I-greja e na vida dos fiéis ?
Qual o significado do óleo e da imposição das mãos?
O que fazer para assumir, no dia-a-dia, a confirmação que recebemos ?
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EUCARISTIA
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EUCARISTIA
Junto com o batismo e a confirmação, a eu-caristia faz parte dos sacramentos da iniciação cristã. o batismo é o sacramento da filiação di-vina e do ingresso no povo de Deus. A confir-mação é o sacramento do Espírito Santo como DOM. A eucaristia é o alimento do povo que caminha sob as luzes do Espírito. Ao falarmos deste sacramento, queremos olhá-lo sempre dentro da celebração eucarística ( = missa). E pretendemos apresentá-lo sempre como a atua-lização da morte-ressurreição-glorificação de Jesus, até que ele venha. A eucaristia é, pois, Deus alimentando seu povo que caminha para a ressurreição final.
1 . A Igreja
A palavra Igreja significa ASSEMBLÉIA. O que e uma assembléia? É uma reunião de pesso-as convocadas por uma autoridade, animador ou líder. Assim são as assembléias dos operários, metalúrgicos, ou associados de uma cooperati-va. A Igreja é uma assembléia diferente. A fina-lidade pela qual as pessoas aí se reúnem não é discutir política ou economia (embora às vezes seja necessário). A Igreja é uma assembléia de batizados. Quem convoca a reunião é sempre Deus, através de sua Palavra. A finalidade da assembléia é: ouvir o que Deus quer, celebrar o que ele é e viver sua vida entre nós.
Se você pegar a Bíblia, encontrará muitas passagens onde Deus reúne seu povo para ouvir sua Palavra e fazer aliança com ele. Leia, por exemplo, no Antigo Testamento: Josué 24,-24; Neemias 8,1-3.9-12 (estes trechos são importan-tes!). No Novo Testamento, leia Atos dos Após-tolos 2,42-47, l Coríntios ll,17-19. Deus reúne o povo em assembléia (comunidade), a fim de comunicar algo importante. Ele reúne para ce-lebrar o AMOR, a eucaristia (leia l Coríntios l l,20-29). O Espírito, que recebemos na confir-mação, nos une. Exemplo: para fazer uma sala-da de frutas, você precisa de maçã, pera etc. Cortadas e juntas, formam a salada. Cada fruta empresta seu gosto. Cada uma deixa de ser só o que é e passa a ser salada de frutas. Isso serve para compreendermos o que o Espírito faz co-nosco. Ele nos reúne e une na Palavra de Deus. Só assim: batizados, reunidos e unidos é que formamos IGREJA. Só assim podemos celebrar a eucaristia, a Nova Aliança, selada no Corpo e no Sangue de Cristo. Em outras palavras, a as-sembléia cristã é uma família onde Deus é o Pai e nós somos irmãos.
2 . As falsas assembléias
Para haver verdadeira assembléia eucarística é necessário ter consciência de que é Deus quem nos reúne com sua Palavra. Ele nos une na eucaristia. Quem, pois, vai à missa ou ao cul-to por tradição, por costume, por obrigação so-cial (fica feio se eu não for), não forma verda-deira comunidade cristã, não entende o que é eucaristia. Quem vai à missa simplesmente por-que acha que é obrigação (existe um manda-mento da Igreja), corre o risco de não formar Igreja com o povo que lá está. Quem vai à mis-sa para assistir (como se vai ao cinema, ao jogo de futebol etc.), não forma assembléia cristã.
Veja o testemunho dos primeiros cristãos, que eram perseguidos porque iam à missa (ano 303). Diziam aos perseguidores: “Não podemos deixar de participar da assembléia do Senhor. Não podemos existir sem ela. O domingo não pode ser celebrado sem a assembléia do Se-nhor”. E por causa disso eles morreram.
Para refletir
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Sua comunidade é uma verdadeira assem-bléia do Senhor?
•
Por que você vai à missa, ao culto?
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Quando você perde a missa, costuma se sen-tir chateado?
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Você acha que pode existir sem ela?
3. A refeição
A refeição sempre foi um momento impor-tante na vida da família. Comer juntos significa repartir os dons, as alegrias e os sofrimentos. É uma ocasião de encontro entre amigos. Convi-dar alguém para almoçar ou jantar com a gente é sinal de hospitalidade e de amizade : o ali-mento, tomado em comum, quer mostrar uma
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realidade maior: o amor que une as pessoas. Je-sus instituiu a eucaristia dentro de uma refeição: a ceia ou janta (leia Mateus 26,20-29; Marcos 14,22-25; Lucas 22,7-22). Na ceia, ele não só oferece alimento a quem o amava, mas deu-se como comida e bebida sagradas. Jesus compa-rou o Reino de Deus a um banquete (leia Ma-teus 22,1-14).
4 . O significado do pão
O pão é um dos principais alimentos. Dizer que “fulano não tem pão” significa que aquela pessoa não tem comida. Para o povo de Israel, é o alimento mais importante. “Comer pão” signi-fica almoçar ou jantar. Os hebreus, em certas ocasiões, como na Páscoa, comiam pão sem fermento (ázimos). O hebreu oferece pão a Deus, em sinal de agradecimento pelos frutos da terra (leia Levítico 2). Veja o que aconteceu com os pães que um homem ofereceu a Deus por meio do profeta Eliseu (2Reis 4,42-44). Quando o povo de Israel está no deserto, Deus lhe envia o maná caído do céu (leia Êxodo 16,9-27). O profeta Elias, depois de acabar com a idolatria em Israel (leia 1 Reis 18) é persegui-do e foge para o deserto, desanimado. Lá quer morrer, mas Deus o alimenta com um pão mis-terioso (leia 1 Reis 19,1-8) e tem forças para continuar sua missão.
Jesus multiplicou o pão para o povo que ti-nha fome (Mateus 14,13-21;15,32-39; João 6,1-15). Ele ensinou a pedir o pão diário (Mateus 6,11) . E lembrou que nem só de pão vive o homem (Mateus 4,4). Ele se declara o pão do céu (João 6,35). Na instituição da eucaristia Je-sus toma o pão, dá graças e diz: “Isto é o meu Corpo que é dado por vós. Tomai e comei” (Mt 26,26; Mc 14,22; Lc 22,19; l Cor 11,23-24). Depois que Jesus ressuscitou, “partir o pão” si-gnifica celebrar a eucaristia. Ele faz isto com os discípulos de Emaús (leia Lucas 24,30). E os discípulos o reconhecem (na missa, este gesto é repetido quando o padre parte a hóstia consa-grada). Leia também estes textos: Atos 2,42; l Coríntios 10,16.
5 . O significado do vinho
A vinha é a árvore que produz a uva e da uva se faz o vinho. A vinha simboliza o povo de Is-rael. Deus cuida do seu povo com o mesmo ca-rinho com que o agricultor zela por suas vinhas (leia 1 Reis 21,1-16; Isaías 5,1-7; Jeremias 2,21; Ezequiel 19,10-14; Salmo 80 ou 79,9-17). Jesus se apresenta como o Filho do dono da vinha, ou seja, Filho de Deus: (leia Mateus 21,33-46; João 15,1-17). O vinho é sinal de vida e de alegria, sinal da aliança de Deus com os homens (leia Êxodo 29,40). Jesus declara que seu sangue é verdadeira bebida (leia João 6,53-56). Na insti-tuição da eucaristia, Jesus abençoa o vinho, de-clarando-o seu sangue, o sangue da nova e eter-na Aliança (leia Mateus 26,27-29; Marcos 14,24-25; Lucas 22,20; l Coríntios 11,25). O pão e o vinho consagrados são o Corpo e o Sangue de Jesus, entregues por nós.
Com isso você entende porque consagramos pão e vinho na missa. Esses “frutos da terra e do trabalho do homem” têm um significado especi-al na história sagrada. E Jesus aproveitou esses alimentos e deu-lhes um sentido salvador: tor-nou-os seu Corpo e Sangue, vida de todo aquele que caminha nesta terra.
Para refletir:
•
Por que Jesus instituiu a eucaristia durante uma refeição?
•
Qual o significado do pão?
•
Qual o significado do vinho?
•
Por que Jesus escolheu pão e vinho para se-rem seu Corpo e seu Sangue?
6 . A páscoa dos judeus
Na eucaristia, celebramos a páscoa de Jesus, ou seja, sua passagem da morte para a vida, a-través da cruz. A páscoa de Cristo é também a nossa, pois estamos de passagem neste mundo.
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É nossa também porque passamos continua-mente do pecado para a graça, do ódio para o amor. Vamos ver onde começou a páscoa dos judeus.
Páscoa significa PASSAGEM. É a festa mais importante dos judeus. Ainda hoje eles a cele-bram. Começou assim: eles eram pastores e a-gricultores. Como pastores, não tinham morada fixa. Páscoa era a festa comemorativa da passa-gem que faziam de uma pastagem para outra, no início da primavera. E ofereciam a Deus as pri-meiras crias dos animais, para pedir bênçãos e proteção. Era também a festa do agricultor, on-de faziam pão com o primeiro trigo ou a primei-ra cevada que colhiam. E ofereciam a Deus es-ses pães ou feixes de trigo e cevada.
Houve um tempo em que esses pastores e a-gricultores desceram ao Egito para buscar ali-mentos. E começaram a morar no Egito. Vive-ram lá quatrocentos anos. Cresceram em núme-ro. Mas foram feitos escravos. Deus enviou a eles Moisés, a fim de libertá-los da escravidão (leia os primeiros 5 capítulos do Êxodo). O fa-raó que governava o Egito não os deixou partir. Deus envia, então, as pragas ao Egito (leia Êxo-do, capítulo 7 a 11). Enfim, o faraó permite que eles partam . Moisés convida o povo a celebrar a páscoa, ou seja, a passagem da escravidão à liberdade.
7 . Celebração da páscoa
Celebraram assim: comendo um cordeiro (tenha aberta a Bíblia no capítulo 12 do Êxodo). As portas das casas onde estavam reunidos os hebreus deviam estar pintadas com o sangue do cordeiro que haviam matado e estavam comen-do (Êxodo 12,7). O anjo de Deus passaria, na-quela noite, para matar todos os filhos mais ve-lhos dos egípcios e todas as primeiras crias (12,12). O sangue serviria de sinal: Deus não mataria ninguém que estivesse dentro de uma casa cuja porta estivesse manchada de sangue (12,13).
Deviam comer a páscoa assim: amarrados com um cordão, em forma de cinto (para andar mais depressa), sandálias nos pés e um bastão na mão (a caminhada ia ser longa e não podiam machucar os pés e nem se cansar). Deviam co-mer o cordeiro depressa, com pão sem fermen-to, ou seja, ázimo (o fermento era sinal de im-pureza; o pão sem fermento fica duro: era para simbolizar a dureza da vida na escravidão do Egito), acompanhado de ervas amargas (para simbolizar a amargura da vida na escravidão).
Assim fizeram. E Deus cumpriu o que pro-metera. Feriu de morte o Egito e livrou seu po-vo. Eles saíram depressa e atravessaram o mar Vermelho (Êxodo 13,17-14,31).
A páscoa judaica deixou, então, de ser a pas-sagem de um pasto para outro. E passou a ser a passagem da escravidão à liberdade, do Egito para a Terra Prometida. Para comemorar esse fato eles se reuniam todos os anos e repetiam essa refeição, recordando a libertação que Deus havia feito. Este era um pedido de Deus (leia Êxodo 12,14). Hoje em dia os judeus ainda ce-lebram esta festa para reviver a libertação. Je-sus, no seu tempo, também participava, todos os anos, da páscoa dos judeus. E foi na sua última páscoa que ele instituiu a eucaristia.
Quando os judeus se reuniam para celebrar a páscoa, renovavam a Aliança (contrato de a-mor) entre eles e Deus. E o sangue das vítimas sacrificadas era jogado sobre o povo, para selar esta Aliança.
Para refletir:
•
Qual o significado da páscoa para os judeus?
•
O que significa a palavra “páscoa”?
8. A ceia do Senhor
Jesus instituiu a eucaristia dentro da última páscoa judaica da qual participou. A cerimônia da páscoa judaica tinha 4 partes:
a) Bênção da festa e do 1º cálice de vinho; purificação; comer ervas amargas (veja o signi-ficado das ervas amargas no n. 7).
b) Sermão do pai de família, explicando a festa; cantos dos Salmos; 2º cálice de vinho.
c) Purificação; bênção do pão; comer o cor-deiro pascal (veja no n. 7, como deviam comer o cordeiro pascal); 3º cálice de vinho, chamado “o cálice da bênção”.
d) Canto dos Salmos e 4º cálice.
Na ceia que celebrou com seus discípulos, o Senhor conservou algumas coisas da cerimônia judaica, introduziu coisas novas e deu-lhes um
significado redentor. A Ceia do Senhor também tem 4 partes. Começa assim:
a) Um profundo gesto de humildade, amor e serviço: o lavar os pés dos discípulos. Jesus se coloca no lugar dos escravos que lavavam os pés dos seus patrões. Ele, o Mestre, lava os pés dos discípulos em sinal de amor e de serviço. E pede que façam o mesmo, explicando o sentido do seu gesto (leia João 13, 2-15; Lucas 22,24-27).
b) Jesus faz um longo discurso, explicando aos discípulos o que iria acontecer com ele, a-nimando-os a permanecerem firmes e prome-tendo o Espírito (leia os capítulos 14 a 17 de Jo-ão).
c) Depois disso, Jesus pega o pão, abençoa-o como fazia o pai de família judeu, e traz a GRANDE NOVIDADE. Ele diz: “Tomai e co-mei. Isto é o meu Corpo que é dado por vós” (leia Mateus 26,26; Marcos 14,22; Lucas 22,19; lCoríntios 11,24). O pão abençoado e comido não recorda mais a dureza da vida na escravidão do Egito. Ele é o CORPO DE CRISTO, entre-gue por nossa causa e por nossa salvação do pe-cado. Não é mais necessário comer um cordei-ro: nós comemos o Corpo de Jesus, no pão con-sagrado. A seguir, Jesus pega o cálice com vi-nho, abençoa e diz: “Tomai e bebei todos. Isto é o meu sangue, o Sangue da Nova e eterna Ali-ança, derramado por vós e por todos os ho-mens, para o perdão dos pecados” (leia Mateus 26,27-28; Marcos 14,24; Lucas 22,20; lCorín-tios 11,25). Na páscoa que os judeus comeram no Egito, o sangue do cordeiro que pintava a porta era sinal de salvação. Agora não é mais o sangue do cordeiro que é salvação. O SANGUE DE CRISTO, derramado por nós, é que nos sal-va e nos perdoa os pecados. Na celebração da Aliança no Antigo Testamento jogava-se sobre o povo o sangue dos animais sacrificados a Deus, em reparação das faltas; agora é o San-gue de Cristo que é derramado por nós, numa Nova e eterna Aliança (contrato de amor), sela-da no Sangue de Jesus.
d) A última parte da Ceia do Senhor constou de canto de Salmos, como faziam os judeus (leia Mateus 26,30; Marcos 14,26). O hino a ser cantado eram os Salmos 113 a 118. Encerrada a Ceia do Senhor, Jesus se dirige ao Jardim das Oliveiras; é preso, condenado e morre no dia seguinte.
Um detalhe importante: Jesus morre na mes-ma hora em que os judeus matavam o cordeiro da sua páscoa. Com isso o evangelho quer di-zer: O verdadeiro Cordeiro não é o animal que os judeus matam; é CRISTO QUE MORRE NA CRUZ. A verdadeira páscoa não é aquela onde se come o cordeiro, mas a Ceia do Senhor, onde se come e se bebe o Corpo e o Sangue de Cris-to. A verdadeira e única páscoa é a de Jesus que está morrendo na cruz, entregando seu Corpo e derramando seu Sangue para nossa salvação.
Na missa atualizamos a Ceia do Senhor. Re-petimos, com ele, sua paixão-morte-ressurrei-ção.
Para refletir:
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Qual é a grande novidade que Jesus apresen-ta na celebração da Ceia pascal?
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Por que Jesus lavou os pés dos discípulos? 25
•
Quem é o verdadeiro Cordeiro pascal?
9 . Ação de graças
A palavra EUCARISTIA significa AÇÃO DE GRAÇAS; é dizer “muito obrigado”. E a ação de graças que Jesus faz ao Pai. É o agrade-cimento que a Igreja dirige a Deus, pois Jesus se tornou para nós alimento de vida eterna. A missa (celebração eucarística) só poderá ser en-tendida se a olharmos e a vivermos como ação de graças. Depois que Jesus disse à Igreja: “Tomai e comei, isto é o meu Corpo”, o nosso “muito obrigado” tornou-se infinito, como infi-nito é o amor que Cristo demonstrou ter para com o Pai e a humanidade.
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10. Sacrifício
A eucaristia (missa) é também SACRIFÍ-CIO. É o gesto sagrado de Jesus que se entrega como vítima de salvação. Na celebração da eu-caristia revivemos e atualizamos o gesto salva-dor de Jesus. No Antigo Testamento se ofereci-am a Deus frutos da terra e animais em sacrifí-cio de louvor e de perdão. Na celebração da Nova Aliança ( = missa), é Cristo quem se ofe-rece ao Pai por nós, como sacrifício perfeito, to-talmente agradável, “sacrifício de vida e santi-dade”. O gesto de Jesus ao se entregar como ví-tima nas mãos do Pai para nossa salvação nos pede que também nós tenhamos “os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus “ (leia Filipenses 2,5- 11). Na Oração Eucarística III pedimos que “o Espírito Santo faça de nós uma oferenda perfeita para alcançarmos a vida eter-na”.
11 . Eucaristia-memorial
Toda vez que celebramos a eucaristia, faze-mos memória, ou seja, atualizamos ( tornamos presente) o que Jesus fez para nos salvar. Revi-vemos sua paixão, morte, ressurreição e glorifi-cação (= Jesus junto ao Pai e presente na Igre-ja). Veja como são ricas as preces que rezamos após a consagração: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte, e proclamamos a vossa ressurrei-ção. Vinde, Senhor Jesus!” - “Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos, Senhor, vossa morte, enquanto es-peramos vossa vinda” . A comunidade dos pri-meiros cristãos gostava de rezar: Maran atha.! Isto significa: VEM SENHOR JESUS! (lCor 16,22; Ap 22,20). A eucaristia é o sacramento que torna presente a ação de graças-sacrifício-memorial de Jesus, até que ele venha, definiti-vamente, no fim do mundo.
12. Eucaristia: Mistério da fé
Duas coisas nos garantem que Jesus está pre-sente no pão e no vinho consagrados:
a) A própria Palavra de Jesus (leia João 6, 53-58);
b) A nossa fé. Sem ela, ninguém entende a eucaristia. É por isso que o padre diz após a consagração: “Eis o mistério da fé”. A eucaris-tia é o grande gesto salvador de Cristo e reu-nirmo-nos para celebrar a eucaristia é a nossa maior resposta a Deus. Aquele que comunga es-tá confirmando sua fé em Jesus. A fé sempre e-xige compromisso: crer apoiando-se em quem se crê. Comungar significa aceitar o que Cristo é e procurar viver sua vida.
A eucaristia é pão dos fortes na fé, mas tam-bém alimento dos fracos, daqueles que preci-sam de forças para firmar a própria fé.
13 . Disposições para comungar
Quem vai à missa deve sentir profunda ne-cessidade de comungar. É preciso estar puro e arrependido do pecado. Se alguém não pôde se confessar, que se arrependa. É por isso que e-xiste o ato penitencial na missa. E quando hou-ver chance, que faça uma boa confissão. A Igre-ja permite a comunhão fora da missa para os que estão impedidos de participar da eucaristia, como os enfermos e idosos.
Para refletir:
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O que significa a palavra “eucaristia”?
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Procure explicar, com suas palavras:
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Por que a missa é o sacrifício de Jesus?
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Por que e como fazemos memória, ou seja, revivemos a paixão, morte e ressurreição na celebração eucarística?
•
O que é preciso fazer para comungar bem ?
14 . Primeira eucaristia
A primeira eucaristia é uma etapa muito im-portante na vida do cristão. É o momento em que a pessoa começa a participar da comunhão dos santos, ou seja, começa a ter tudo em co-mum com os demais cristãos, sobretudo o sa-cramento da eucaristia, o pão de todos os bati-zados, o Corpo de Cristo. A primeira eucaristia é o início de um encontro profundo entre o ho-mem e Deus. Portanto, esse momento tem que ser bem preparado e aguardado com alegria.
A catequese é a preparação que normalmente as crianças recebem antes de fazer a primeira eucaristia. Existem muitos catecismos; e todos explicam a doutrina cristã e a fé que devemos professar. Antigamente, os catecismos deviam ser decorados. Hoje em dia existem outros mo-dos de ensinar a religião. O importante é fazer com que o candidato à primeira eucaristia en-tenda e assuma os compromissos que Cristo, ao se entregar por nós, exige. Nós sabemos que eucaristia é vida nova, vida eterna. Então, em vez de fazer o candidato decorar uma série de respostas, devemos preocupar-nos com o que é mais importante: sem esquecer os fundamentos de nossa fé, deve-se levá-lo a assumir responsa-velmente seu papel dentro da comunidade. Nela somos todos irmãos, responsáveis uns pelos ou-tros. Adiantaria muito pouco a gente comungar o Cristo sem se comprometer com a comunida-de, a família, os irmãos.
Eucaristia é vida. Preparar alguém para a primeira eucaristia é ensiná-lo a viver conforme a vontade de Deus. É fazer as pessoas aprender a generosidade, o amor, como Jesus, que se en-tregou, deu a vida para salvar. A preparação pa-ra o encontro com Cristo na eucaristia deve ser um esforço de valorização da vida. A nossa so-ciedade já aprovou o divórcio. Agora se fala em aborto legalizado. Fala-se na eutanásia, ou seja, tirar a vida dos velhos. Vivemos num ambiente violento, onde não se respeita a vida do outro. Jesus é vida! E quem comunga Cristo coloca-se contra tudo o que traz a morte. Comungar é di-zer não ao divórcio, ao aborto, à violência, a exploração das pessoas.
A catequese preparatória para a primeira eu-caristia deve levar em conta isso. Não se pode dizer sim a Jesus eucaristia sem dizer sim à vi-da, sem defender o pobre, o necessitado, o ex-plorado. Deus venceu a morte com a vida. Quando comungamos, recebemos Jesus vitorio-so, libertador. Passemos a ser o que ele é. Por isso, comungar é defender e promover a vida, a paz, a justiça, o perdão. É assumir um compro-misso contra tudo o que causa a morte do ho-mem; contra tudo o que enfraquece a vida divi-na em nosso meio; é colocar-se contra todas as formas de pecado pessoal e social.
15 . Deveres da família e da comunidade
A família deve ser um catecismo vivo para aquele que vai comungar pela primeira vez. É grave quando os pais deixam só para os cate-quistas a tarefa de preparar os candidatos. A família é o primeiro catecismo onde se aprende a ser bom. Sem o exemplo da família, a pessoa sempre volta àquele tipo de vida onde não se ama a Deus e ao próximo.
O mesmo se diga da comunidade. A comu-nhão exige um exemplo e um testemunho co-munitário. Deus quer salvar as pessoas comuni-tariamente. Todos fazemos parte do Povo de Deus, alimentado com um só Pão, que é Cristo, sustentado numa só fé, a fé da Igreja. É em comunidade que testemunhamos Deus presente no meio de nós.
Para refletir:
•
Você conhece alguém que, depois de ter fei-to a primeira comunhão, nunca mais voltou a participar da missa? Na sua opinião, por que acontece assim?
•
Onde está a falha? 27
•
Há um modo de consertar essa situação?
16 . Quem celebra a eucaristia?
A figura mais importante na missa não é o padre. É CRISTO, único e verdadeiro sacerdote. É ele quem se oferece ao Pai, como sacrifício perfeito e santo (leia a Carta aos hebreus, capí-tulos 3 a 10). O padre exerce a função de presi-dente da assembléia. Ele é o ministro ordenado para isso. Mas os leigos, o povo, também cele-
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bram, pois, pelo batismo, participam do único sacerdócio de Cristo. Portanto, todos celebram a missa: Cristo, como sacerdote e figura central; o padre, como presidente, e os fiéis, como parti-cipantes do sacerdócio de Cristo (Apocalipse 1,6; lPedro 2,5.9).
17. Partes da missa
A missa deve ser vista como um todo, embo-ra tenha partes, ou ritos. Essas partes devem permanecer unidas, pois são todas importantes.
a) RITOS INICIAIS:
1) Introdução: Normalmente há um comen-tário inicial, explicando o sentido da missa e o que Deus vai falar;
2) O canto de entrada, que todos devem can-tar, é a primeira manifestação de alegria do po-vo reunido por Deus;
3) O sinal-da-cruz demonstra que a missa é realizada em nome de Deus;
4) O ato penitencial nos faz reconhecer que somos pecadores e que a misericórdia de Deus é maior que os nossos pecados;
5) O hino de louvor nos convida a louvar o amor de Deus;
6) Oração: Esta oração se chama coleta por-que pretende reunir todas as intenções da Igreja e do povo presente. Até aqui a gente fica de pé, em sinal de prontidão em caminhar ao encontro do Senhor.
B) LITURGIA DA PALAVRA: Aqui a gen-te senta para conversar com Deus.
1) A primeira leitura, normalmente tirada do Antigo Testamento, mostra o que Deus quer de nós;
2) Nós respondemos ao seu pedido com o Salmo de meditação;
3) A segunda leitura nos mostra a doutrina dos Apóstolos;
4) De pé, damos as boas-vindas a Jesus, com a aclamação ao evangelho;
5) No evangelho, Deus fala em Jesus, a Pa-lavra viva;
6) A gente senta, e o padre nos explica a Pa-lavra de Deus, na homilia;
7) Nós respondemos a Deus, de pé, na pro-fissão de fé;
8) A seguir fazemos nossos pedidos, na ora-ção dos fiéis.
C) LITURGIA SACRAMENTAL:
1) Apresentamos a Deus o pão e o vinho, nossas ofertas, junto com nossas vidas, enquan-to cantamos o canto das ofertas;
2) Em nome da comunidade, o padre pede que Deus receba os dons, na Oração sobre as oferendas;
3) O prefácio é um hino de ação de graças a Deus. E nós respondemos, cantando o santo;
4) A oração eucarística, que iniciou com o prefácio, é a narração da paixão, morte, ressur-reição e glorificação de Jesus. Nela temos a in-vocação do Espírito Santo (quando o padre es-tende as mãos sobre o pão e o vinho), a consa-gração e o memorial da cruz (a resposta que re-zamos depois da consagração). O padre oferece a Deus o Corpo e Sangue de Cristo e intercede por nós, Igreja, pelos vivos e pelos mortos. Du-rante a consagração, a narração da última Ceia de Jesus, costuma-se ficar ajoelhados, em ado-ração;
5) O Pai-nosso nos mostra que somos filhos do mesmo Pai e comprometidos com o seu Rei-no;
6) Na oração e no abraço da paz, fazemos um exercício de fraternidade, perdoando-nos uns aos outros, para poder receber o único Pão da vida;
7) O padre nos convida a comungar e nós nos colocamos a caminho, cantando o canto de comunhão;
8) Após haver comungado, nós agradecemos rezando, cantando ou em silêncio;
9) O padre reza a oração final, que é um compromisso com o Cristo que recebemos.
D) RITOS FINAIS:
1) Deus, por meio do padre, nos abençoa e nos envia para a vida diária, na bênção final.
Para refletir:
•
Quem é o mais importante na missa?
•
Quem celebra a missa?
•
É possível participar bem da eucaristia sem rezar, cantar, etc.?
18. Palavras, gestos e sinais
Quando conversamos com alguém, servimo-nos de palavras, gestos e sinais para transmitir nossas idéias. Na missa também nos servimos de palavras, gestos e sinais para conversar com Deus e com os irmãos. A celebração eucarística é um verdadeiro diálogo entre Deus e nós, entre o padre e o povo. A liturgia da palavra é uma grande conversa entre Deus e nós. A liturgia eucarística também o é, pois nos dirigimos dire-tamente ao Pai e dialogamos com ele.
A missa está cheia de gestos, por meio dos quais dizemos a Deus o que vai dentro de nós. Existem gestos próprios do presidente da as-sembléia (= padre), como: a imposição das mãos sobre as oferendas, as elevações da hóstia e do cálice, a fração do pão, o lavar as mãos etc. E existem gestos que são comuns a toda a as-sembléia dos fiéis: estar de pé, sentados ou a-joelhados ; erguer os braços, dar-se as mãos, o abraço da paz, o bater no peito no ato penitenci-al, comer e beber na comunhão etc. Todos os gestos feitos na missa são modos de rezar. Cada um deles tem um significado. Não podemos simplesmente passar por cima deles.
A missa está repleta de sinais, ou símbolos. Sendo ela uma festa, encontramos na missa os sinais de uma festa: flores, luzes, música, cantos e instrumentos musicais, pão e vinho, roupas de festa (os paramentos do padre), as toalhas do al-tar. Na celebração da eucaristia sempre há um festejado: Cristo. Há sinais vivos da presença do festejado: a vela acesa simboliza Jesus res-suscitado; o crucifixo recorda a morte de Jesus; a Bíblia traz a Palavra de Deus. Há sinais de re-feição, pois eucaristia é refeição de irmãos: o pão e o vinho, alimentos; o cálice e a patena, que substituem o copo e o prato das nossas re-feições diárias.
No altar de sua paróquia deve ter a pedra d’ara, ou seja, a pedra do altar. Nela estão guardadas as relíquias de alguns santos mártires da Igreja. Toda vez que celebramos a eucaristia nós repetimos o que os santos fizeram. Fazemos o que a Igreja sempre quis fazer . E somos por eles convidados a repetir o mesmo gesto de en-tregar a vida e a morte nas mãos de Deus.
Alguns gestos são muito importantes, como a imposição das mãos sobre as oferendas. Com esse gesto, o padre invoca o Espírito Santo so-bre o pão e o vinho, e o Sangue de Cristo. As elevações da hóstia e do cálice são sinal de o-ferta (na apresentação das ofertas). Na consa-gração, recordam Jesus suspenso à cruz, e no fim da oração eucarística são um louvor ao Pai por meio de Cristo que se doa a ele e a nós. A fração do pão (quando o padre parte a hóstia e deixa cair um pedaço dela no vinho consagrado) tem os seguintes sentidos:
a) Nós comungamos o Cristo vivo (Corpo e Sangue juntos, sinal de vida);
b ) No gesto de repartir o pão descobrimos Deus presente no meio de nós, como os discípu-los de Emaús o reconheceram quando ele partiu o pão (leia Lucas 24,28-32).
19 . Conclusão
Para que você entenda e viva melhor a missa, aqui vai uma sugestão: escreva, numa folha, to-dos os gestos que a gente faz na missa: os do padre e os do povo. E procure explicar o signi-ficado deles. A seguir, faça uma lista de todos os sinais que nela aparecem e escreva ao lado o que cada um representa. Você vai encontrar muitos gestos e sinais que o ajudarão a melhor participar da missa.
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MATRIMÔNIO
MATRIMÔNIO
1. Introdução
O gesto de um esposo e de uma esposa de se doarem no amor e de formarem família é sinal do amor de Deus para com a humanidade. Por-tanto, é Sacramento. E o próprio Deus escolheu esse exemplo para falar do seu amor pelo seu povo. Um dos temas centrais da Bíblia é o da ALIANÇA, ou seja, o contrato de amor que Deus quis assinar com os homens. A iniciativa desse contrato parte de Deus e encontra eco nas pessoas. Deus é fiel a esse contrato e ama apai-xonadamente seu povo, mesmo que este lhe seja infiel - como o marido ama perdidamente sua esposa e tudo faz por ela. O profeta Oséias (leia capítulos l a 3) diz que Deus é o esposo fiel e o povo a esposa infiel. O profeta Jeremias tam-bém usa a mesma comparação (leia 3,l-5 ). Isaí-as diz que Deus nunca pensou em se divorciar do seu povo (leia cap. 51,l). São João apresenta Cristo como o esposo da Igreja (3,29). São Pau-lo mostra a união de Cristo com sua Igreja co-mo uma realidade sobrenatural, da qual o casa-mento humano é símbolo (leia Efésios 5,21-23). A primeira Carta aos coríntios, capítulo 7, lança sugestões e normas para o casamento cristão.
2. O significado das alianças
As alianças que marido e mulher usam na mão são sinal de fidelidade um ao outro. Sendo fiéis um ao outro, os esposos dão provas de fi-delidade ao Senhor. Amando-se, estão amando a Deus. Na Bíblia existe uma passagem impor-tante a esse respeito. Trata-se do dilúvio, do qual Noé e sua família são salvos (leia Gênesis, cap. 8). Depois do dilúvio, Deus abençoa a hu-manidade renovada (Gênesis 9,1-7; compare com Gênesis l,26-30), e renova a aliança com a família de Noé (9,8-l l). O arco-íris é sinal da grande Aliança do Criador com suas criaturas (9,12-17). O arco era uma arma de guerra. Mas Deus não usa uma arma que mata. Seu arco, sua “aliança” é um sinal de paz e reconciliação. É sinal de vida nova. O arco-íris significa que a humanidade não sofrerá um novo castigo, como no dilúvio. As armas de Deus ( = arco-íris nas nuvens) são o amor e a fidelidade. Ao ver o ar-co-íris, Deus se recorda de sua Aliança e tem piedade do povo. As alianças que os esposos usam são um pequeno arco-íris. Quando Deus olha as alianças de marido e mulher ele se lem-bra de sua Aliança com a humanidade.
As alianças que os esposos usam querem si-gnificar todo o amor que Deus sente pelos ho-mens. São um selo de fidelidade: Deus não cas-tigará os homens, mas os tratará com misericór-dia. Portanto, quando o padre benze as alianças que os esposos usarão na mão, ele representa Deus que se recorda do seu contrato de amor para conosco. O casal que é fiel a seu compa-nheiro está sendo fiel ao Criador e tornando concreto e atual o contrato amoroso de Deus com seu povo.
As alianças são um simples sinal. Muitos ca-sados já não as usam, seja porque custam, seja porque acham que estão fora de moda. Outros não as usam para se sentir mais “à vontade” di-ante dos outros. Mesmo assim, elas conservam seu significado. O mais importante, porém, é ser fiel a quem se jurou fidelidade. Quem é infiel ao companheiro de casamento está quebrando a Aliança com Deus .
3. Instituição do matrimônio
Por ser sinal do amor que Deus tem com a humanidade, o matrimônio não pode ser desfei-to. “O homem deixa pai e mãe e se une a sua mulher e formam uma só carne” (Gn 2,24). “Que o homem não separe o que Deus uniu” disse Jesus (leia Mateus 19,1-9). Ninguém tem o direito de destruir o que Deus criou. São Pau-lo tem palavras semelhantes: “Quanto àqueles que estão casados, não sou eu que ordeno, é o Senhor: a mulher não se separe do marido! Se,
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porém, se separar, não se case de novo, ou re-concilie-se com o marido. E o marido não repu-die a sua esposa” (1 Cor 7 , 10-11).
Para refletir:
•
Quem instituiu o sacramento do matrimônio?
•
Por que o casamento não pode ser desfeito?
•
O que as alianças representam?
4. Quem celebra o matrimônio?
Costumamos ouvir: “O padre fez o casamen-to”. Este modo de pensar está errado. Quem realiza o matrimônio não é o padre: são os noi-vos. Eles são o SUJEITO do matrimônio. O pa-dre, representando a Igreja, abençoa - em nome de Deus - as promessas e os juramentos que os noivos fazem. Tanto isso é verdade que em al-gumas dioceses há leigos nomeados pela Igreja para fazerem o que o padre ou o diácono fazem num casamento sem missa. Este é o único sa-cramento em que o sujeito são os noivos e não padre ou diácono. Portanto, quem celebra o ma-trimônio são os noivos.
5. A celebração do matrimônio
O casamento religioso pode ser celebrado com ou sem missa. Nós vamos examinar bre-vemente a celebração do matrimônio sem mis-sa.
a) Boas-vindas.
O padre - ou diácono - dá as boas-vindas aos noivos e fiéis presentes .
b) Leitura da Palavra de Deus, que explica o sentido do casamento cristão.
c) Homilia.
O padre explica a Palavra de Deus e o signi-ficado da celebração.
d) Diálogo com os noivos.
O padre faz aos noivos três perguntas impor-tantes: l) se estão casando de livre e espontânea vontade; 2) se estão conscientes de que o casa-mento cristão não pode ser desfeito; 3) se estão dispostos a receber os filhos que Deus lhes der.
e) Consentimento. Uma vez que os noivos responderam afirmativamente, o sacerdote pede que se dêem as mãos. O noivo diz a fórmula: “Eu (N.) te recebo, (N.), por minha esposa, e te prometo ser fiel na alegria e na tristeza, na saú-de e na doença, amando-te e respeitando-te to-dos os dias da minha vida”. A noiva repete a fórmula. O padre pede que Deus abençoe e con-firme o compromisso assumido. E conclui com as palavras de Jesus: “O que Deus uniu, o ho-mem não separe” (Mt 19,6).
f) Bênção e entrega das alianças. O padre pede que Deus abençoe as alianças. Depois dis-so o marido põe a aliança no dedo da esposa, e diz: “Recebe esta aliança em sinal do meu amor e da minha fidelidade. Em nome do Pai, do Fi-lho e do Espírito Santo”. A esposa põe a aliança no dedo do marido e diz a mesma fórmula. Para entender o significado das alianças, veja o que dissemos no nº 2.
g) Oração dos fiéis. Nesta oração se pede pe-lo novo casal e por todos os que assumiram o compromisso de testemunhar o amor de Deus mediante o casamento.
h) Bênção nupcial. O sacerdote pede que Deus abençoe o casal, dando-lhe filhos, saúde, vida longa; e assim possa servir de exemplo pa-ra todos.
i) Pai-nosso
j) Bênção final e despedida.
6. Observações práticas
Há muita gente que encara o casamento reli-gioso como um simples ato social. A Igreja já está fazendo alguma coisa para deixar aparecer o essencial na celebração, evitando abusos de toda espécie. É fácil encontrar pessoas que, em vez de rezar e participar, vivem observando a roupa dos outros. Há noivas que se atrasam só para fazer charme e na hora da celebração se preocupam mais com a marcha nupcial e poses para fotógrafo, do que com o sacramento que estão celebrando. A marcha nupcial pode muito bem ser deixada de lado. Tem gente que gasta uma fortuna com flores, enfeites etc. Algumas pessoas fazem questão de casar em igrejas boni-tas ou santuários, como se isso garantisse a feli-cidade no casamento. É bom que cada um case na sua paróquia, na sua comunidade. Aqueles que fazem do casamento um ato social estão abusando de um sacramento. Seria melhor que não casassem na Igreja. Às vezes os convidados nem sabem rezar o Pai-nosso . . .
Os abusos continuam. Fica aqui uma suges-tão e um pedido para todos: procurar, naquilo que nos cabe, fazer do casamento religioso uma verdadeira celebração de fé e amor, e não um compromisso social. Lembremo-nos das pala-vras de são Paulo: “De Deus não se zomba” (Gl 6,7).
Para refletir:
•
Quem celebra o casamento?
•
Por que?
•
O que, concretamente, se pode fazer para e-vitar os abusos dentro de uma celebração re-ligiosa do matrimônio? 51
•
E, sobretudo, o que fazer para que os casais assumam seus compromissos com este sa-cramento?
7. Preparação ao casamento
Como os demais sacramentos, o matrimônio exige uma boa preparação, que não pode ser re-duzida a um “curso de noivos”. Pelo fato de comprometer toda a vida de um casado, esse sa-cramento pede que os candidatos se preparem bem. E uma vez recebido, esse sacramento exi-ge um compromisso com a comunidade-Igreja. Os bispos do Brasil insistem para que haja uma preparação a longo prazo (remota), uma próxi-ma (pouco antes do casamento) e que depois dele possa haver um engajamento sério na co-munidade.
Preparação a longo prazo. A melhor prepa-ração a longo prazo é o bom exemplo que os fi-lhos recebem dos pais. “É no seio da família que as crianças, na sua primeira convivência com os adultos, aprendem as leis básicas do comportamento social e da vida cristã, e desper-tam para a compreensão e para a vivência do amor concreto que devem experimentar na vi-vência dos próprios pais... No clima da vivência familiar das crianças é que aparecem as primei-ras marcas profundas da sua afetividade, sur-gem os primeiros rumos de sua sexualidade” (CNBB, Orientações pastorais sobre o matri-mônio, p. 5).
O mesmo Documento diz que “cabe aos pais, em primeiro lugar, orientar os filhos em relação ao sexo e ao papel que ele tem dentro do matri-mônio. A família é o lugar privilegiado da pri-meira educação humana e religiosa, que tem como ponto de comparação o amor de Deus, in-separável do amor ao próximo. As famílias cris-tãs devem tomar consciência de suas responsa-bilidades nessa missão educativa, em que são chamadas a agir como verdadeiras igrejas do-mésticas” (p. 6). Em outras palavras, a educa-ção para o amor começa em casa. A melhor au-la para os filhos é o bom exemplo dos pais que se amam e se perdoam. E se faltam nas famílias o amor, o sacrifício, a fidelidade, a união e o perdão, a formação dos filhos se enfraquece na sua raiz.
Outro lugar de preparação a longo prazo é a escola. Não basta dar aulas de “educação sexu-al”, como se a formação sexual de uma criança ou adolescente pudesse ser comparada ao fun-cionamento de uma máquina. É preciso educar para o amor, e não só mostrar como o sexo fun-ciona. É necessário ter em mente que se está preparando pessoas para serem no casamento, sinais da Aliança de Deus. Essa preparação não pode estar separada da visão de vocação huma-na, cristã e matrimonial (veja o que dissemos, no sacramento da ordem, sobre a pastoral voca-cional).
A preparação a longo prazo se estende tam-bém à pastoral da juventude. Os encontros de jovens são um excelente momento para se insis-tir no valor do matrimônio. O Documento da CNBB diz: “Nessas ocasiões sejam focalizados os aspectos de alegria, renúncia, sacrifício e es-perança que todo amor verdadeiro inclui em sua dinâmica. Insista-se no domínio de si próprio e no combate ao egoísmo” (p. 10) . A preparação a longo prazo inclui o tempo de namoro, onde se procura conhecer a pessoa amada, buscando amadurecer para a vida a dois. É pena que mui-tos namorados pensem só no que o namoro ofe-rece de aventuras, transas, programas etc., e se preocupem muito pouco em se conhecer e traçar uma caminhada, fazendo uma experiência de vida.
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Par refletir:
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Examine como foi sua preparação ao matri-mônio, a partir de seus pais: foi boa, foi ru-im?
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Como você acha que deve ser o namoro hoje em dia: à moda antiga? como nas novelas?
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Ou existe um modo cristão de namorar?
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O que você acha: é certo ter uma porção de namoradas ou namorados?
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Por quê?
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Você acha que a educação sexual que rece-beu foi boa?
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Seus pais falam disso com você?
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Você fala disso com seus filhos?
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O que é melhor: aprender em casa, com os pais, ou aprender na rua, muitas vezes de modo errado? Para você, o que significa e-ducar para o amor?
8. Preparação próxima ao casamento
A preparação próxima inicia com o noivado, que é o passo mais importante antes de se che-gar ao casamento. Seria bom que fosse celebra-do como um acontecimento de fé. “O objetivo da preparação próxima para o matrimônio é ofe-recer aos noivos um aprofundamento da com-preensão e vivência do amor, bem como de sua celebração sacramental; conscientizá-los mais ainda das responsabilidades; capacitá-los de fa-to para uma opção verdadeiramente adulta, consciente e livre, a fim de que venham a assu-mir as exigências de um casamento feito peran-te a Igreja; e torná-los conhecedores dos meios de que disporão para viver a vida matrimonial conforme o ideal evangélico” (CNBB: Orienta-ções pastorais sobre o matrimónio, p. 10). Por aí você percebe que um curso de noivos não se pode reduzir a regras de higiene, de planeja-mento familiar, do conhecimento de como o ou-tro funciona sexualmente. As paróquias têm seus cursos de noivos, mas é bom que estes se conscientizem de que se não se educarem para o amor, o curso de noivos também não garantirá a estabilidade do casamento.
Uma catequese pré-matrimonial autêntica deve recordar que:
a) o matrimônio é uma sociedade entre dois filhos de Deus
b) é destinada a realizá-los como filhos de Deus até a plenitude;
c) pela vivência do amor-caridade, os noivos são sinal e instrumento do amor fecundo de Cristo por sua Igreja;
d) pela procriação e educação consciente e generosa dos filhos realizam o amor conjugal, consagrado pela caridade fecunda de Cristo por sua Igreja;
e) na vivência humana do seu amor realizam a dimensão sacramental do casamento;
f) o sacramento é válido à medida que assu-mirem de forma adulta o amor;
g) a fé é um compromisso com a justiça e o amor ao próximo;
h) o amor humano é imagem do amor de Deus, que se caracteriza pelo fato de ser gratui-to;
i) o sacramento só deve ser assumido se a-companhado de uma evangelização consciente, com opção de fé, de modo que, por coerência e autenticidade, os noivos não podem assumi-lo como simples imposição da sociedade (cf. Ori-entações pastorais sobre o matrimônio, pp. 13-14).
Onde houver possibilidade, os noivos devem fazer uma visita ao vigário e bater um papo com ele, para esclarecimento, orientação, preparar os papéis etc. É ocasião, também, para se confes-sar. Ao lado de toda preocupação que os noivos têm pelo casamento, não pode faltar esta, que é a principal: preparar-se espiritualmenre para as-sumir esse compromisso. Muitos casais se sepa-ram por falta de um pouco de fé, de renúncia, de conversão.
9. Compromisso depois do casamento
A Igreja insiste na necessidade de preparação ao matrimônio. Mas são poucos os que, depois de casados, continuam ligados à comunidade. As paróquias possuem, na maioria delas, Mo-vimentos de Casais, Movimentos Familiares, Equipes Paroquiais, Círculos Bíblicos, Comu-nidades Eclesiais de Base e todo tipo de Promo-ção Humana: Pastoral da Saúde, dos Migrantes, das Vocações, da Periferia, do Bem-estar, Equi-pe de Comunicações e Movimentos Sociais. O
Documento de Puebla insiste que o lugar do tes-temunho do leigo é na comunidade e sociedade. Com a renovação trazida pelo Concílio foi aber-ta uma grande possibilidade de os leigos casa-dos agirem na comunidade, auxiliando o vigá-rio. E os casados devem ajudar não porque o padre sozinho consegue fazer pouco, mas por-que existem tarefas e vocações próprias dos ca-sados; funções estas que devem desempenhar em sintonia com o vigário de sua paróquia. Ou-tro compromisso é o de ter consciência crítica e cristã diante daquilo que os Meios de Comuni-cação apresentam, muitas vezes agredindo a formação das pessoas e da família.
Para refletir: 53
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Qual é, na sua opinião, a melhor maneira de se preparar para o sacramento do matrimô-nio?
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Quais são os compromissos dos que se casa-ram? Por que muitos não os assumem?
10. Matrimônios mistos
Matrimônio misto é o que se realiza entre duas pessoas batizadas, uma das quais é católica e a outra não-católica. A Igreja dá especial atenção a esses matrimônios mistos, pois aqueles que acreditam em Cristo e recebem devidamente o batismo estão constituídos numa certa comu-nhão, embora imperfeita, com a Igreja católica. Essa comunhão é mais plena com os Orientais separados (Ortodoxos), que conservam, em suas Igrejas, os verdadeiros sacramentos, particular-mente a ordem e a eucaristia. O mesmo não a-contece com as Igrejas ditas “ reformadas” ou “protestantes”, cuja doutrina e ação relativas aos sacramentos são diferentes daquilo que a Igreja católica ensina e faz (cf. CNBB: Orienta-ções pastorais sobre o matrimónio, p. 19).
Quando um católico quer se casar com uma pes-soa de outra religião é preciso que peça a dis-pensa do impedimento. A pessoa católica tem que se apresentar ao vigário. Este, por sua vez, encaminhará os papéis para a dispensa. O cató-lico que vai casar com uma pessoa não-católica deverá fazer uma declaração, prometendo que irá afastar o perigo de perder a fé, e deverá prometer que fará tudo o que for possível para que os filhos nascidos desse matrimônio ve-nham a ser batizados e educados na fé da Igreja católica (p. 20).
11. Divórcio
A lei brasileira permite o divórcio. O ensi-namento da Igreja permanece sem alterações, pois assim é a vontade de Deus. As palavras de Cristo são bem claras: “Que o homem não sepa-re o que Deus uniu” (Mt 19,6). Portanto, o ma-trimônio é e sempre será indissolúvel, ou seja, não poderá ser desfeito por nada e por ninguém. Há casos em que a Igreja declara nulos certos matrimônios. Um casamento realizado por im-posição ou com ameaças de morte, poderá ser declarado nulo se for instaurado um processo. Esses casos devem ser encaminhados ao bispo da diocese e, de acordo com o processo, o ma-trimônio poderá ser anulado.
Na prática, porém, a gente encontra muitos ca-sais separados e divorciados que se casaram de novo. A atitude da Igreja se inspira na atitude de Cristo: proclamação clara da verdade sobre o matrimônio e sua indissolubilidade, condenação do divórcio, e a atitude de amor e respeito para com o irmão que errou, a fim de levá-lo a mu-danças de vida. É necessário examinar cada ca-so concreto com justiça e amor. Esses casos de-vem ser encaminhados ao vigário, e ele tomará, junto com seu bispo, as decisões necessárias.
12. Planejamento familiar
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Na opinião da Igreja, planejamento familiar não é a mesma coisa que controle da natalidade. A Igreja condena a atitude de querer planejar as famílias, distribuindo gratuitamente pílulas an-ticoncepcionais. Quando o Papa foi recebido pelo Presidente, em Brasília, disse: “...entre os direitos da pessoa humana, impossível não sali-entar ainda como prioridade o direito dos pais a terem os filhos que desejarem, recebendo, ao mesmo tempo, o necessário para educá-los dig-namente, e o direito do nascituro à vida. Sabe-mos quanto esses direitos se acham ameaçados em nossos dias no mundo inteiro”.
É o casal quem decide quantos filhos deve ter. A Igreja católica não aprova nenhum dos méto-dos artificiais: pílulas, preservativos etc. A Igre-ja só aconselha o método natural, que se resume no conhecimento dos dias fecundos ou não da mulher. Esse conhecimento exige equilíbrio e responsabilidade. A Igreja insiste na paternida-de responsável e mostra que pode existir um ato de egoísmo no fato de se evitar filhos. Quando alguém faz opção pelo matrimônio opta também pelo filho, responsavelmente.
Para refletir:
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O que são os matrimônios mistos?
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Qual deve ser a atitude do cristão diante da lei do divórcio?
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O que significa ‘‘planejar responsavelmente a família”?
13. O aborto
0 número de abortos praticados anualmente no Brasil é assustador. E existe uma verdadeira “indústria do aborto”, pois muitos ganham a vi-da fazendo isso. A Igreja sempre condenou essa prática porque vai contra a vontade de Deus. Atualmente, no Brasil, a Igreja está fazendo força para impedir a legalização desse crime e para promover uma catequese e uma pastoral em favor da vida e da família.
O Documento de Puebla diz que o aborto é fruto do egoísmo gerado pelos ídolos do poder, da riqueza e do sexo. “A família apresenta-se como vítima dos que convertem em ídolos o poder, a riqueza e o sexo. Para isto contribuem as estruturas injustas, sobretudo os meios de comunicação, não só com suas mensagens de sexo, lucro, violência, poder e ostentação, mas também pondo em destaque elementos que con-tribuem para propagar o divórcio, a infidelidade conjugal e o aborto, ou a aceitação do amor li-vre e das relações pré-matrimoniais” (n. 573). “Condenamos. . . todo atentado contra a vida humana, desde a que está oculta no seio mater-no até a que se julga inútil e que definha na ve-lhice” (n. 318). “A falta de realização da pessoa humana em seus direitos fundamentais tem iní-cio antes mesmo do nascimento do homem, pe-lo incentivo de evitar a concepção (anticoncep-cionais) e também de interrompê-la por meio do aborto” (n. 1261).
Baseada na Bíblia, a Igreja afirma que a vida pertence a Deus e só ele tem o direito de tirá-la. Por isso, todo aborto provocado é um crime contra Deus. É contrário à Lei divina.
14. As relações pré-matrimoniais
O Documento de Puebla denuncia o sexo como um ídolo. Os meios de comunicação, so-bretudo filmes, revistas e televisão (novelas l, apresentam uma visão errada da sexualidade. Troca de casais, sexo antes e fora do casamento são coisas que a gente vê e ouve com freqüên-cia. A Igreja tem suas razões para desaprovar o uso do sexo antes do casamento. Uma das ra-zões é mostrar o verdadeiro sentido e valor da sexualidade. Muito jovem exige que a namora-da faça sexo como prova de fidelidade. O uso do sexo entre um homem e uma mulher é sinal de entrega total e de posse do outro. E no namo-ro não existe ainda a entrega total. E seria erra-do o namorado pôr na namorada um carimbo de posse. Essa entrega e posse só se realiza no ma-trimônio. Não se faz sexo para experimentar. Ele quer ser sinal máximo de entrega a alguém e de comunhão com esse alguém.
A finalidade do sexo é a procriação e a plena comunhão com outro ser. V amos fazer um e-xemplo: você sabe que algumas frutas, como a laranja, a manga etc., são colhidas verdes para chegar maduras no local de venda. Essas frutas não amadurecem naturalmente. E nunca possu-em o mesmo sabor do que quando colhidas e
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comidas maduras no pé. Os que têm relações sexuais antes do casamento são como frutas verdes que querem brincar de maduras. Se os namorados já estão maduros para uma relação sexual, que se casem. Se não , não vale a pena fingir. E você sabe que casamento é muito mais do que sexo.
Muitas moças caem na prostituição por causa disso. Vão na conversa do namorado e quando a coisa complica, o primeiro a fugir é o próprio namorado, o qual afirmava que se entregar seria a maior prova de amor que a namorada poderia dar.
A nossa sociedade, que se diz livre, conse-gue escravizar cada vez mais as pessoas. A prostituição e a violência aumentam. Isso é si-nal de que muita gente não está usando bem a própria liberdade. Não pode ser livre uma soci-edade que mata crianças inocentes e velhos in-defesos; que gera filhos e depois os aborta; que faz do outro - imagem e semelhança de Deus - objeto de prazer e o prostitui, obrigando-o a se prostituir até que termine a vida, muitas vezes de modo trágico.
Para refletir:
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Por que a Igreja condena o aborto?
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Por que a Igreja não aprova as relações pré-matrimoniais?
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Como fazer frente à campanha pornográfica que os meios de comunicação nos apresen-tam?
15. As uniões irregulares
Em nosso país existem muitas uniões irregu-lares. Nas periferias das grandes cidades e no sertão muita gente não se preocupa em legalizar o casamento civil e religioso. E a gente encontra uma porção de casais amigados ou amanceba-dos. Outros se ajuntam pensando que “fazer pa-péis” já era. Outros fazem do casamento uma experiência que poderá durar um ano ou mais. Se der certo, bem; se não, cada um vai para o seu lado.
A Igreja insiste na necessidade de se regula-rizar essas uniões, porque trazem sérias conse-qüências, sobretudo em relação aos filhos, e porque são uniões que prejudicam o próprio ca-sal, a comunidade e a Igreja, indo contra os princípios de Deus. “A Igreja, portanto, deseja que toda união matrimonial seja jurídica e soci-almente reconhecida, tanto pelo Estado quanto no âmbito da comunidade eclesial. Ela procla-ma que o matrimônio e um sacramento com to-das as conseqüências daí decorrentes. Por isso, em sua ação pastoral, há de empenhar-se para que as pessoas ligadas por uniões matrimoniais não regularizadas, levem livremente sua união à estabilidade e plenitude dos valores humanos que j á contém, não de forma plena, e ao reco-nhecimento civil e religioso perante a sociedade e perante Deus” (CNBB: Orientações pastorais sobre o matrimónio, p. 25).
16. Educar para o amor
A família é a primeira escola para o matri-mônio. Há pais que vivem com medo de que os filhos ou filhas “aprontem”, mas nunca se preo-cuparam em EDUCAR PARA O AMOR. Uma coisa boa é manter diálogo franco entre pais e filhos, sobretudo na adolescência e no tempo de namoro. Os pais devem estar atentos aos falsos valores que arruinam a família. Esses falsos va-lores entram nas casas e na vida das pessoas a-través dos meios de comunicação: televisão, filmes, revistas, músicas etc. Entre os falsos va-lores, citamos :
a) O machismo: há gente defendendo a idéia de que o rapaz, para provar que é homem, tem que demonstrar seu desempenho sexual logo que estiver capacitado para isso. E o jovem pas-sa a freqüentar a prostituição. Outra forma de machismo é ver na mulher um “objeto de cama e mesa”, ou considerá-la como ser inferior .
b) A falsa liberdade da mulher: há moças e mulheres que julgam ser sinal de liberdade en-tregar-se a quem “pintar” na parada. Em vez de libertar a mulher, esse gesto a oprime mais. A prostituição é fruto do machismo e da falsa li-berdade da mulher.
c) O amor livre: muitos acham que é sinal de progresso e liberdade fazer sexo com qualquer um, trocar os casais, fazer sexo grupal etc.
Educar para o amor não é esconder essas coisas, menos ainda aprová-las. Educar para o amor é mostrar que essas coisas, além de opri-mir, não ajudam a mostrar a beleza do casamen-
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to, da fidelidade a alguém que, no fundo, é fide-lidade ao próprio Deus. Quando se mostra o se-xo como simples fonte de prazer se está cortan-do as raízes do casamento e da própria finalida-de do sexo, que é procriar e entrar em comu-nhão de vida com alguém. Quando não se tem em conta essa educação para o amor, a comu-nhão e a paternidade, se está oprimindo o outro. E nesse sentido temos, em nossos dias, muitas famílias opressoras e famílias oprimidas. Se al-guém é infiel ao companheiro de matrimônio, é também infiel à sociedade, à Igreja e ao Cria-dor.
O Documento de Puebla condena essa situa-ção, ao dizer: “Em todos os níveis sociais, a fa-mília sofre o impacto destruidor da pornografia, do alcoolismo, das drogas, da prostituição e do tráfico de brancas, assim como o problema das mães solteiras e das crianças abandonadas. Di-ante do fracasso dos anticoncepcionais quími-cos ou mecânicos, passou-se à esterilização humana e ao aborto provocado, em cuja propa-ganda são utilizadas campanhas cheias de má fé” ( n. 577).
Para refletir:
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Por que a Igreja insiste para que as uniões irregulares sejam legitimadas?
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Você é capaz de descobrir outros falsos valo-res da sexualidade?
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O que significa “educar para o amor”?
17. Na vida comunitária
Toda pessoa que se casa forma comunidade de amor. E é por amor que essa vida a dois se volta para os filhos. A família, porém, tem um compromisso com a comunidade. E na vida comunitária pode ser que a gente encontre pes-soas que fracassaram no casamento (casais se-parados), ou pessoas que “avançaram o sinal” ou foram enganadas, como as mães solteiras. Jesus ensinou a misericórdia e o amor. Ele sem-pre condenou o pecado, mas nunca condenou o pecador; pelo contrário, deu-lhe chances para o arrependimento e a vida nova. A Igreja condena os erros, mas estende a mão a quem errou, di-zendo, como Jesus: “Não peques mais” (Jo 8, 11). Pode ser que em sua comunidade haja mãe solteira, gente separada, casamentos não regula-rizados etc. A gente não pode marginalizar es-sas pessoas. “Quem dentre vós que não tem pe-cado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra” (Jo 8,7). Ninguém está aprovando o mal feito, mas todos têm o dever de ajudar quem errou a se re-cuperar.
Na vida de sua comunidade pode haver ca-sais à beira da separação, brigando etc. A gente não pode ficar na torcida para ver o que aconte-cerá. Uma presença amiga, a união da comuni-dade em oração, podem ajudar a acertar nova-mente o passo. É cristão quem está atento às necessidades e problemas do outro. E o que di-zer dos casais que se separam por causa das fo-focas dos vizinhos e membros da comunidade? O que falar aos que favorecem os vícios, como a bebida e a infidelidade conjugal, que aos pou-cos vão destruindo o lar e a união do casal?
18. Puebla e a família
Diz o Documento de Puebla: “A família é imagem de Deus, que ‘no mais íntimo de seu mistério não é solidão, mas família’ (João Paulo II). É uma aliança de pessoas, à qual se chega por vocação amorosa do Pai, que convida os es-posos a uma íntima comunidade de vida e amor, cujo modelo é o amor de Cristo por sua Igreja. A lei do amor conjugal é comunhão e participa-ção, não dominação. É uma exclusiva, irrevo-gável e fecunda entrega à pessoa amada, sem perder a própria identidade. Um amor assim compreendido em sua rica realidade sacramen-tal, é mais do que um contrato; possui as carac-terísticas de aliança” (n.582).
19. Mensagem aos casados
No fim desta breve exposição sobre o sacra-mento do matrimônio, deixamos uma mensa-gem de confiança e apoio a todos os que se es-forçam por manifestar, no casamento, o amor que Cristo tem por sua Igreja: “Não percam a coragem na hora da fraqueza. Nosso Deus é Pai. cheio de bondade e ternura, cheio de solicitude e superabundante de amor para com seus filhos que enfrentam a fadiga do caminho. E a Igreja é mãe que deseja ajudá-los a viver na plenitude da vida, esse ideal do casamento, do qual ela re-
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corda, junto com a beleza, também todas as exi-gências “ (Paulo VI).
Para refletir:
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Concretamente, o que a gente pode fazer quando, por exemplo, um casal está à beira da separação?
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Você descobriu algo de novo na reflexão so-bre o matrimônio?
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Você está em condições de vivê-lo melhor, ou de se preparar melhor para esse sacramen-to?
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ORDEM
ORDEM
1. O chamado de Deus
Todos os homens, pelo batismo, são chama-dos à salvação. Para cada pessoa, Deus faz um chamado diferente, ou seja, dá uma vocação. A maioria dos homens e vocacionada (= chamada) à vida matrimonial, transformando o amor hu-mano em presença do amor do Pai. Outros são chamados ao serviço total da Igreja, utilizando toda a sua vida e seu tempo à causa do Povo de Deus, buscando a perfeição que o Evangelho ensina e a própria santificação. Estes são cha-mados religiosos. Para outros, além de tudo is-so, Deus os chama e os consagra para serem seus continuadores e ministros (= representan-tes). E para isso recebem o sacramento da or-dem. Este sacramento tem três graus: diaconato, presbiterato (padres) e episcopado (bispos). O bispo (palavra que significa: supervisor) é o pastor de uma diocese. Unidos ao bispo estão os padres, ou presbíteros (palavra que significa: os mais velhos). Unidos ao bispo e seus presbíteros estão os diáconos (palavra que significa: os ser-vidores). Os bispos são sucessores dos apósto-los; como os apóstolos tinham seus discípulos e ajudantes de evangelização, também os bispos têm ao seu redor os padres e os diáconos.
2. O presbítero, ou padre
Em geral, o povo gosta do padre. Ele é tirado ”do meio do povo e colocado a serviço do po-vo” (Hb 5,1). É um homem como os outros, com qualidades e defeitos. Deus o chamou para presidir a comunidade “como o irmão mais ve-lho de uma família”. Há pessoas que não enten-dem, não aceitam e criticam o padre. Muitos perguntam: “Por que o padre não casa?” O pa-dre não casa porque vivendo assim está mais à disposição do povo. Ele foi chamado para ser-vir. E, não casando, é um sinal dos verdadeiros valores do Reino de Deus. O Documento de Pu-ebla diz: “O presbítero (padre) anuncia o Reino de Deus que se inicia neste mundo e chegará à plenitude quando Cristo vier no fim dos tempos. Para servir a este Reino, abandona tudo para se-guir o seu Senhor. Sinal dessa entrega total é o celibato ( = deixar de formar família), dom do próprio Cristo e sinal de uma generosa e livre dedicação ao serviço dos homens” (n. 692). O fato de o padre não casar não é um sinal negati-vo, uma omissão, mas um compromisso pleno com o Reino de Deus. Ele não se casa para ser-vir melhor a Deus e ao povo a ele confiado. “Quem não tem a esposa, cuida das coisas do Senhor e do modo de agradar ao Senhor” (1Cor 7,32).
3. Cristo, único e eterno Sacerdote
O Novo Testamento atribui só a Cristo o títu-lo de sacerdote. Realmente, ele ofereceu o gran-de e único sacrifício: entregou-se a si próprio como oferta ao Pai, pela salvação da humanida-de. A Carta aos hebreus, capítulos 1 a 10, é uma grande explicação do sacerdócio de Cristo. Leia e reflita sobre ela. Os sacerdotes do Antigo Testamento ofereciam sacrifícios a Deus por si e pelo povo, a fim de obter o perdão dos seus pecados e os do povo, e para implorar as bên-çãos divinas. Jesus, como sacerdote perfeito e santo, ofereceu a própria vida, não por si, mas para conseguir a salvação dos homens. O seu sacrifício é o único, o perfeito e o agradável a Deus. Quando o padre preside a eucaristia, oferece ao Pai o mesmo sacrifício de Jesus, o grande Sa-cerdote e mediador, fazendo “ em memória de Jesus” o que Jesus fez uma vez por todas, da cruz, a fim de conseguir-nos a salvação. Cristo ofereceu um sacrifício que reconciliou com o Pai todos os homens de todos os tempos. Por is-so, dão precisamos de outros sacerdotes e de
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outros sacrifícios, como no Antigo Testamento (leia Hebreus 7,26;9,-11-14). O padre, na missa, se torna o ministro, aquele que oferece a Deus aquilo que Jesus se torna para nos reconciliar com o Pai.
Para refletir:
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Que idéia você faz do padre, do diácono, do bispo?
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Por que os padres não se casam?
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Por que Cristo é o único sacerdote?
4. Sacerdócio comum e sacerdócio ministe-rial
Cristo é o único sacerdote. Porém, ele “fez de dós um reino de sacerdotes para Deus, meu Pai” (Ap 1, 6). São Pedro diz que a comunidade cristã é “um sacerdócio santo, sacerdócio real” ( 1Pedro 2,5.9). Portanto, pelo batismo, fomos todos unidos a Cristo sacerdote, e oferecemos a Deus o universo inteiro como sacrifício de lou-vor. Quem é batizado participa do sacerdócio comum dos fiéis, ou sela, une-se a Cristo sacer-dote na oferta e no louvor a Deus. Aqueles que receberam o sacramento da ordem, além de par-ticiparem do sacerdócio comum dos fiéis, fazem parte do sacerdócio ministerial, ou seja, são mi-nistros qualificados de Cristo para dirigir a I-greja, presidir a comunidade e administrar os sacramentos. Através da sua ação mostram a presença de Cristo na comunidade. Para enten-der melhor, tomemos o exemplo que Jesus nos deu: ele é a vinha, nós somos os ramos. Ele é o único sacerdote. Nós, os ramos, participamos de sua vida. O padre, que é ordenado para ser mi-nistro de Cristo, tem sentido enquanto permane-ce unido a ele, como o ramo está unido e possui a mesma vida da vinha. O cristão, que pelo ba-tismo participa do sacerdócio comum dos fiéis, tem sentido enquanto permanece unido a Cristo, recebendo dele a mesma vida. Ambos, padre e leigo, devem produzir os mesmos frutos que Je-sus produziu, pois só ele é a vinha, e nós, os ramos.
5. Missão do padre
Às vezes a gente ouve dizer que o padre de-ve “ficar na sacristia”, ou seja, sua missão seria unicamente espiritual; que não deve se introme-ter na sociedade; que sua função é rezar missa, confessar, abençoar os casamentos, batizar e en-terrar. Tudo isso não deixa de ser verdade, mas não é o resumo completo da missão do padre. Sua missão é uma só: a de Cristo. E Cristo foi profeta, sacerdote e pastor. A missão do padre é ser, também ele:
a) Profeta: Ser profeta é evangelizar. O pa-dre presta à comunidade o serviço da Palavra. É alguém que busca na Palavra de Deus a fonte do seu trabalho e da sua pregação. A Bíblia é seu alimento. Possui a função de ensinar. Quan-do alguém é ordenado padre, o bispo lhe diz: “Transmite a todos a Palavra de Deus que rece-beste com alegria. Meditando na lei do Senhor, procurando crer no que leres, ensinar o que cre-res e praticar o que ensinares. Seja, portanto, a tua pregação alimento para o povo de Deus, e tua vida estímulo para os fiéis, de modo a edifi-cares a casa de Deus, isto é, a Igreja, pela pala-vra e pelo “. A missão do padre é ser, também ele:
b) Santificador, ou seja, sacerdote. Ele exer-ce o serviço da Liturgia. Deixemos que as pala-vras da ordenação expliquem esse significado: “Exerce, também, em Cristo, a função de santi-ficar. Por teu ministério, o sacrifício espiritual dos fiéis atinge a plenitude, unindo-se ao sacri-fício de Cristo, que por tuas mãos é oferecido sobre o altar, ao celebrares os sagrados misté-rios. Toma consciência do que fazes e põe em prática o que celebras, de modo que, ao celebrar o mistério da morte e ressurreição do Senhor, te esforces por mortificar teu corpo, fugindo aos vícios para viver uma vida nova. Incorporando os homens ao povo de Deus pelo batismo, per-doando os pecados em nome de Cristo e da I-greja pelo sacramento da penitência, confortan-do os doentes com a sagrada unção, celebrando a eucaristia . . . lembra-te de que foste escolhido dentre os homens e colocado a serviço deles nas coisas de Deus. Desempenha com verdadeira caridade e contínua alegria a missão do Cristo sacerdote”. A missão do padre é ser também:
c) Pastor: “Participando da missão do Cristo pastor e chefe, procura, unido e obediente ao bispo, reunir os fiéis numa só família, a fim de conduzi-los a Deus Pai. Tem sempre diante dos
olhos o exemplo do Bom Pastor que não veio para ser servido, mas para servir e para buscar e salvar o que estava perdido”.
Por isso o padre se faz presente, como profe-ta, sacerdote e pastor, em todos os momentos da vida do povo a ele confiado.
Para refletir:
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O que é sacerdócio ministerial e sacerdócio comum dos fiéis?
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Qual é a missão do padre?
6. Ordenação do padre
O sacramento da ordem tem três graus: diá-conos, sacerdotes e bispos. Mas aqui voltare-mos nossa atenção mais para o sacerdócio. A razão é muito simples: o padre é, dos três, aque-le que encontramos mais facilmente e com mai-or freqüência. Talvez você já tenha participado de alguma or-denação sacerdotal. É uma celebração bastante longa, mas emocionante. O Rito da Ordenação é feito sempre dentro da missa. Tem início logo após a proclamação do Evangelho. Aquele que vai ser ordenado padre já deve ter recebido os ministérios e o diaconato, que são passos ante-riores à ordenação. Sua ordenação deve ter sido aprovada pelas autoridades competentes. O candidato se apresenta com as vestes diaconais e é apresentado ao bispo que vai ordená-lo. O bispo pergunta se o candidato é digno de ser ordenado padre. Quem o apresentou ao bispo e algumas pessoas, em nome da comunidade, dão testemunho a respeito da dignidade e vontade do candidato.
Depois de estar certo de que o candidato tem condições de assumir a missão sacerdotal, o bis-po faz a homilia ou explicação daquilo que está por ser feito e da função que o sacerdote exerce na Igreja. Se quiser, o bispo poderá simples-mente ler a Exortação preparada para isso. A exortação é dirigida ao povo e ao candidato.
Terminada a explicação, o bispo interroga o candidato se ele está disposto a ser profeta, sa-cerdote e pastor e se promete obedecer ao bispo de sua diocese.
Em Seguida, o candidato se prostra, isto é, deita no chão. É um gesto de humildade e de pequenez diante da imensa responsabilidade que Deus lhe confia. Esse gesto significa tam-bém que a vocação sacerdotal e um dom de Deus, e o homem se sente pequeno e fraco, mas confia na força e na proteção de Deus. A comu-nidade, enquanto isso, invoca a comunidade ce-leste, cantando a ladainha de todos os santos, pedindo que Deus abençoe, santifique e consa-gre o eleito ao sacerdócio. Terminada a ladai-nha, o bispo invoca o Espírito Santo sobre aque-le que vai ser ordenado. A imposição das mãos e a oração de consagração, que vêm em segui-da, são o centro (matéria e forma) do sacramen-to da ordem.
O bispo impõe as mãos, em silêncio, sobre a cabeça do candidato, como os apóstolos consa-gravam seus ajudantes, impondo-lhes as mãos. (Nós já vimos qual o significado desse gesto, quando falávamos da confirmação). Todos os padres presentes repetem o gesto do bispo. A oração de consagração é rezada pelo bispo, de mãos estendidas sobre o novo padre, pedindo que Deus confirme o candidato na função de sa-cerdote, profeta e pastor do povo de Deus.
Segue-se a unção das mãos do novo padre. É um gesto de consagração, de escolha. Nós já vimos o significado do óleo e da unção, tanto no batismo como na confirmação. Com esse
gesto, o padre é enviado com a mesma missão de Jesus: profeta, sacerdote e pastor.
O novo padre e revestido com as vestes sa-cerdotais: a estola é símbolo do poder que o sa-cerdote possui de celebrar, perdoar, santificar, anunciar e reunir. A estola é uma faixa de pano colorido (ou branco) que o padre coloca ao pes-coço e desce sobre a túnica. Recebe também a casula. A seguir, o novo padre e o bispo lavam as mãos.
O novo padre recebe a patena com o pão e o cálice com o vinho. Com isso confirma-se a missão que recebeu de consagrar pão e vinho, tornando-os Corpo e Sangue de Cristo. Termi-nada a entrega das ofertas, o bispo dá o abraço da paz e cumprimenta o novo padre. Os sacer-dotes fazem o mesmo.
A missa continua. O novo padre consagra pela primeira vez, junto com o bispo e os sacer-dotes presentes, o pão e o vinho. No fim da mis-sa, o neo-sacerdote dá sua primeira bênção sa-cerdotal aos fiéis presentes.
Para refletir:
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Quais são os três graus do sacramento da or-dem?
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Qual é o ponto central da ordenação de um padre? 47
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O que significa a imposição das mãos sobre aquele que está sendo ordenado padre?
7. A pastoral vocacional
Facilmente chegados a concluir que há falta de padres em nosso país. Mais do que nunca “a colheita é grande, mas os operários são pou-cos”. Toda pastoral vocacional inicia na oração individual e comunitária, pois quem chama é sempre Deus ; é ele quem faz a evangelização frutificar ( Puebla, 862). Por isso, devemos pe-dir sempre “ao Senhor da colheita que envie operários para a sua colheita” (Lc 10,2).
Toda evangelização deve ser pastoral voca-cional: mostrar às pessoas o que Deus lhes pe-de; ajudá-las a responder positivamente. A pas-toral vocacional não se interessa somente pelas vocações ao sacerdócio ou l à vida religiosa. Fazer pastoral vocacional é mostrar que, pelo batismo, recebemos uma vocação: o chamado a sermos cristãos que vivem e anunciam o Evan-gelho. A vocação humana é o chamado que Deus nos faz à vida, quando nascemos; a voca-ção cristã é o chamado que recebemos quando fomos batizados; a vocação matrimonial é o chamado que Deus faz àqueles que se unem pa-ra constituir família; a vocação religiosa é a resposta que as pessoas dão ao chamado de Deus, deixando tudo para viver plenamente o Evangelho na vida comunitária e no serviço aos irmãos. A vocação sacerdotal é o chamado que Deus faz para que alguém seja seu representante aqui na terra, cumprindo sua missão de profeta, sacerdote e pastor.
A pastoral vocacional tem que levar em con-ta todas essas realidades. Momentos ótimos pa-ra uma conscientização disso são as aulas nas escolas, no catecismo, nos grupos de adolescen-tes, na preparação à lª eucaristia e confirmação, nos grupos de jovens, nos cursos de noivos, nos encontros de casais etc. O Documento de Pue-bla diz que os “lugares privilegiados da pastoral vocacional são a Igreja particular (diocese), as paróquias, as comunidades de base, a família, os movimentos apostólicos, os grupos e movi-mentos de juventude, os centros educacionais, a catequese e as obras das vocações” (n. 687). Quantas vezes a catequista, a professora, a mãe, o pai, o vigário, são os primeiros responsáveis pelo surgimento de uma vocação religiosa ou sacerdote. Sem muita pretensão, pergunta-se às crianças do catecismo ou aos adolescentes, ou aos jovens: “Quem de vocês gostaria de ser pa-dre ou freira?” Muitas vocações nasceram as-sim. O papel da professora, catequista, mãe, pai, é muito importante no despertar das vocações. Às vezes a gente se pergunta: Por que será que
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existem tão poucos padres ? Será só por que se reza pouco pelas vocações ? Eu acredito que se reze bastante. Então, será que Deus não ouve e não “envia operários para a colheita”? Acho que precisamos perguntar-nos se estamos desper-tando, motivando e cultivando as vocações que Deus suscita. A culpa será de Deus Não! A cul-pa é nossa, pois não nos interessamos o sufici-ente.
É importante que na sua comunidade se crie uma equipe de pastoral vocacional que busque conscientizar as pessoas sobre sua vocação e in-centive as vocações religiosas e sacerdotais. O que seria da Igreja se não houvesse padres? E-xistiria a Igreja? E, no entanto, você sabe como é difícil e custoso alguém chegar ao sacerdócio: renúncias, sacrifícios, esforço, amor, perseve-rança. O Documento de Puebla diz: “Devem-se impulsionar, coordenar e ajudar a promoção e amadurecimento de todas as vocações, sobretu-do as sacerdotais e de vida consagrada (religio-sas), dando a essa tarefa o primeiro lugar. De-vem-se incentivar as campanhas de oração, a fim de que o povo tome consciência das neces-sidades existentes. A vocação é a resposta de Deus providente à comunidade que ora” (nn. 881- 882).
Para refletir:
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O que é sacramento da ordem?
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Você é capaz de explicar a missão do padre?
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O que sua comunidade está fazendo para promover as vocações sacerdotais?
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RECONCILIAÇÃO
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RECONCILIAÇÃO
l. Instituição
O sacramento da reconciliação (também chamado de confissão) foi instituído por Jesus, embora muitos tentem negá-lo. Para entender melhor o problema da instituição desse sacra-mento, vamos reproduzir aqui a introdução tira-da do Rito da Penitência:
“Manifestou o Pai a sua misericórdia, recon-ciliando o mundo consigo em Cristo, pacifican-do pelo sangue da sua cruz tanto as coisas da terra como as do céu. O Filho de Deus, feito homem, habitou entre os homens para livrá-los da escravidão do pecado e chamá-los das trevas à sua luz admirável. Para isso, iniciou o seu mi-nistério na terra, pregando a penitência, dizen-do: ‘Fazei penitência e crede no Evangelho’ (Mc 1,15).
Este convite à penitência, já muitas vezes anunciado pelos profetas, preparou os corações dos homens para o advento do Reino de Deus pela voz de João Batista, que veio ‘proclaman-do um batismo de penitência para a remissão dos pecados’ (Mc 1,4).
Jesus, porém, não só exortou os homens à penitência a fim de que deixassem os pecados e de todo o coração se convertessem ao Senhor, mas também, acolhendo os pecadores, reconci-liou-os com o Pai. Além disso curou os enfer-mos para manifestar seu poder de perdoar peca-dos. Finalmente, morreu por nossos pecados, e ressuscitou para a nossa justificação. Por isso, ao iniciar a sua paixão salvadora, na noite em que ia ser entregue, instituiu o sacrifício da No-va Aliança em seu sangue para a remissão dos pecados, e depois de sua ressurreição enviou o Espírito Santo sobre os apóstolos, a fim de pos-suírem o poder de perdoar ou reter os pecados, e receberem a missão de pregar em seu nome a penitência e o perdão dos pecados a todas as nações.
Obedecendo à ordem do Senhor, que lhe dis-sera: ‘Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra, será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus’ (Mt 16,19). Pedro, no dia de Pente-costes, pregou a remissão dos pecados por meio do batismo: ‘Fazei penitência... e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para a remissão dos vossos pecados’ (At 2,28). Des-de então, a Igreja jamais deixou de convidar os homens à conversão e a manifestarem a vitória de Cristo sobre o pecado pela celebração da pe-nitência.
Esta vitória sobre o pecado refulge primeiro no batismo, pelo qual o velho homem é crucifi-cado com Cristo para que, destruído o corpo do pecado, já não sirvamos ao pecado, mas, res-suscitados com Cristo, vivamos para Deus. Por isso a Igreja professa a sua fé ‘num só batismo para a remissão dos pecados’.
No sacrifício da missa a paixão de Cristo se faz presente e a Igreja oferece de novo a Deus, para a salvação de todo o mundo, o Corpo que é entregue por nós e o Sangue que é derramado para a remissão dos pecados. Na eucaristia, Cristo está presente e se oferece como ‘vítima de nossa reconciliação’ e para que ‘sejamos re-unidos num só corpo’ pelo seu Espírito Santo.
Mas além disso, nosso Salvador Jesus Cristo concedeu o poder de perdoar os pecados aos apóstolos e a seus sucessores, instituindo o sa-cramento da penitência na sua Igreja, para que os fiéis, tendo caído em pecado após o batismo, se reconciliem com Deus pela renovação da graça. Pois a Igreja ‘além da água, possui as lá-grimas: a água do batismo; as lágrimas da peni-tência’ “.
Resumindo, pois, o texto que apresentamos, podemos dizer: O sacramento da reconciliação foi criado pelo próprio Jesus. Ele confiou à I-greja, nascida dele e do Espírito Santo, o encar-go de perdoar ou não os pecados da humanida-de, segundo o que ele disse a Pedro, o chefe dos apóstolos: “O que ligares na terra será ligado nos céus; e o que desligares na terra será desli-gado nos céus” (Mt 16,19).
Outro texto muito importante é o do evange-lho de são João, que diz assim: “Na tarde do primeiro dia da semana, estando fechadas as portas onde se achavam os discípulos, por medo dos judeus, Jesus veio e, pondo-se no meio de-les, lhes disse: ‘Paz a vós!’ Tendo dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então, exultaram por verem o Senhor. Ele lhes disse de novo: ‘Paz a vós! Como o Pai me envi-ou também eu vos envio’. Dizendo isto, soprou sobre eles e lhes disse: ‘Recebei o Espírito San-
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to. Aqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; aqueles aos quais não per-doardes, ser-lhes-ão retidos’ “.
Para refletir:
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Quem instituiu o sacramento da reconcilia-ção?
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A Bíblia traz outros textos que falam do per-dão dos pecados: Você é capaz de encontrá-los?
2. Dificuldades que a gente sente para se confessar
Tem muita gente que não se confessa. Mui-tos têm medo de se confessar. Outros inventam uma série de desculpas. Outros ainda não fazem uma boa confissão, esquecendo de propósito certas coisas, e sua condição espiritual se torna pior do que antes. Vamos ver, brevemente, al-gumas dificuldades que a gente encontra.
a) Falta de tempo e de padres: Embora a fal-ta de tempo tenha um gostinho de desculpa a-marela, nem sempre a gente tem tempo para ir se confessar, seja por morar longe da igreja, se-ja porque algumas vezes, infelizmente, certos padres não se dispõem a ouvir confissões.
b) Medo: Algumas pessoas foram educadas na base do “Deus castiga”; “Você vai ter que contar isso pro padre’, etc. É claro que uma e-ducação assim não é nada convidativa a uma confissão. Em vez de fazer a experiência do Deus que perdoa porque ama, as pessoas são le-vadas a fazer mau juízo de Deus: ele castiga. Alguns têm medo do padre, porque é brabo. E às vezes, infelizmente, acontece a gente encon-trar padres que dão bronca. Jesus não deu bron-ca em ninguém, a não ser nos escribas e fari-seus, orgulhosos e vaidosos, que se considera-vam bons e justos.
Outros têm medo do confessionário. Real-mente, aquela “gaiola” escura não convida à festa, à alegria. Mais parece um tribunal, onde se vai para ser julgado, e não para sair de lá em paz com Deus e com todos.
Há pessoas que têm medo de se confessar porque o padre as conhece. E pensam assim: “Com que cara vou ficar quando encontrar o padre na rua ou em outro lugar? O que ele vai dizer de mim? O que vai pensar de mim?” Bem, o padre tem obrigação de guardar segredo. A-quilo que é contado na confissão não pode sair de lá. E o padre não faz o papel do xereta que se alegra em saber das suas fraquezas. Ele tem a obrigação de esquecer aquilo que ouviu em con-fissão.
c) Falta de fé: Sem ela, ninguém sai perdoa-do da confissão. Lembre-se de quantas vezes Jesus disse aos doentes e pecadores: “A tua fé te salvou”. Tem pessoas que não acreditam na confissão porque o padre - dizem eles - “é pe-cador como eu”. É verdade! Mas o perdão de Deus não depende do grau de santidade do pa-dre: o perdão de Deus depende do arrependi-mento que você tem e o amor que você demons-tra, pois só quem ama será perdoado. Aquele que não acredita na confissão deve, em primeiro lugar, reforçar sua fé nesse sacramento.
d) Falta de conversão: Tem gente que diz assim: “Eu não vou me confessar porque faço sempre os mesmos pecados”. Ainda bem que não acrescenta outros aos pecados de sempre! Mas é necessário um esforço para vencer o mal. A confissão não é bem feita se a gente não tem o firme propósito de melhorar. Confessar-se não é ir “descontar” pecados, como a gente o faz com a conta da luz; não é a mesma coisa que pagar as contas da loja onde se comprou... É preciso conversão, ou seja, prometer mudar pa-ra melhor.
A palavra “confessar” significa “anunciar”, “proclamar”, “professar”. Anunciar o quê? A-nunciar que o amor de Deus e mais forte do que o mal que se cometeu. Aquele que se confessa está fazendo sua profissão de fé no perdão de Deus. Portanto, confessar-se não é tanto aborre-cer-se com o mal praticado, mas sentir a alegria de receber de novo o abraço do Pai que perdoa e salva.
3. O que não é confissão
Boa parte das pessoas que vão se confessar confundem confissão com outras coisas. Por exemplo: pessoas que vão pedir ao padre conse-lhos para uma situação difícil em que se encon-tram. Isso é aconselhamento, e não confissão. Outros vão desabafar com o padre. O desabafo é bom, porque alivia as tensões. Mas não é con-
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fissão. Outros, quando vão se confessar, dizem tudo o que fazem de bom. Confessar não é isso. Veja o exemplo do filho pródigo: ele se reco-nhece pecador e está pedindo perdão. Portanto, confessar não é contar vantagem, falar das qua-lidades da gente etc. Essas coisas devem ficar para outra ocasião.
Há outros: ainda, que vão confessar os peca-dos dos outros: “Meu marido bebe, é violento etc.”. Confessar-se é dizer a Deus - de quem o padre é representante - as próprias fraquezas e pedir perdão. Há outros que generalizam: “Não matei, não roubei; de resto, fiz tudo”. Esse tipo de conversa mostra claramente que a pessoa não se examinou (não fez o exame de consciência), não se arrependeu e, o que é pior, não está dis-posta a mudar de vida.
Há os que se apresentam e dizem: “Eu não tenho pecado”. E às vezes essas pessoas ficaram longe de Deus e dos sacramentos por muitos anos. Ser cristão é reconhecer-se pecador e li-mitado. E um dos grandes pecados é a preguiça, a mãe de todos os vícios. Só um não teve peca-do: Jesus. E acabou morrendo pelos pecadores.
Finalmente, há os que dizem: “Eu me con-fesso diretamente com Deus”. Acontece, porém, que o seu pecado, por mais individual que seja, prejudicou a humanidade e a Igreja inteira, pois somos todos membros do corpo de Cristo, que é a Igreja. E o padre representa Deus, a Igreja e a comunidade que você ofendeu com o seu peca-do. O padre é garantia de que Deus perdoa, a Igreja o acolhe de volta e a comunidade lhe dá seu perdão. O padre é a pessoa indicada por Deus para fazer isso. Façamos um exemplo: o juiz de paz é a pessoa indicada para, no casa-mento civil, declarar você e sua noiva marido e mulher diante da sociedade. Você ama sua noi-va. Mas se não se apresentarem diante do juiz de paz que os declare marido e mulher, mesmo que já vivam juntos, diante da sociedade não são marido e mulher. Lembre-se do que Jesus disse aos apóstolos: “Tudo o que ligardes na terra será ligado nos céus; e tudo o que desli-gardes na terra será desligado nos céus” (Mt 16,19).
Para refletir:
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Você tem dificuldades para se confessar?
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Existem outras dificuldades que as pessoas encontram? Quais?
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Existem outras idéias erradas sobre a confis-são, além das que apresentamos acima? Quais?
4. O pecado social
Muita gente pensa que o pecado seja uma questão pessoal. Puro engano. O pecado que al-guém comete afeta todos os membros da comu-nidade. Vamos fazer um exemplo: quando você machuca um dedo, ou sofre do estômago, ou tem dor de dentes, não é todo o corpo que so-fre? Por acaso você tem coragem de cantar de alegria, quando tem dor de dentes, só porque a garganta não dói? A mesma coisa acontece quando você peca. E as conseqüências do peca-do estão diante de todos: injustiças, pobreza, analfabetismo, prostituição, aborto, exploração do outro, salários injustos, e tantas coisas mais. Veja dois trechos do Documento de Puebla, fa-lando sobre o pecado social:
“Como Pastores da América Latina, temos razões gravíssimas para tornar urgente a evan-gelização libertadora, não só porque é necessá-rio recordar o pecado individual e social, mas também porque de Medellín (a conferência an-terior a Puebla) para cá a situação se agravou na maioria de nossos países” (n. 487).
“Vemos, à luz da fé, como um escândalo e uma contradição com o ser cristão, a brecha crescente entre ricos e pobres. O luxo de alguns poucos converte-se em insulto contra a miséria das grandes massas. Isto é contrário ao plano do Criador e à honra que lhe é devida. Nesta an-gústia e dor, a Igreja discerne uma situação de pecado social, cuja gravidade é tanto maior quando se dá em países que se dizem católicos e que têm capacidade de mudar: ‘que se derrubem as barreiras da exploração... contra as quais se estraçalham seus maiores esforços de promo-ção’“ (n. 28).
Você pode perguntar: “Mas que culpa temos nós? Eu nasci num ambiente assim!” É bom re-cordar que pecado não é só “fazer coisas erra-das que desagradam a Deus”. Existe também o pecado de omissão. E talvez ele seja uma das maiores culpas dos cristãos: simplesmente dei-xam de fazer coisas boas que agradam a Deus e promovam o outro. A Igreja nos ensina que não
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basta não fazer o mal. É preciso fazer o bem! O bem que você deixa de fazer é uma vitória dada ao mal! Quando a gente reza: “Confesso a Deus todo-poderoso...”, dizemos: “... pequei muitas vezes por pensamentos e palavras, atos e omis-sões”. Sim! Aí está o pecado de omissão: cruzar os braços diante do mal e das injustiças.
O que fazer, então? A solução está em come-çar a combater esses males, livrando-nos do pe-cado de omissão. Mas a primeira atitude deve ser interior: cada um procurar voltar-se total-mente para Deus. O pecado social - e todos os pecados - começam a ser evitados a partir da mudança da mentalidade e do comportamento. Pouco adianta gritar contra o pecado social se não se é capaz de tirar o pecado da própria vida; se somos injustos e violentos com as pessoas mais próximas.
5. Quando a gente deve se confessar
Existe um mandamento da Igreja que diz: “Confessar-se ao menos uma vez por ano”. Ora, não podemos levar ao pé da letra esse manda-mento. Ele é uma pista de orientação. A pessoa deve se confessar quando sente necessidade do perdão e da reconciliação com Deus e com os irmãos. Você poderá dizer: “Se for assim, tem gente que nunca se confessará”. É possível por-que essas pessoas nunca receberam uma boa o-rientação sobre o sacramento da reconciliação. Agora, eu pergunto “É cristão o gesto de passar a vida toda sem sentir necessidade da reconcili-ação?” A resposta é: não!
Porém, não se deve exagerar. Há pessoas que por qualquer pecadinho querem se confessar, sobretudo se desejam comungar em seguida. Não é necessário confessar-se toda vez que se vai comungar. O ato penitencial, no início da missa, tem essa finalidade: pedir perdão a Deus das faltas cometidas, e assim poder participar da eucaristia. Quando aparecer uma ocasião favo-rável, então a gente se confessa.
Para refletir:
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O que é o pecado social?
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O que fazer para tirá-lo do meio de nós?
6. O que é preciso para se confessar
A primeira coisa que se exige de quem vai se confessar é que esteja arrependido dos pecados que cometeu. O arrependimento, por sua vez, só é possível depois que a gente examinou o viver, o pensar e o agir do dia-a-dia. Depois disso, movidos por profundo arrependimento, a gente se aproxima do padre e faz a acusação dos pe-cados. O padre, por sua vez, dá a absolvição, rezando a fórmula do perdão, acompanhada do gesto de traçar uma cruz sobre quem está se confessando. Finalmente, há a satisfação, ou se-ja, o perdão recebido exige de nós um gesto concreto. Esse gesto demonstra nossa disposi-ção em retomar a caminhada.
Vamos ver, uma por uma, as cinco partes da Reconciliação.
7. Exame de consciência
É o gesto de examinar nossa vida diante de Deus. Os pecados que a gente cometeu ofendem a Deus em primeiro lugar. Mas ofendem tam-bém os outros e prejudicam o nosso ser, pois mancham a nossa vida, visto que fomos criados à imagem e semelhança divinas.
Tomemos o caso de Adão (lembre-se: todos nós somos Adão): Ele peca. A reação imediata é a de se esconder (o pecado é, em primeiro lugar, um rompimento com Deus). Adão peca e foge de Deus, escondendo-se. Ele fora criado para ser amigo de Deus, para estar com ele. O peca-do o torna um fugitivo. Deus lhe pergunta: “A-dão, onde estás? E ele respondeu: Percebi o vosso barulho no jardim, e fiquei com medo, porque estou nu; e me escondi” (Gn 3,9-10). Então, a primeira pergunta que a gente deve fa-zer é esta: Vivo ao lado de Deus como amigo, ou estou fugindo dele, escondido? O primeiro passo do exame de consciência é, portanto: e-xaminar o meu relacionamento com Deus.
O segundo passo é ver como está o relacio-namento com o próximo. Voltemos ainda ao ca-so de Adão (lembre-se: todos nós somos Adão). Deus lhe diz: “Quem te revelou que estavas nu? Não terás comido da árvore que te havia proibi-do de comer?” Aí, então, começa a acusação: Adão põe a culpa em Eva; ela, por sua vez, cul-pa a cobra: “A mulher que pusestes ao meu la-
do, ela foi quem me deu daquela árvore, e eu comi . . . E a mulher respondeu: A cobra me en-ganou e eu comi. ..” (Gn 3,12-13).
É sempre assim: quando se afasta de Deus, acaba-se rompendo os laços da fraternidade com os irmãos. Adão tinha ficado feliz quando Deus lhe deu Eva. Agora começa a acusá-la; e Eva não aceita ser culpada; passa a culpa para frente...
O terceiro passo é, talvez, o mais difícil. Vamos recordar: o primeiro é: eu + Deus; o se-gundo: eu + o próximo; o terceiro: eu + eu. Deus nos deu um corpo, feito à imagem e seme-lhança divinas; deu-nos inteligência, vontade e capacidade de amar, de progredir, de ser bom etc. E a gente abusa do próprio corpo, despreza a Deus com uma série de vícios. O terceiro pas-so é, portanto, analisar como a gente está cor-respondendo aos desejos de Deus, que nos fez à sua imagem. Como estamos sendo templo do Espírito Santo que recebemos no batismo.
Apresentamos , agora, o esquema de exame de consciência que está no Rito da Penitência. Lembre-se: esse esquema é só uma ajuda para você se examinar. Não vá pensar que é uma lis-ta completa de pecados. É um auxílio para que você se questione diante de Deus, do próximo e de si mesmo:
l. Eu me aproximo do sacramento da peni-tência com desejo sincero de purificação, con-versão, renovação de vida e amizade mais pro-funda com Deus? Ou, pelo contrário, o conside-ro como um fardo que se deva receber raramen-te?
2. Tenho esquecido ou omitido deliberada-mente algum pecado grave em minhas confis-sões anteriores?
3 . Tenho cumprido as penitências que me foram impostas? Tenho reparado as injustiças cometidas? Tenho me esforçado por colocar em prática os propósitos de ajustar a minha vida ao Evangelho?
A. O Senhor disse: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração” (eu + Deus)
l. Está meu coração voltado para Deus, a ponto de amá-lo verdadeiramente sobre todas as coisas, corno um filho a seu pai, cumprindo fi-elmente seus mandamentos? Ou, pelo contrário, me tenho preocupado mais com coisas terrenas? Tenho pureza de intenção em minhas obras?
2 . Tenho verdadeira fé em Deus que nos fa-lou por intermédio de seu Filho? Tenho aderido com firmeza à doutrina da Igreja? Tenho me preocupado em adquirir a instrução cristã, ou-vindo a Palavra de Deus, participando da cate-quese, evitando o que atenta contra a fé? Tenho professado sempre com coragem e destemor a fé em Deus e na Igreja? Tenho me portado co-mo cristão na vida pública e particular?
3. Tenho feito as orações da manhã e da noi-te? A minha oração é um verdadeiro diálogo com Deus ou apenas um ritual externo? Tenho oferecido a Deus os trabalhos, alegrias e sofri-mentos? Tenho recorrido a ele nas tentações?
4. Tenho demonstrado reverência e amor pe-lo nome de Deus, ou tenho ofendido a Deus com blasfêmias, juramentos falsos ou falta de respeito? Tenho desrespeitado a Santíssima Vir-gem ou os Santos?
5. Tenho honrado o dia do Senhor e os dias santificados, participando das reuniões litúrgi-cas sobretudo da missa, de maneira ativa, pie-dosa e atenta? Tenho observado o preceito da confissão anual e da comunhão pascal?
6. Tenho talvez outros deuses, como as ri-quezas, as superstições, o espiritismo, ou a ma-cumba, confiando neles mais do que em Deus?
B. O Senhor disse: “Amai-vos uns aos ou-tros, como eu vos amei” (eu + o próximo) 34
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l. Tenho verdadeiro amor ao meu próximo, ou tenho abusado de meus irmãos, utilizando-os para meu proveito pessoal e fazendo a eles o que não desejo para mim mesmo? Tenho sido para eles causa de grave escândalo com minhas palavras ou ações?
2 . Tenho contribuído para o bem e a alegria dos demais membros da minha família, pela pa-ciência e o amor sincero? Tenho sido obediente aos meus pais, respeitando-os e ajudando-os em suas necessidades materiais e espirituais? Te-nho me preocupado pela educação crista dos fi-lhos, ajudando-os com o bom exemplo e a auto-ridade paterna? Tenho sido fiel a meu esposo ou esposa em meus desejos e relações com os ou-tros?
3. Tenho dividido os meus bens com os mais pobres que eu? Tenho feito o possível para de-fender os oprimidos, socorrer os necessitados e ajudar os pobres? Ou, pelo contrário, tenho des-prezado o próximo, sobretudo os pobres, os do-entes, os anciãos, os estrangeiros e os homens de outra raça?
4. Tenho me lembrado da missão recebida na confirmação? Tenho participado das obras de apostolado e caridade da Igreja e da paróquia? Tenho prestado minha ajuda à Igreja e ao mun-do e rezado pelas suas necessidades, como, por exemplo, a união dos cristãos, a evangelização dos povos e o reinado da paz e da justiça etc.?
5. Tenho me preocupado com o bem e o pro-gresso da comunidade em que vivo, ou somente com minhas vantagens pessoais? Tenho partici-pado, de acordo com minhas possibilidades, na promoção da justiça, da honestidade dos costu-mes, da concórdia, da caridade e tenho cumpri-do meus deveres cívicos? Tenho pago os impos-tos?
6. Tenho sido justo, responsável e honesto em meu trabalho ou profissão, servindo com amor à sociedade? Tenho remunerado os operá-rios e aqueles que servem com justo salário? Tenho cumprido meus compromissos e contra-tos?
7. Tenho obedecido e respeitado as autorida-des constituídas?
8. Uso meus cargos ou autoridade para meu interesse pessoal ou para o bem dos outros?
9. Tenho sido leal e verdadeiro ou tenho pre-judicado os outros com palavras falsas, calú-nias, detrações, juízos temerários, violação de segredo?
10. Tenho prejudicado a vida, integridade fí-sica, fama, honra ou bens do próximo? Tenho aconselhado ou praticado o aborto? Tenho odi-ado o próximo? Tenho me afastado do próximo por desentendimento, inimizade, ou injúrias? Tenho recusado, por culpa ou egoísmo, a dar testemunho da inocência do próximo?
11. Tenho roubado, prejudicado ou desejado injustamente os bens do próximo? Tenho procu-rado restituir o alheio e reparar o dano?
12. Tenho estado pronto para perdoar ou fa-zer as pazes, por amor de Cristo? ou tenho guardado ódio ou desejos de vingança?
C. O Senhor Jesus Cristo diz.. “Sede perfei-tos como vosso Pai celeste é perfeito” (eu + eu)
1. Qual é a orientação fundamental de minha vida? Estou animado pela orientação fundamen-tal de minha vida? Estou animado pela esperan-ça da vida eterna? Tenho me esforçado por pro-gredir na vida espiritual, por meio da oração, da leitura da palavra de Deus, da participação nos sacramentos e da mortificação? Estou disposto a reprimir os vícios, as más inclinações e pai-xões como a inveja e a gula? Tenho sido sober-bo e vaidoso, menosprezando os demais e jul-gando-me superior a eles? Tenho sido presun-çoso diante de Deus? Tenho imposto aos de-mais minha vontade, sem respeitar a liberdade e os direitos alheios?
2. Que uso tenho feito do tempo, das forças e dos dons recebidos de Deus como os “talentos do Evangelho”? Tenho feito uso destas coisas para buscar a perfeição ou tenho sido ocioso e preguiçoso?
3. Tenho suportado com paciência as dores e contrariedades da vida? Como tenho mortifica-do meu corpo para completar “o que falta à pai-xão de Cristo”? Tenho observado a lei da absti-nência e do jejum?
4. Tenho cuidado de meus sentidos guardan-do meu corpo casto como templo do Espírito Santo, destinado à ressurreição e à glória, e co-mo sinal do amor que Deus tem pelos homens simbolizado plenamente no sacramento do ma-
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trimônio? Tenho manchado meu corpo com más ações, palavras e pensamentos impuros? Tenho consentido em maus desejos? Tenho-me entre-gue a leitura, conversações, espetáculos e diver-sões desonestas? Tenho sido causa, com meu exemplo, do pecado dos outros? Tenho obser-vado a lei moral no uso do matrimônio?
5. Tenho agido contra minha consciência por temor ou hipocrisia ?
6. Tenho procurado agir sempre na verdadei-ra liberdade dos filhos de Deus segundo a lei do Espírito, ou tenho sido escravo de minhas pai-xões?
8. Arrependimento
Não basta perceber que às vezes a gente foi um fugitivo diante de Deus; um acusador dos irmãos; uma imagem desfigurada do Pai. É ne-cessário o arrependimento: “Oxalá ouvísseis ho-je a sua voz. Não endureçais os vossos cora-ções” (51 94) . É o arrependimento que nos mo-tiva à confissão. Ele está ligado à conversão: é preciso mudar a orientação da vida; é preciso melhorar, ser mais santo, mais puro, mais justo. Sem arrependimento não existe confissão. E sem propósito de melhorar o perdão de Deus não realiza sua ação. Para você entender melhor a importância do arrependimento, veja, adiante, a história do Pai misericordioso.
9. Acusação dos pecados
A acusação dos pecados é a terceira parte da reconciliação. Aquele que se confessa precisa se aproximar do padre - que representa Deus - e contar todos os pecados cometidos, sem deixar nenhum de lado. Porque se alguém esquece de propósito algum pecado, comete um mal maior. O padre não sabe quando alguém está mentindo, mas Deus conhece. E ninguém o engana. E se alguém, sem querer, se esqueceu de algum pe-cado? Quando alguém se confessa, terminando a acusação dos pecados, é bom que diga: “Peço perdão desses pecados e dos que não me recor-do”. E o perdão vale da mesma forma. Mas veja bem: trata-se de esquecimento, não de omissão.
10. Absolvição
A absolvição é o gesto sacramental da re-conciliação. O gesto sacramental do batismo é derramar água; da confirmação é ungir; o da re-conciliação é traçar uma cruz sobre quem está se confessando. Enquanto faz esse gesto, o pa-dre pronuncia a fórmula: “Eu te absolvo dos teus pecados em nome do Pai, do Filho e do Es-pírito Santo” .
É bom lembrar que não é um gesto mágico. Para que haja verdadeira absolvição torna-se necessário o arrependimento, acompanhado da conversão.
11. Satisfação
É o remédio contra o mal cometido. Não é só rezar umas orações apressadas, mas iniciar uma caminhada nova, caminhada de gente converti-da e renovada pelo perdão. Quem fez o mal ao outro deve reparar o mal feito. A satisfação é pagar com amor o mal e os prejuízos que cau-samos aos irmãos. “A Verdadeira conversão se completa pela satisfação das culpas, pela mu-dança de vida e pela reparação do mal causa-do... Assim, o penitente, esquecendo o que pas-sou, entrega-se de novo ao mistério da salvação, lançando-se para frente” (Rito da Penitência).
Para refletir:
•
O que é preciso para se confessar?
•
O que é o exame de consciência?
•
É possível fazer uma boa confissão sem estar arrependido?
12. Alguns textos bíblicos
São muitas as passagens da Bíblia que falam do perdão dos pecados. Não vamos colocá-las todas aqui. Simplesmente comentaremos duas entre as mais importantes. Depois você poderá refletir sobre as outras.
1) A história do pai misericordioso
É conhecida também como “parábola do fi-lho pródigo”, e se encontra em Lucas 15,11-32. Nela temos um pai que é bom. O pai representa Deus Pai. Temos dois filhos: o mais velho e o mais moço. Nós podemos nos assemelhar ora a um, ora a outro.
O filho mais novo pede a sua parte na heran-ça e vai esbanjá-la numa vida fácil: é o risco da liberdade. Deus nos fez livres. Ele não põe obs-táculos à nossa liberdade. Sabe que o que va-mos fazer é loucura. Dá-nos as graças para evi-tá-la. Mas não nos impede de sermos livres.
O jovem sai de casa, mas em pouco tempo cai na miséria. E é mandado cuidar dos porcos. O porco, para os judeus, era um animal impuro: não se podia comer a sua carne, nem tocar nele: quem o tocasse ficaria impuro: o pecado leva o homem a uma situação de miséria extrema e o torna impuro.
Aí ele percebe o erro que cometeu: perdeu a condição de filho, perdeu os bens, os amigos, o sentido da vida. E vem o arrependimento: “Vou-me embora, procurar meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como um dos teus empregados”.
“Vou-me embora”: é a atitude de quem está disposto a largar o pecado em que está. “Pequei contra o céu e contra ti”: o pecado é uma ofensa a Deus (o céu) e uma quebra da fraternidade com os irmãos (contra ti). “Já não sou digno de ser chamado teu filho”: o pecado deixa a pessoa cega espiritualmente. Ele nem mais se considera filho, pois com o erro cometido perdera a filia-ção.
A atitude de Deus para com o pecador é es-perar com amor. “Ele estava ainda ao longe, quando o pai o viu, encheu-se de compaixão, correu e abraçou-o, cobrindo-o de beijos”: Deus vai ao encontro do pecador arrependido. Ele não dá bronca nem se queixa. Recebe de volta o filho com abraços e beijos.
O jovem, arrependido, tenta acusar seus pe-cados (leia o versículo 21). O pai, porém, o in-terrompe, pois percebe o arrependimento e a dor do filho que volta. E não só lhe dá o perdão, mas faz uma grande festa: Deus sempre faz fes-ta quando o pecador se converte: “Em verdade vos digo que do mesmo modo haverá no céu mais alegria por um pecador que se converte do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão” (Lc 15,7). A roupa nova, anel, sandálias, são sinais de que ele voltou a ser fi-lho novamente.
Agora o irmão mais velho entra em cena. Sempre ficara em casa, servindo o pai em tudo. Mas não é tão bonzinho assim. Quando o irmão volta, ele se revolta contra o pai: “Há tantos a-nos que eu te sirvo, e jamais transgredi um só dos teus mandamentos, e nunca me deste um cabrito para festejar com meus amigos”. Veja bem o que ele diz: “Há tantos anos que eu te servo”. Ele se comportava como um emprega-do, não como um filho. Ele não amava o pai. Só vivia junto. E mais: agora acusa o irmão: “Con-tudo, veio este teu filho , que devorou teus bens com prostitutas, e para ele matas o novilho ce-vado”. “Este teu filho”: Ele não tem coragem de dizer: “meu irmão”. Para ele, quem errou não é mais irmão, mesmo que esteja arrependido. “Gastou teus bens com prostitutas”: o texto no versículo 13 não diz isso. Ele está caluniando!
A resposta do pai é um convite ao amor que perdoa: “tudo o que é meu é teu”: é um convite a reviver a fraternidade.. “era preciso que feste-jássemos, pois este teu irmão estava morto e tornou a viver; ele estava perdido e foi reencon-trado”.
Fica no ar uma pergunta: O filho mais velho aceitou o convite do pai? Será que perdoou? Não se sabe. A gente vai saber disso na prática, pois todos somos filhos pródigos, ou filhos mais velhos. A história do pai misericordioso está continuando na gente.
2) Perdoai-nos assim como perdoamos
Jesus contou outra história para nos ensinar a perdoar pra sermos perdoados. Você a encontra em Mateus 19,23-35. Jesus nos diz que um rei (Deus) resolveu acertar as contas com seus em-pregados (nós). Apresentou-se um que devia dez mil talentos. Você sabe a quanto eqüivalem 37
dez mil talentos? São caminhões e caminhões carregados de ouro, ou seja, uma quantia que ninguém pode pagar de jeito algum (o pecado também é uma dívida impagável).
Diante da ameaça de cadeia, o empregado pede que o rei tenha paciência e espere um pou-co mais. Pede um prazo. Deus não só lhe dá um prazo, mas é misericordioso: ele perdoa toda a dívida, apaga todo pecado.
Agora vem a segunda parte da história. A-quele que foi perdoado de uma dívida impagá-vel, sai a rua e encontra um companheiro que lhe devia cem denários, ou seja, uns trocados apenas, em comparação com a dívida de dez mil talentos. E o estrangulava, dizendo: “Paga o que me deves”. O companheiro pedia, de joelhos, que lhe desse um prazo. Pedia-lhe com as mes-mas palavras que ele tinha pedido ao rei. Mas que diferença! O rei havia perdoado uma dívida impagável. Agora, aquele que foi perdoado não é capaz de perdoar uma mixaria. Manda colocá-lo na cadeia!
O rei fica sabendo da notícia: Deus fica sa-bendo de tudo! E o chama de volta. Dá-lhe uma bronca: “Empregado mau!” E porque não foi capaz de perdoar, também não recebeu o perdão do rei. E a conclusão de Jesus é forte: “Eis co-mo meu Pai celeste agirá convosco, se cada um de vós não perdoar, de coração, ao seu irmão” .
13. Conclusões
Se você quiser refletir um pouco mais, pegue a Bíblia e leia Lucas 15,4-10: Deus faz festa quando o pecador volta; leia também Lucas 19,1-10: Jesus veio chamar o pecador. O peca-dor que se converte paga com o bem ao mal que fez; leia também Lucas 7,36- 50: O amor cobre uma multidão de pecados. Só quem ama é que será perdoado.
Para refletir:
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O que é a confissão?
•
Por que o arrependimento é tão importante ?
•
Você é capaz de fazer o exame de consciên-cia?
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UNÇÃO DOS ENFERMOS
UNÇÃO DOS ENFERMOS
1. A unção dos enfermos
Até pouco tempo, este sacramento era cha-mado de extrema unção. A mudança para unção dos enfermos não pretende ser uma simples tro-ca de palavras. Atrás desta mudança há um con-vite a entender e viver de modo novo esse sinal do amor de Deus. Até pouco tempo (e em al-guns lugares ainda hoje), quando o padre ia un-gir um doente, era sinal de que não havia mais esperança. Ele ia para “acertar o passaporte” daquela pessoa para a eternidade. E os familia-res podiam “preparar o caixão”. Por aí você no-ta que esse sacramento era visto como um mo-mento de desespero e não de esperança. E mui-ta gente, ainda hoje, espera que o doente esteja “nas últimas” e que, se possível, já não perceba a presença do padre. É bom insistir que esse sa-cramento é dos enfermos e não dos moribundos.
Paulo VI, falando da instituição desse sa-cramento, diz: “A Sagrada Unção dos Enfer-mos, como a Igreja católica professa e ensina, é um dos sete sacramentos do Novo Testamento, instituído por nosso Senhor Jesus Cristo, suge-rido em são Marcos (6-13), promulgado e re-comendado aos fiéis por são Tiago, apóstolo e irmão do Senhor. São Tiago pergunta: ‘Alguém de vós está enfermo? Mande chamar os presbí-teros (padres) da Igreja, para que orem sobre e-le, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. A oração da fé salvará o doente e o Senhor o porá de pé; e se tiver cometido pecados, estes lhe se-rão perdoados’ (Tg 5,14-15)”. Baseada nesses dois textos da Bíblia, a Igreja afirma: a unção dos enfermos é um sacramento instituído por Deus.
2. O mistério da dor
Não é fácil a gente entender, sem os olhos da fé, por que existe a enfermidade, a doença às vezes incurável. Mais difícil ainda é aceitá-las. Muitas pessoas (e famílias) se revoltam diante do sofrimento. Alguns desesperam, desejam a morte, não acreditam mais em Deus. Sobretudo quando a enfermidade toma conta de pessoas de bem, de crianças que não merecem sofrer tanto, ou de pobres que não têm com que se curar. É preciso colocarmos fé diante do mistério da dor. Devemos passar a crer que Deus confia a certas pessoas a missão de sofrer para que ou-tros tenham forças e coragem em lutar pelo bem; para que outros tenham saúde, a fim de sustentar a família, a comunidade. Se na sua família ou comunidade há gente en-ferma, acredite que essas pessoas estão carre-gando as dores de muitos, para que estes pos-sam continuar a sustentar a família e promover a comunidade. Comece a pensar que existe uma missão atrás do sofrimento; que Deus confiou esta missão aos que são mais generosos e bons. Os enfermos de sua comunidade (ou família) estão sofrendo por você, para que você continue tendo saúde e não desanime diante das dificul-dades.
3. O óleo dos enfermos
A Bíblia nos ensina que, desde os tempos mais antigos, o óleo tinha um poder curativo. Servia de remédio. Fazia parte da farmácia dos judeus (nós falamos disso no batismo e na con-firmação). O óleo dos enfermos é abençoado pelo bispo na quinta-feira santa. Quem adminis-tra a unção dos enfermos é o padre. É importan-te que toda a família (e se possível os vizinhos) estejam presentes ao ato, e todos se tenham pre-parado espiritualmente para esse acontecimento. A unção dos enfermos não deveria ser adminis-trada àquelas pessoas que não tiveram uma vi-vência de fé. Motivo: Os sacramentos não são magia. Pouco adiantaria para o enfermo aquele gesto, se ele não tem fé. Ela não pode ser admi-nistrada só para contentar a família. Qualquer sacramento pressupõe sempre uma atitude de fé por parte de quem o recebe e por parte de toda a comunidade. Só assim é que os sacramentos se tornam a presença de Deus na vida do homem e da Igreja.
Para refletir:
39
40
•
Por que a extrema unção passou a ser cha-mada de unção dos enfermos?
•
Por que existe o sofrimento?
•
Por que a unção dos enfermos não deve ser dada a uma pessoa que não tem fé ?
4. A unção é sacramento dos enfermos e não dos moribundos
A Igreja nos diz que “a unção dos enfermos não é sacramento só dos que estão no fim da vi-da; e o tempo oportuno de recebê-lo já inicia quando o doente começa a estar em perigo de morte, seja por doença, seja por velhice” (Sa-crosanctum Concilium, 73). Portanto, o sujeito da unção dos enfermos é aquele que adoeceu de uma doença grave. Se na sua família ou comu-nidade há doentes (com doença grave), a eles é que se deve administrar a unção, desde que o desejem e estejam devidamente preparados. As pessoas idosas também podem receber esse sa-cramento. Não se deve, pois, deixar “para a úl-tima hora” a recepção desse sacramento.
5 . A unção é sacramento da salvação total e não só da saúde do corpo, ou só da alma
Ao longo da história, a unção dos enfermos foi vista ora como remédio contra as doenças do corpo, ora como remédio para os males da alma. Hoje em dia não se faz mais a distinção entre corpo e alma. O homem é corpo e alma indistin-tamente e deve salvar-se como um todo. A gra-ça de Deus age no corpo e no espírito do ser humano. Portanto, aquele que deseja receber a unção como remédio para o corpo, é melhor que procure um médico. E aquele que busca esse sacramento só como perdão dos pecados, deve procurar um padre e se confessar. A unção dos enfermos é o sacramento da salvação total, do corpo e do espírito ao mesmo tempo, pois eles fazem parte de uma única realidade: o homem. Para entender melhor esse aspecto, veja o que será dito mais adiante, quando falarmos dos e-feitos da unção dos enfermos.
6. A unção é o sacramento da fé, e não da magia
Todos os sacramentos supõem que aquele que os recebe tenha fé. Eles não são gestos má-gicos. É preciso ter fé e acreditar que naqueles sinais Deus está presente com sua graça e sal-vação. Administrar qualquer sacramento a uma pessoa que não tem fé é bobagem, como é bo-bagem atribuir à unção dos enfermos, um poder milagroso. Pode ser que um doente, ao receber a unção, fique curado. Não é impossível. Mas, nesse caso, a cura é fruto da fé. Ela não vem au-tomaticamente. Não se dá a unção a quem não foi batizado. Se alguém, que não foi batizado, deseja receber a unção dos enfermos e está pre-parado para isso, deve-se dar-lhe o batismo, e não a unção.
7. A unção é sacramento da comunidade e não só do indivíduo
Os sacramentos são sinais da presença de Deus na Igreja-comunidade. Embora as pessoas recebam individualmente a unção dos enfermos, ela é sacramento da comunidade, pois todos nós fazemos parte do Corpo de Cristo, que é a Igre-ja. Portanto, pede-se a participação, na oração, dos familiares, parentes e da comunidade. Na prática, é difícil a gente conseguir mudar a men-talidade, mas devemos crer que se alguém sofre, todos nós sofremos com ele.
8. A unção é sacramento da esperança e não do desespero
Os conceitos de extrema unção e de mori-bundo podem levar o doente e os familiares ao desespero. A unção dos enfermos e o sacramen-to da esperança. Deus, que acompanhou a vida do homem desde seu nascimento, não o aban-dona nos momentos difíceis, como é o caso de uma doença grave, a velhice, o perigo de morte etc. A unção dos enfermos quer ajudar o doente a enfrentar a doença e a entregar-se confiante nas mãos de Deus, de onde saímos e para onde voltamos. Ela é a esperança de que nossa vida, mesmo morrendo, não nos é tirada, mas trans-formada em vida eterna, como rezamos num dos prefácios de missas dos mortos.
Sugestões para aprofundar o tema
Tente explicar, com suas palavras, os cinco pontos expostos acima. Se encontrar dificulda-des, ou tiver dúvidas, procure alguém que possa esclarecê-lo.
9. Efeitos da unção dos enfermos
Dissemos acima, que esse sacramento, ao longo do tempo, foi focalizado como cura para as doenças do corpo, ou como remédio contra os males do espírito (alma). E mostrou-se que hoje em dia somos chamados a olhar o ser hu-mano como um todo: corpo e espírito, onde um depende do outro. Tendo isso como base, va-mos ver alguns dos efeitos (ou frutos) desse sa-cramento.
a) A graça do Espírito Santo. Todo sa-cramento é presença de Deus na vida da Igreja e das pessoas. Quem recebe com fé a unção dos enfermos sente o conforto divino em sua vida; percebe que Deus se encontra presente em todas as etapas da existência humana, mesmo naque-las onde nossas forças fraquejam, como na do-ença e na dor.
b) Possibilidade direta ou indireta de cura. Já dissemos que ninguém deve buscar a unção para se livrar de uma doença. Dissemos também que a unção é sacramento da fé, e não da magia. Mas a graça divina, às vezes, opera uma cura corporal ou psíquica. Nesse caso, além da cura, a unção enriquece a experiência espiritual do doente. 41
c) Restabelece a comunhão com Deus e com os irmãos. Os sacramentos são sinais que mos-tram a graça divina agindo nas pessoas. A un-ção faz o doente sentir-se apoiado por Deus, perdoado e guiado. Quando o doente não tem condições para se confessar, a unção é também reconciliação, perdão dos pecados.
d) Restabelece a força espiritual. A doença do corpo indispõe espiritualmente a pessoa. Quando alguém cai enfermo, corre o perigo de enfraquecer-se espiritualmente. Chega a perder o gosto de viver. Percebe que seu fim pode estar perto. A dor que sente pode levá-lo a revoltar-se contra Deus e contra as pessoas. A unção deseja ser a força espiritual diante da dor, ajudando o doente a fazer em tudo a vontade de Deus. Aju-da e ensina a ter paciência no sofrimento.
e) Dá equilíbrio. O enfermo, por causa de sua doença, geralmente costuma fechar-se, ficar triste, irritado. A doença estraga o equilíbrio in-terno de uma pessoa. O doente depende em tudo dos outros. O corpo não obedece mais. Ele só sabe receber. A unção quer ajudá-lo a encontrar o equilíbrio. Mostra-lhe que, mesmo doente, é importante aos olhos de Deus e ainda tem uma missão a cumprir.
f) Traz a esperança. O enfermo se preocupa com seu fim, que pode estar próximo. Percebe que a dor pode trazer a morte. A unção dos en-fermos ensina ao doente (e ao velho) a aceitar a doença, a velhice e a morte como um desafio. Ele volta a aceitar seu corpo, mesmo que doen-te. Pela fé, percebe que a morte faz do homem um ser vivo para Deus. Com esperança, o doen-te se sente valorizado. Sabe encarar a doença como uma missão que Deus lhe confiou. Deixa de se considerar inútil e dependente, pois sabe que está dando algo muito precioso de si mes-mo.
g) Torna Deus presente. É muito comum a gente encontrar doentes que sofrem também de solidão. Dói mais o abandono do que o mal físi-co. Sobretudo se o enfermo não tem familiares ou amigos, ou sofre de doença contagiosa. A unção dos enfermos, como sacramento, torna Deus e a comunidade presentes ao lado de quem sofre. E Deus assume a fraqueza humana, trans-formando-a em força. “Quando sou fraco, então é que sou forte”, dizia são Paulo (2Cor 12,10).
É bom notar, porém, que esses efeitos não são gestos mágicos. Eles pressupõem que o en-fermo esteja disposto a receber o sacramento, consciente do que ele significa e representa para
quem o recebe, pois se o administramos a quem está agonizando, que sentido terá?
Para refletir:
•
Você acredita que a unção dos enfermos po-de realizar no doente o que dissemos acima?
•
Quando isso se torna possível? 42
•
Por que, na sua opinião, esse sacramento é o mais esquecido de todos?
10. Rito da unção dos enfermos
A celebração da unção é bastante rápida e simples, também por causa da condição do en-fermo. A participação da família é importante e, conforme o caso, poderão enriquecer a celebra-ção com orações, cantos, criando um clima de alegria e não de tristeza, de esperança e não de desespero. A cerimônia é composta de:
a) Saudação: o padre cumprimenta a família e o doente, perguntando como está etc. A se-guir, explica o significado da unção dos enfer-mos.
b) Confissão (ou ato penitencial): Se o doen-te não tem condições para se confessar, o sacer-dote convida o enfermo e a família (os que es-tão presentes) a reconhecer as próprias culpas e pedir perdão a Deus.
c) Leitura bíblica: Lê-se um trecho da Pala-vra de Deus, referente ao momento.
d) Oração dos fiéis, onde se pede especial-mente pelo enfermo .
e) Oração sobre o óleo.
f) A sagrada unção: o padre unge a testa e as mãos do enfermo, e diz: “Por esta santa unção e pela sua piíssima misericórdia, o Senhor venha em teu auxílio com a graça do Espírito Santo para que, liberto dos teus pecados, ele te salve e, na sua bondade, alivie os teus sofrimentos” .
g) Oração.
h) Pai-nosso e bênção final.
11. Deus não quer o sofrimento
A dor e o sofrimento não foram inventados por Deus. Eles são frutos da má liberdade do homem, dos abusos e também são conseqüên-cias da própria limitação humana. Os sacramen-tos são celebrações da vida. Portanto, todo sa-cramento que recebemos é um convite a viver e a defender a vida.
Ao celebrarmos a unção dos enfermos, que-remos fazer as pessoas pensar na falta de saúde que existe entre os brasileiros; lembrar as crian-ças que morrem; a espera angustiante do povo nas filas de atendimento médico; os abortos pra-ticados diariamente; os velhos abandonados; os jovens que desejam ser médicos só porque essa profissão dá dinheiro; os hospitais só para, “do-encinhas” de ricos, ao passo que os pobres mor-rem por falta de assistência primária; a má von-tade dos assistentes de saúde ao atender os pa-cientes; o comércio do sangue; a falta de sane-amento básico (água, esgoto) nas periferias das cidades; a falta de atendimento às gestantes; a mentira que encobre os dados estatísticos das doenças dos brasileiros etc.
Ao celebrarmos qualquer sacramento, Deus nos chama à defesa e promoção da vida do ho-mem. Todos devem dar uma resposta. Como a chuva que desce do céu para lá voltar só depois de ter fecundado a terra, assim são os sacramen-tos: querem fecundar a vida humana, tornando os homens verdadeiras imagens de Deus.
12. Visita aos doentes
Só quem experimentou sabe como dói a soli-dão de um quarto; anos a fio numa cama; a au-sência das pessoas. “Estive doente e me visitas-tes” (Mateus 25, S). É dever do cristão visitar o doente), ajudá-lo, escutá-lo, ter compaixão (=
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sofrer com ele). A enfermidade abate o ânimo do doente. O conforto, a esperança e a fé são um santo remédio. A visita a um doente o enche de vida nova, o reanima.
É bom, ao se visitar um doente, rezar com ele e para ele; ler algum trecho da Bíblia; rezar salmos ou outras orações. Devemos visitar os doentes e mostrar-lhes que temos esperança. Aquele que o faz só “porque tem dó do enfer-mo” não é portador da verdadeira força que de-ve existir no sofrimento. Muitos doentes têm mais força de vontade do que os sadios. Quem vai ao encontro de um doente deve levar-lhe co-ragem, fé e esperança. “Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: ‘Paz a esta casa’ “ (Lc 10, 5 ), paz a este doente. E preciso dizer como Jesus: “Não temas! Não chores!” (Lc 7,13) .
Para refletir:
•
O que é a unção dos enfermos para você?
•
Quais as idéias erradas sobre esse sacramen-to?
•
Como agir para mudar essa mentalidade?
•
A leitura desses textos o ajudaram a compre-ender melhor esse sacramento?
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AS DIVERSAS FORMAS DE CATEQUISAR EM NOSSOS DIAS
Catequese 2
QUEM SOU EU?
OBJETIVOS
- Despertar para o conhecimento de si mesmo;
- Descobrir a relação com Jesus, a partir dos títulos cristológicos;
- Assumir o respeito por si e pelos outros, à maneira de Jesus.
Observações pedagógicas
Esta catequese pretende contribuir para um aprofundamento do conhecimento da personalidade de cada elemento do grupo.
As dinâmicas propostas estão orientadas no sentido de permitir que os adolescentes reflitam sobre si próprios e melhorem a sua auto-estima e o respeito pelos outros.
É importante a criação de um ambiente agradável, de modo a assegurar que os comentários feitos sejam positivos e permitam ao adolescente sentir-se apreciado, numa atmosfera aberta e acolhedora. É bom realçar que o que vai sendo dito acerca de cada um mostra que são únicos e irrepetíveis.
Materiais
- Folhas de papel;
- Folhas de cartolina;
- Lápis ou canetas de cor;
- Leitor de CD;
- Imagem de Jesus Cristo;
- Dístico: “Jesus de Nazaré é o Filho de Deus”.
- “Às vezes quase sem darmos conta…” (Grupo Vida +);
- “Não sou o único” (Resistência).
II – DESENVOLVIMENTO DA CATEQUESE
1.º Encontro – CONHEÇO-ME?
I. EXPERIÊNCIA HUMANA
1. Terminámos o nosso último encontro, descobrindo que é muito importante sermos um grupo unido e caminharmos juntos, durante este ano de catequese.
Para isso, precisamos também de nos conhecer melhor, de saber quais as nossas qualidades, defeitos e sonhos.
2. Podemos, por isso, preencher o quadro do catecismo: “Conheço-me...”.
(Depois de preenchido o quadro:)
Como a partilha faz parte da vida de um grupo, sugiro que coloquemos em comum alguns aspectos mais importantes da nossa reflexão, por exemplo:
Como é que nos sentimos? Foi difícil encontrar virtudes e defeitos? Acham que é importante conhecermo-nos bem? A verdade é que, quanto melhor nos conhecemos, mais podemos crescer, uma vez que mais facilmente aprendemos a superar os aspectos mais negativos da nossa vida.
(O catequista deve estar atento e ajudar os que tiverem mais dificuldade em se expressar, completando em seguida:)
1.ª Alternativa
Convido-vos a ouvirmos, neste momento, a canção “Às vezes quase sem darmos conta”. (Depois de ouvida a canção:)
Que frase da canção mais corresponde a situações que já vivemos?
O que será um “horizonte fechado” em que só nos podemos ver a nós próprios?
Talvez signifique que, se olhamos só para nós, não descobrimos quem somos, ficamos com o horizonte fechado…
Isso pode levar-nos a uma baixa auto-estima (gostamos pouco de nós como somos), falta de confiança, vontade obsessiva de nos parecermos com alguém famoso, isolamento dos outros, sentir-se inconstante....
Temos, assim, de sair de nós próprios e ir à procura do que é mais importante, do “Tudo”, não nos ocupando apenas com “pequenos nadas”.
2.ª Alternativa
Para isso, gostaria que ouvíssemos a canção: “Não sou o único” (Resistência), e sublinhássemos no Doc.1 as palavras que têm maior significado para cada um de nós. Têm 5 minutos.
Porque escolheram essas afirmações? Que ligação há entre essas afirmações e a vossa vida?
(Convidar à partilha, criando espaço para escutar cada um dos pré-adolescentes. O catequista deve estar atento e ajudar os que tiverem mais dificuldade em se expressar).
3. Utilizando qualquer uma das alternativas, o catequista continua, fazendo todo o possível para que sejam os catequizandos a sintetizar.
Que conclusões poderão retirar desta actividade?
1) Antes de mais, todos nós temos imensas qualidades, que às vezes esquecemos.
2) É importante valorizarmos o que temos de bom, para ser mais fácil corrigir os defeitos.
3) Uma forma de darmos graças a Deus pela maravilha da vida consiste em nos aceitarmos como somos, com as nossas características.
4) Às vezes, gostaríamos de ser diferentes. Contudo, assim como uma flor é bela por ser como é (uma rosa branca perderia o interesse se fosse igual a outras flores, se quisesse ser gladíolo e deixasse de ser rosa branca…), também nós somos belos como somos, pois somos como uma palavra de amor pronunciada por Deus.
5) Repararam que, ao comunicarmos um pouco de nós mesmos, ficámos a conhecer-nos melhor e crescemos como grupo.
Além disso, estais a entrar numa fase de mudança: a adolescência. Para perceber mais facilmente o que se passa convosco, o que vos causa ansiedade e, por vezes, alterações profundas de humor, devem estar atentos às mudanças que estão a acontecer. Mas o que caracteriza esta fase da vida?
- Uma fase de mudança em que devo aprofundar a questão: "quem sou eu", em que me devo conhecer melhor, para crescer por dentro;
- Também uma ocasião de aprender a gostar de mim como sou: rapariga ou rapaz, com a altura que tenho, com a forma de queixo que herdei dos meus pais... sou uma maravilha do amor de Deus, com todas as qualidades que quero desenvolver e todos os defeitos que quero ultrapassar;
- Um tempo de desenvolver a consciência, para poder ser responsável pelas minhas escolhas, treinando-me a conhecer o que é Bem e o que é Mal; pois, só fazendo o Bem, podemos ser verdadeiramente felizes e contribuir para a construção de um mundo melhor;
- Uma etapa de aprofundamento da minha liberdade, no respeito pela liberdade dos outros e na procura da verdade;
Agora uma questão muito importante: Haverá Alguém que possa ser decisivo para o desenvolvimento da minha personalidade? Alguém que responda ao meu desejo profundo de felicidade, que me ajude a corrigir os defeitos e a desenvolver as virtudes?
Pensemos nesta questão durante a oração que vamos fazer e também durante a semana, até ao próximo encontro...
PARA INTERIORIZAR (em dois coros ou um leitor recitando cada parágrafo, com muita tranquilidade, se necessário, repetir:)
Apesar de ser uma maravilha
O quotidiano abrir dos nossos olhos,
Só Tu, ó Deus, nos podes conceder o dom
De abrirmos real e profundamente
O coração à plenitude da tua verdade,
Ao esplendor da tua luz.
Purifica-me de tantos olhares apagados!
Aqui me apresento, assim como sou,
Disponível para acolher o brilho da tua luz
Que a todos vem indicar caminhos de salvação.
(D. Carlos Azevedo)
O encontro pode terminar com a canção do início.
2.º Encontro – E vós, queM dizeis que eu sou?
Os catequizandos, ao entrarem na sala, deparam-se com a seguinte pergunta: “E Vós, quem dizeis que eu sou?” (A frase deve estar afixada na parede).
Quem vos parece ser o autor desta pergunta? E vós, que resposta daríeis? (Ouvir os adolescentes)
(O catequista pode completar, com os exemplos seguintes, caso não tenham sido ainda ditos: Rei, Profeta, Revolucionário, Santo, Messias, Filho de Deus, Cristo, Senhor, Salvador, Redentor, Bom Pastor, Mestre, Bondoso, Verdadeiro, Amigo, Fiel, Acolhedor, Misericordioso, Homem da História, Filósofo, …)
II. PALAVRA
1. Convido-vos agora a abrir a Bíblia, para conhecermos a resposta, como vem em Mc 8, 27-30.
Antes de lermos o texto, é importante sabermos que ele é uma espécie de marco divisório na experiência dos discípulos com Jesus. Podemos dividir o Evangelho de Marcos entre “antes” deste episódio e “depois” deste episódio. Vamos escutar:
27Jesus partiu com os discípulos para as aldeias de Cesareia de Filipe. No caminho, fez aos discípulos esta pergunta: «Quem dizem os homens que Eu sou?» 28Disseram-lhe: «João Baptista; outros, Elias; e outros, que és um dos profetas.»29«E vós, quem dizeis que Eu sou?» - perguntou-lhes. Pedro tomou a palavra e disse: «Tu és o Messias.»30Ordenou-lhes, então, que não dissessem isto a ninguém. (Mc 8, 27-30) |
Porque será que esta passagem bíblica é tão importante? (…)
Jesus apresentava-se com uma grande autoridade no que dizia e no que fazia, o que levava as pessoas a perguntar: “Quem será Ele?” (cf Mc 1, 27).
Temos finalmente a resposta. Por isso, esta Palavra é muito importante também para nós. Será que também nós queremos saber quem é verdadeiramente Jesus?
Mais, acham que encontrámos a resposta à questão do último encontro: “haverá Alguém que seja determinante no meu desenvolvimento, na procura da felicidade”? Que vos parece? (ouvir os adolescentes)
Vamos procurar descobrir esse Alguém a partir de alguns dos títulos que, ao longo dos tempos, Lhe foram atribuídos.
2. O catequista pode apresentar os títulos com a ajuda de acetatos ou “powerpoints”, ou então distribuir cada um dos títulos por grupos e, depois da partilha, fazer uma boa síntese.)
JESUS
“Jesus” significa, em hebraico: “o Senhor (ou Iahvé) salva”. Nisso se baseia S. Mateus, quando, a propósito do nome de Jesus, escreve: salvará o povo dos seus pecados (Mt 1, 21). Trata-se, porém, de um nome próprio, apesar de indicar também a missão. Este nome foi comunicado pelo anjo Gabriel a Nossa Senhora, no momento da anunciação. O nome “Jesus” quer dizer que, n’Ele, Deus está presente para salvar toda a humanidade. O nome de Jesus está no coração da oração cristã; por isso, as orações litúrgicas terminam: “Por Nosso Senhor Jesus Cristo…” (cf CIC 430-435).
CRISTO
“Perguntou-lhes de novo: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» Tomando a palavra, Simão Pedro respondeu: Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo»" (Mt 16, 15-16).
“Cristo” é uma palavra grega, que significa o mesmo que “Messias” em hebraico: “Ungido”. Primeiro era um título dado ao rei, porque era ungido com azeite, quando era eleito, como sinal da força de Deus para cumprir a missão a que era chamado.
E também o Enviado por Deus, tão esperado, que viria para salvar o povo, deveria ter a força do Espírito Santo, para exercer a sua missão de rei, sacerdote e profeta. Desde os primeiros cristãos, liga-se a consagração messiânica de Jesus ao seu baptismo. Foi então que “Deus o ungiu com o Espírito Santo e com poder” (Act 10, 38). De facto, é a partir desse momento que Jesus inicia o anúncio do Reino de Deus, através de gestos e palavras (cf CIC 436 ss).
FILHO ÚNICO DE DEUS
Já no Antigo Testamento se anunciava que o Messias haveria de ser chamado filho de Deus (cf 2 Sm 7, 14). Porém, isso não significava que fosse mais do que um humano.
Pedro, não obstante, diz: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo” (Mt 16, 16). A resposta que Jesus lhe dá a seguir é reveladora, pois para Ele essa afirmação não era uma descoberta humana mas uma revelação do Pai (cf Mt 16, 17).
Sabemos isso, sobretudo, depois da ressurreição, uma vez que é sobretudo nela que Deus se manifesta como “Deus vivo” e Deus que dá vida. É nesse acontecimento único que aparece totalmente a condição divina de Jesus: “verdadeiro Deus e verdadeiro homem” (cf CIC 441-445).
É também por isso que o Novo Testamento chama a Jesus “Filho Primogénito” (o primeiro) e “Unigénito” (único Filho por natureza). Nós, n’Ele, somos filhos “adoptivos”, isto é, por amor e graça. Somos “filhos no Filho” (cf CIC 441 ss).
SENHOR (cf Rm 10, 9; Fl 2, 11)
Porquê o título “Senhor”?
Era assim que na primeira tradução da Bíblia para grego se chamava a Deus. Em vez do nome próprio de Deus (em hebraico “Iahveh”), diziam “Kyrios”, que em português significa “Senhor”.
O Novo Testamento emprega este título para Deus Pai e usa-o, ao mesmo tempo, para Jesus, reconhecendo assim a sua condição divina (cf Fl 2, 11).
O título “Senhor” pode indicar respeito, entrega e confiança. Por isso, depois da ressurreição, era assim que os cristãos exprimiam a sua fé e adoração: “meu Senhor e meu Deus” (Jo 20, 28).
Este título significa ainda que não há nenhum outro poder e nenhum outro senhor a quem devamos entregar a própria vida, a não ser Jesus, o nosso Senhor. É n’Ele que se concentra toda a história humana (cf GS 10; 45). Por isso, a Igreja, quando olha para o futuro, reza: “Marana tha”. Uma expressão aramaica que em português significa: “Vem, Senhor!” (cf 1 Cor 16, 22 e CIC 446 ss)
(A resposta de Pedro é tão importante, que será a síntese do diálogo. Assim, a frase "Jesus de Nazaré é o Filho de Deus" será afixada, na parede, por baixo da pergunta inicial: "E vós, quem dizeis que eu sou?" À volta, serão colocados os outros títulos, que completam o sentido da confissão de Pedro.)
3. Ao longo dos tempos, muitas pessoas deram uma resposta semelhante à de Pedro. Teresa do Menino Jesus, ou simplesmente Santa Teresinha, nasceu no dia 2 de Janeiro de 1873, em França, na cidade de Alençon. A senhora Zelie, sua mãe, morre de cancro em 1876 e seu pai, o senhor Martin, muda-se com as quatro filhas para Lisieux.
No Natal de 1886, com quase 14 anos, Teresa passa por uma experiência a que chamou “a noite da conversão”: no regresso da Missa, no ambiente próprio dos presentes de Natal, procura interpretar pequenos sinais, questionando-se sobre o que quer fazer no futuro.
Seis meses depois, decide que quer entrar no convento (Ordem das Carmelitas Descalças), mas a pouca idade impede-a. Determinada, pede, em Novembro de 1887, uma audiência ao Papa, para conseguir a excepção, o que viria a acontecer meio ano depois, sendo então aceite no Carmelo.
Sem perder de vista o caminho da santidade, Teresa adopta uma atitude simples, que consiste em se entregar ao amor de Jesus, para que Ele a conduza pela Sua mão. Ficou muito conhecida a sua afirmação: “Na Igreja, eu serei o amor”. Gostaria de espalhar o amor de Jesus pelo mundo inteiro, mas a pouca saúde impede-a. É graças a esse ardor que virá a ser declarada padroeira dos missionários. Morreu em 30 de Setembro de 1897, com apenas 24 anos. Disse na manhã da sua morte “eu não me arrependo de me ter abandonado ao amor”. Ao primeiro sintoma da doença, exclamou: “chegou o esposo”, referindo-se ao novo encontro com Jesus.
No dia 17 de Maio de 1925, Teresinha foi canonizada pelo Papa Pio XI.
E, para mim, hoje, quem é Jesus? Qual é o título com que gosto mais de O tratar na oração? Qual a minha resposta à questão: “Quem é Ele para mim?” Vou responder de forma parecida à de Pedro, Teresinha... e tantos outros cristãos?
III. EXPRESSÃO DE FÉ
1. Os catequizandos são convidados, em dois coros alternados, a fazerem a recitação do Salmo 63, que se encontra no catecismo:
O segredo de Jesus e de todos os que, ao longo dos tempos, O seguiram é Deus. Também nós queremos encontrar em Deus o segredo da vida e da felicidade. É isso mesmo que vamos dizer com um salmo (se necessário, incluir o refrão: “A minha alma tem sede de Ti, meu Deus”:)
“Deus, Tu és o meu Deus! Anseio por ti!
A minha alma tem sede de Ti;
Todo o meu ser anela por Ti,
Como terra árida, exausta e sem água.
Quero contemplar-Te no santuário,
Para ver o teu poder e a tua glória.
O teu amor vale mais do que a vida;
Por isso, os meus lábios te hão-de louvar.
Quero bendizer-Te toda a minha vida
E em teu louvor levantar as minhas mãos.
A minha alma será saciada com deliciosos manjares,
Com vozes de júbilo Te louvarei.
Porque Tu és o meu auxílio,
E à sombra das tuas asas eu exulto.
A minha alma está unida a Ti,
A tua mão direita me sustenta” (Sl 63, 1-6.8-9).
Pode-se ainda recitar o jogral ”Dou-vos graças por tantas maravilhas”, que se encontra no catecismo.
2. PARA GUARDAR NA MEMÓRIA E NO CORAÇÃO:
“Para ser cristão, é necessário crer que Jesus Cristo é Filho de Deus” (CIC 454).
3. Como nos vamos comprometer na nossa resposta a Jesus? Como vamos dizer, com a nossa vida, quem é Jesus?
Preenchendo a sopa de letras que se encontra no catecismo e completando o calendário semanal, poderemos pôr em prática os valores descobertos. Vamos colocar em prática, ao longo da semana, valores que estão relacionados com as atitudes de Jesus.
Uma outra possibilidade (alternativa ou complementar) será dizer a Jesus, todos os dias: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20, 28).
O encontro pode terminar com a canção “Às vezes quase sem darmos conta” ou outra.
III – PROPOSTAS ENTRE CATEQUESES
FILMES:
- “São Paulo, caminhos e mensagem”.
- “O Principezinho”:O delicado clássico de Antoine de Saint-Exupery, uma história de inocência e descoberta da nossa identidade. Uma história mágica de um piloto perdido no deserto (Richard Kiley) e de um miúdo errante de um lugar muito distante. Juntos, os dois partilham momentos que divertem, encantam e tocam a todos, realizado por Stanley Donen (1974).
ATIVIDADE:
Investigar e recolher testemunhos de pessoas que hoje procuram seguir Jesus.
Dia 09 de Março, 5º Domingo da Quaresma (Cor Roxa)
Irmãos e irmãs,hoje nossa celebração tem significado especial, pois será presidida pelo Nosso Excelentíssimo Bispo Dom Carillo Gritti. Celebraremos a presença do Divino Espírito Santo na vida da comunidade e de cada um de nós. É o mesmo Espírito que desceu a primeira vez sobre os apóstolos, e que hoje desce com sua força vivificadora em cada crismando. A CRISMA é o sacramento de pessoas responsáveis, que querem renovar sua fé em Cristo, participar da vida da comunidade e realizar serviços em favor dos irmãos, em vista da construção do Reino de Deus. O Bispo Dom Carillo Gritti, Guia visível de Nossa Igreja Católica, transmitirá aos crismando o Espírito Santo com a imposição das mãos e a unção com óleo de oliveira.
Com o canto inicial, Irmãos e irmãs vão receber com muita alegria a procissão de entrada que traz o Círio Pascal, simbolizando o Cristo Ressuscitado. O Óleo de Oliveira com o qual os crismando serão ungidos para a missão. A Bíblia Sagrada, contendo a palavra de Deus que nos orienta, e o nosso Pastor, Bispo Dom Carillo.
Saudação:
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Povo: Amém.
BISPO: Irmãos e irmãs, louvemos o Deus da vida, como filhos e filhas muito amados, na graça e na paz de nosso Senhor Jesus Cristo e na comunhão do Espíritu Santo.
POVO: BENDITO SEJA DEUS QUE NOS REUNIU NO AMOR DE CRISTO.
Ato Penitencial
BISPO: O Senhor faz surgir a vida onde está presente a morte. Sua misericórdia liberta-nos da prisão e da escravidão. Diante dele e do seu amor, examinemos nossa vida de filhas e filhos seus. (pausa)
-Senhor, deus da vida, perdoai-nos quando matamos a esperança e ferimos a vida de nossos irmãos e irmãs. Tende misericórdia de nós, senhor.
Povo: Senhor, tende misericórdia de vosso povo!
-Cristo, Sacerdote eterno, perdoai-nos quando, vivendo no egoísmo e no individualismo, não fazemos de nossa vida uma oblação. Cristo, tende misericórdia de nós.
Povo: Cristo, tende misericórdia de vosso povo!
-Senhor, Príncipe da Paz, perdoai quando a violência, a vingança e o ódio foram em nós mais fortes que o perdão e a reconciliação. Senhor, tende misericórdia de nós.
Povo: Senhor, tende misericórdia de vosso povo!
-Deus todo-poderoso tenha compaixão de nós, perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida eterna..
Povo: Amém!
COMENTARISTA SOLICITA O Cântico de Perdão
(Cântico de Louvor - Omite-se)
ORAÇÃO: Ó Deus, que nos mandastes ouvir o vosso Filho amado, alimento nosso espírito com a vossa palavra, para que, purificado o olhar de nossa fé, nos alegremos com a visão da vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
LITURGIA DA PALAVRA. Deus nos fala
O Povo oprimido na terra da escravidão pôde ser vivificado pelo Espírito de Deus, e assim voltar à comunhão com Ele. É esse mesmo Espírito que nos transforma e nos faz viver. E quem acolhe a Jesus, Dom da vida e a possui
PRIMEIRA LEITURA
(Ez 37, 12-14)
Profecia de Ezequiel
ð Palavra do Senhor
ð Povo: GRAÇAS A DEUS
SALMO RESPONSÓRIAL – SL 129
ð No Senhor, toda graça e redenção!
ð Povo: No Senhor, toda graça e redenção!
SEGUNDA LEITURA:
(Rm 8,8-11)
Carta de São Paulo aos Romanos:
ACLAMAÇÃO:
Louvor e glória a ti, Senhor, Cristo Palavra, Palavra de Deus!
Louvor e glória a ti, Senhor, Cristo Palavra, Palavra de Deus!
LEITURA DO EVANGELHO. (Jo 11,3-7. 17. 20-27. 33b-45)
Ressurreição e vida só em Cristo.
- O Senhor esteja convosco!
- Povo: Ele está no meio de nós.
- PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo João.
- Povo: Glória a vós, Senhor!
- Palavra da Salvação
- Povo: Glória a vós, Senhor!
OBS. RITO DA CRISMA:
Apresentação dos crismandos.
O Padre Sergio convida os crismandos a ficarem de pé e diz:
Excelentíssimo Senhor Bispo Dom CARILLO GRITTI, aqui estão nossos irmãos e irmãs que pertencem as diferentes comunidades de esta paróquia Cristo Ressuscitado que desejam receber o sacramento da CRISMA!
BISPO: MUITO ME ALEGRO E AGRADEÇO A DEUS. DE AGORA EM DIANTE, COMO CRISTÃOS ADULTOS, COMO APÓSTOLOS, PRECISARÃO MUITO DO VOSSO APOIO. ACOLHEI-OS MAIS PROFUNDAMENTE
Homilia de Parte de Dom Carillo Bispo da Prelazia de Itacoatiara
Os padrinhos recebem seus afilhados.
COMENTARISTA: Toda comunidade é responsável por esses irmãos e irmãs que hoje vão receber o sacramento do crisma. Como a comunidade não pode toda inteira acompanhar de perto cada um dos crismandos, ela confia esta missão aos padrinhos.
Padre Sergio: Os padrinhos queiram ficar de pé.
PADRINHOS: Damos graças a Deus e pedimos que ele sempre nos ajude nesta missão.
RENOVAÇÃO DAS PROMESSAS DO BATISMO:
COMENTARISTA: A crisma nos dá força para que, no decorrer da vida, possamos ser confirmados na dignidade e missão de batizados. Por isso, neste momento, os crismandos renovam as promessas do batismo. Eles vão acender as velas no Círio Pascal para mostrar sua disposição de seguir a Cristo de modo mais consciente, guiando-se pela luz de Cristo e sendo luz para os demais irmãos e irmãs na comunidade.
OBS. Pedir a todos crismandos para acenderem as velas.
BISPO: Queridos crismandos, no dia do batismo, foram os pais e os padrinhos de vocês que, em seu lugar, prometeram renunciar a tudo aquilo que impede o seguimento de CRISTO. Hoje, são vocês mesmos que prometem romper com a maldade e seguir a CRISTO no caminho do bem. Deste modo, vocês se declaram maduros e adultos na fé. Renunciam ao demônio e a todas as suas obras e seduções?
CRISMANDOS: Renuncio!
BISPO: RENUNCIAM A TUDO O QUE DESUNE E LEVA A OPRIMIR OS IRMÃOS E IRMÃS?
CRISMANDOS: Renuncio!
BISPO: VOCÊS ACREDITAM
CRISMANDOS: Creio!
BISPO: VOCÊS ACREDITAM
CRISMANDOS: Creio!
BISPO: VOCÊS ACREDITAM
CRISMANDOS: Creio!
BISPO: VOCÊS ACREDITAM NA IGREJA QUE JESUS CRISTO NOS DEIXOU E NA MISSÃO DE FAZER COM QUE TODOS SEJAM SEUS DISCÍPULOS?
CRISMANDOS: Creio!
IMPOSIÇÃO DAS MÃOS:
COMENTARISTA: Neste momento, o Bispo faz a oração pedindo a Deus que envie o seu Espírito sobre os crismandos. Esta oração é acompanhada da imposição das mãos, gesto muito freqüente no início da Igreja. Este gesto de invocação do dom do Espírito Santo significa também que Deus escolhe e consagra para uma missão.
BISPO: ROGUEMOS CAROS IRMÃOS E IRMÃS, A DEUS PAI TODO-PODEROSO, QUE DERRAME O ESPÍRITO SANTO SOBRE ESTES SEUS FILHOS E FILHAS ADOTIVOS, JÁ RENASCIDOS NO BATISMO PARA A VIDA ETERNA, A FIM DE CONFIRMÁ-LOS PELA RIQUEZA DOS SEUS DONS E CONFIGURÁ-LOS PELA SUA UNÇÃO AO CRISTO, FILHO DE DEUS.
COMENTARISTA: Irmãos e irmãs continuando neste ambiente de oração, pedimos a vocês da maneira mais atenta que fiquemos em silencio e deixando o Espírito de Deus atuar e falar neste momento e em nossas vidas.
O Bispo (e os presbíteros concelebrantes) impõem as mãos sobre todos os confirmandos.
O bispo diz:
TODOS: Amém.
UNÇÃO DO CRISMA:
COMENTARISTA:
Na unção do crisma, o jovem é investido, autorizado e consagrado para uma missão; a missão de Jesus Cristo. Por isso, recebe a força, o poder do Divino Espírito Santo. O Bispo unge a fronte do crismando, traçando o sinal-da-cruz e dizendo: “Recebe, por este sinal, o Espírito Santo, o Dom de Deus!” O crismando se aproxima do Bispo acompanhado do seu padrinho, permanece em pé e diz o padrinho o nome de sue afilhado ao Bispo. O padrinho, num gesto de acolhida, coloca a mão direita sobre o ombro do crismando.
Comentarista: Durante a unção de parte do Bispo, a assembléia pode sentar-se, cantando e rezando pelos crismandos.
CRISMANDO: Amém!
CRISMANDO: E contigo também!
Comentarista: Convidados a todos vocês a ficar de pé, para fazer nossa profissão de fé.
PROFISSÃO DE FÉ. (BISPO)
Todos: Creio
BISPO: MEUS IRMÃOS E MINHAS IRMÃS, ROGUEMOS A DEUS PAI TODO-PODEROSO! SEJA UNÂNIME A NOSSA ORAÇÃO, ASSIM COMO HÁ UMA SÓ FÉ, ESPERANÇA E CARIDADE QUE PROCEDE DE SEU ESPÍRITO.
(NESTE MOMENTO SERAM FEITAS AS PRECES DA COMUNIDADE).
BISPO: OUVI COM BANDADE, Ó DEUS, NOSSA ORAÇÃO E DERRAMAI NOS CORAÇÕES DE VOSSOS FILHOS E FILHAS OS DONS QUE DISTRIBUÍSTES OUTRORA NO INÍCIO DA PREGAÇÃO APOSTÓLICA. POR CRISTO, NOSSO SENHOR.
TODOS: Amém.
Comentarista: Convidamos a você a compartilhar sua vida, sua oferenda ao Senhor.
Cântico do Ofertório.
BISPO: Orai, irmãos e irmãs, para que o nosso sacrifício seja aceito por Deus Pai todo-poderoso.
Resposta do Povo: Receba o Senhor por tuas mãos este sacrifício, / para glória do seu nome, / para nosso bem / e de toda a santa Igreja.
BISPO: Ó Deus, que estas oferendas levem os nossos pecados e nos santifiquem inteiramente para celebrarmos a Páscoa. Por Cristo, Nosso Senhor.
Amém.
ORAÇÃO EUCARÍSTICA III
Comentarista: VER A FOLHA DEUS CONOSCO, LEMBRANDO QUE AS PALAVRAS
BISPO: Senhor Jesus Cristo, dissestes aos vossos Apóstolos: eu vos deixo a paz, eu vos dou a minha paz. Não olheis os nossos pecados, mas a fé que anima vossa Igreja: dei-lhe, segundo o vosso desejo, a paz e a unidade. Vós, que sois Deus com o Pai e o Espírito Santo.
Amém.
BISPO: A paz do Senhor esteja sempre convosco.
ð O amor de Cristo nos uniu.
FRAÇÃO DO PÃO.
COMENTARISTA: O CANTO DA COMUNHÃO ESTÁ SUA FOLHA DE DEUS CONOSCO. AS PESOAS QUE VÃO A RECEVER O CORPO DE CRISTO, FAVOR DE FAZER (___) FILAS E AS DEMAIS PESSOAS PODEM FICAR SENTADAS.
ORAÇÃO DA CF/2008.
BÊNÇÃO SOLENE DE PARTE DE NOSSO BISPO.
AGRADECIMENTO A DOM CARILLO DE PARTE DO PADRE SERGIO. Lembramos a todos vocês irmãos e irmãs que podem tira fotos terminando a celebração e a entrega de lembranças depois de missa.
CANTO FINAL.
CONFIRMAÇÃO
1. O que é confirmação?
Muitos pensam que a confirmação seja um simples “assumir conscientemente o batismo”. Essa afirmação não é verdadeira. Se fosse simplesmente assumir o compromisso batismal, não seria sacramento. Existe algo de mais profundo nela. E é esse algo mais profundo que a torna sacramento (sinal de salvação).
A confirmação completa a obra iniciada no batismo. Batismo, Confirmação e Eucaristia são chamados, ‘sacramentos da iniciação cristã”, pois introduzem a pessoa numa vida nova (filho de Deus), com tarefas dentro da Igreja (testemunho de vida), levando-a à perfeita sintonia (comum-união) com Deus e com a comunidade-Igreja, Povo de Deus, no Espírito Santo.
Todo sacramento é um sinal que recorda um acontecimento de Cristo-Salvador. A CONFIRMAÇÃO É O SACRAMENTO QUE TORNA VISÍVEL O DOM DO ESPÍRITO. Nela, o Espírito Santo é comunicado ao fiel, como DOM (presente) DIVINO para o crescimento espiritual do homem. Com isso, toda a Igreja cresce e se santifica, tornando-se lugar da presença e da ação do Espírito.
“Pelo sacramento da confirmação, aqueles que renasceram do batismo recebem O DOM DO ESPÍRITO SANTO, são enriquecidos por ele com uma força especial (Vat. II, Lumen Gentium, 11) e, marcados por esse sacramento, ficam mais perfeitamente unidos à Igreja e mais estreitamente obrigados a espalhar e defender a fé por palavras e atos, como verdadeiras testemunhas de Cristo” (Vat. II, Ad Gentes, 11).
A confirmação é, também, o sacramento da comunhão com toda a Igreja, corpo de Cristo. Antigamente se dizia que o confirmado se tornava “soldado de Cristo”. O exemplo ainda é válido, acrescentando-se a isso o DOM DO ES-PÍRITO que aí recebemos.
2.1 O sacramento da maturidade espiritual
Quais as características de uma pessoa madura? Decisão, responsabilidade e compromisso. O confirmado deve ser alguém que amadureceu espiritualmente; é aquele que deixa agir o Espírito que está dentro dele. O compromisso será o gesto concreto de seu amadurecimento espiritual.
. Instituição da confirmação
A confirmação é o sacramento do Espírito Santo como DOM DE DEUS (veja o ponto l). Jesus foi ungido pelo Espírito após ter sido batizado no Jordão (leia Mateus 3,l6; Lucas 4,18). O Espírito Santo é o presente gratuito que Jesus prometeu aos apóstolos e à Igreja: “O Consola-dor, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, é que vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse” (Jo 14,26).
O Espírito Santo foi enviado depois que Jesus subiu ao céu: “É melhor para vós que eu parta, pois, se eu não for, o Consolador não virá a vós. Quando eu for, eu o enviarei a vós” (Jo 16,7).
Depois da ascensão de Cristo, o Espírito desceu sobre os apóstolos, reunidos em Jerusalém (leia Atos dos Apóstolos 2, 1-l l). O Espírito é, portanto, um presente que o Pai faz, a pedido de Jesus: “Eu pedirei ao Pai e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre” (Jo 14,16 ) .
A confirmação, como DOM DO ESPÍRITO, nos vem de Deus. O Espírito vem a nós como DOM. Depois que se realizaram as promessas de Jesus, no Pentecostes (vinda do Espírito), os apóstolos assumiram como própria a missão do Cristo (leia Lucas 4,18-19). E eles, por meio do gesto de colocar as mãos sobre a cabeça de alguém (imposição das mãos), comunicavam o Espírito Santo. “Pedro e João desceram para junto dos samaritanos e oravam por eles, a fim de que recebessem o Espírito Santo. Porque ainda não viera sobre nenhum deles, mas somente tinham sido batizados em nome do Senhor Jesus. Colocavam sobre eles as mãos, e eles recebiam o Espírito Santo” (At 8, 15-17).
Outro texto da Bíblia nos mostra os apóstolos colocando as mãos sobre os fiéis e estes recebem o DOM DO ESPÍRITO : “Paulo chegou a Éfeso. Ali encontrou alguns discípulos e lhes disse: ‘Recebestes o Espírito Santo quando abraçastes a fé?’ Eles responderam: ‘Nem ouvimos dizer que há um Espírito Santo’. E ele: ‘Em que batismo fostes batizados?’ Responderam: ‘Com o batismo de João’. Paulo, então, disse: ‘João batizou com um batismo de penitência, dizendo ao povo que cresse naquele que viria após ele, ou seja, Jesus’. Tendo ouvido isto, receberam o batismo em nome de Jesus. E quando Paulo lhes impôs as mãos, o Espírito Santo veio sobre eles” (At 19,1-6).
A Carta aos hebreus também fala da imposição das mãos: “Deixando de lado o ensinamento elementar a respeito de Cristo, elevemo-nos a uma perfeição adulta, sem ter que voltar aos artigos fundamentais: a doutrina sobre os batismos, a imposição das mãos, a ressurreição dos mortos e o julgamento eterno. É isto que faremos, se a tanto Deus nos ajudar” (Hb 6,1-3).
Resumindo, podemos dizer: O Espírito Santo é o DOM DO PAI, enviado a pedido de Jesus. E os apóstolos continuam a missão de Cristo, que prometeu estar com eles “até o fim dos séculos” (Mt 28,20).
3. O ministro da confirmação
Quem pode administrar o sacramento da confirmação? O ministro ordinário é o bispo. Se ele quiser, pode permitir (delegar) que o padre administre esse sacramento.
6. Fórmula
A fórmula da confirmação é acompanhada com o gesto da imposição das mãos e com a unção com o crisma. As palavras que o bispo diz (fórmula) na hora do Sacramento da confirmação são estas: “RECEBE, POR ESTE SI-NAL, O DOM DO ESPÍRITO SANTO” .
4 . Deveres dos pais e padrinhos
Os pais foram os primeiros a iniciar o filho no caminho de Deus. Certamente foram eles que o incentivaram para que recebesse a confirmação. Mas nem sempre é assim; em alguns casos, os pais não são um exemplo de maturi-dade espiritual. Pode ser por causa da ignorância religiosa : “Nem sabíamos que existe um tal de Espírito Santo” (At 19,2), mas pode também ser fruto do desinteresse pela religião. Os pais são a primeira aula de catecismo e o primeiro lugar de onde o Espírito quer se manifestar. Sendo a confirmação o sacramento da maturidade espiritual, a grande decisão fica por conta do candidato. Em vez de obrigá-lo, é bom explicar os motivos pelos quais devemos ser confirmados.
Qual o papel do padrinho na confirmação? O confirmando é alguém que sabe o que faz. É maduro espiritualmente. O padrinho da confirmação não tem uma obrigação tão forte como os padrinhos do batismo. O padrinho da confirmação exerce o papel de testemunha religiosa. É aquele que apresenta o candidato à comuni-dade, ao bispo e à Igreja, garantindo que o confirmando e capaz de assumir a vida no Espírito Santo.
5 . Idade para a confirmação
Não existe uma idade fixa para se receber a confirmação. O que se exige do candidato é maturidade espiritual, isto é, a capacidade de deixar o Espírito Santo agir dentro e fora dele. É um tanto difícil que haja maturidade espiritual, por exemplo, aos doze anos. Não nos devemos preocupar com a idade que o candidato tem. O que se exige dele é que esteja habilitado a viver para Deus, no Espírito.
6 . A imposição das mãos e a confirmação
A confirmação é o sacramento do Espírito Santo como DOM. A imposição das mãos não é um gesto mágico, um abracadabra. É um gesto simbólico, mediante o qual se quer comunicar o Espírito Santo ao fiel que está sendo confirmado. A Igreja usa esse gesto porque ele tem um significado muito bonito ao longo da história do povo de Israel, nas ações de Jesus e na vida da Igreja. Não é um gesto “que obriga o Espírito a descer”, pois ele sopra onde quer (Jo 3,8).
A imposição das mãos tem características de oração e de invocação do Espírito Santo sobre alguém. É por isso que se impõe as mãos na confirmação.
7 . O confirmado é ungido para a mesma missão de Cristo
A pessoa que recebe a confirmação participa da mesma e única missão de Cristo. Ele também é “ungido” (= tornar-se como Cristo-Messias), a fim de cumprir a tríplice missão de Cristo: profeta, sacerdote e rei (pastor). “O batismo e a confirmação incorporam o homem a Cristo e o fazem membro da Igreja. Por isso ele participa, a seu modo, da missão sacerdotal, profética e real de Cristo” (Vat. II, Lumem Gentium, 4; cf. Puebla, n. 627).
Selado com o Espírito Santo (leia Efésios 1,13), o confirmado olha o mundo como um grande campo de evangelização (Paulo VI, Ev. Nuntiandi, 73). Pelo testemunho de sua vida, por sua palavra oportuna e por sua ação concreta, ele tem a responsabilidade de orientar as realidades que o cercam e colocá-las a serviço do Reino de Deus (Puebla, n. 629).
A missão do confirmado – filho de Deus e herdeiro do Reino (leia Gálatas 4,4-7) – começa na família para se estender a toda sociedade. Não é permitido desprezar a herança recebida, ou seja, o Reino de Deus. O confirmado é alguém que deve assumir pra valer o compromisso na promoção da justiça e do bem comum. Não basta só apontar as injustiças; é preciso mostrar a justiça e promovê-la, com Jesus (Puebla, n. 631).
O Documento de Puebla diz que a atividade do cristão ( = ungido) é uma atividade política que compreende o gesto de votar, exercer cargos políticos, na busca de promover o bem comum, a defesa da dignidade do homem e de seus direitos, a proteção dos mais fracos e necessitados, a construção da paz, da liberdade, da justiça, a criação de estruturas sempre mais justas e fraternas (Puebla, n. 630).
8. A vida no Espírito
É por meio do Espírito que podemos chamar carinhosamente a Deus de Pai (leia Gálatas 4,4-7). São Paulo diz que é pelo Espírito que chegamos a reconhecer Jesus como o Filho de Deus, o Senhor, morto e ressuscitado (leia 1 Coríntios 12,3).
A vida do cristão é uma vida que se deixa conduzir pelo Espírito, frutificando em toda espécie de boas obras (leia Romanos 8,1-13). Ninguém deve abafar a voz do Espírito. Toda boa ação é fruto da inspiração divina: “0 fruto do Espírito é amor, alegria, paz, perdão, paciência... .” (leia Gálatas 5,22-23).
17. Os dons do Espírito
Vimos que, na confirmação, recebemos o Espírito Santo como DOM (presente) de Deus. Ele, porém, não é um dom passivo, pelo contrário, faz com que de dentro da pessoa brotem frutos, obras e ações que testemunham a presença de sua ação. Damos o nome de dons do Espírito Santo àquelas ações boas que fazemos sob a inspiração dele.
Nós aprendemos que os dons do Espírito Santo são sete. Mas este número tem um significado especial: significa plenitude, totalidade.
Os sete dons (como os sete sacramentos) pretendem resumir toda a ação do Espírito Santo nas pessoas. Os dons do Espírito são:
a) Sabedoria: não e a sabedoria que a gente aprende nos livros, escolas e cursos (embora a inteligência seja um dom de Deus). A verdadeira sabedoria é o conhecimento de Deus. Sábio segundo o Espírito é aquele que conhece o amor de Deus e experimenta sua bondade, praticando a justiça. O verdadeiro sábio é justo.
b) Entendimento: é o dom que as pessoas recebem para descobrir a vontade de Deus nas coisas grandes ou pequenas da vida.
c) Ciência: é o dom de distinguirmos o bem do mal. É ter o conhecimento da salvação que Deus nos oferece, dia-a-dia, em Jesus Cristo e no Espírito Santo.
d) Conselho: é o dom de orientar e ajudar quem precisa; é o dom de dialogar fraternal-mente, em família e comunidade, a fim de encontrar soluções melhores; é o dom de animar os desanimados; é o dom do otimismo da vida.
e) Fortaleza: é o dom de enfrentar as dificuldades , de vencer as tentações, de não desanimar. É o dom de assumir com alegria os deveres de pai, de animador da comunidade etc.
f) Piedade: é a mesma coisa que misericórdia, ou seja, entregar o coração a Deus e aos outros que precisam da gente. É a imitação de Cristo, manso e humilde de coração .
g) Temor de Deus: não é ter medo de Deus; não é considerá-lo um castigador. É o respeito que devemos ter para com ele. É ter a humildade de saber que nunca o amaremos como merece.
22. Armado para vencer
O confirmado é alguém que se treinou para a missão. Seu treinamento foi ouvir a voz do Espírito e engajar-se na comunidade-Igreja, falando a linguagem do amor. Você sabe muito bem que ninguém se arma para perder. Pela confirmação você foi armado para vencer no Espírito e por ele.
O Espírito é aquele que nos faz vencer pela fé no Cristo ressuscitado. “Disse Jesus: ‘Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu seio jorrarão rios de água viva’. Ele falava do Espírito que. deviam receber os que nele cressem ; pois não havia ainda Espírito, porque Jesus não fora ainda glorificado” (Jo 7,37-39). Por isso é que o Espírito Santo é chamado de O ENVIADO.
O Espírito é o DOM DE DEUS enviado aos homens. É ele quem nos ensina a caminhar nas pegadas de Jesus. É o presente de Deus para a história dos homens. E Deus quer fazer de nossa história, de nossa vida, uma história de salvação. É muito importante esse aspecto: nós carito de Jesus, presente em nossa história, na Igreja, na comunidade, na família e no íntimo de cada pessoa.
O tempo que vivemos é o tempo do Espírito Santo que sopra onde quer. Quem deseja ser vencedor deve estar pronto a ouvir e a praticar o que ele diz. É ele quem continua reunindo as pessoas em nome do Pai e do Filho. Ele continua unindo e reunindo sua Igreja, até que possamos, com ele, dizer a Jesus, o Senhor: “VEM” (leia Apocalipse 22,17). E o Senhor diz: “SIM, venho muito em breve” (Ap 22,20).
9 . A celebração da confirmação
A confirmação é celebrada dentro da missa. É bom que toda a comunidade participe da celebração. Após a leitura do evangelho, o bispo dirige a palavra aos confirmandos, explicando-lhes brevemente o que irão receber. Em seguida, os confirmandos renovam as promessas batismais, como o tinham feito seus padrinhos, no batismo. Renunciam ao pecado e professam a fé em Deus. Vem, a seguir, a imposição das mãos (releia o que dissemos a esse respeito). Há uma oração antes e uma depois da imposição das mãos. Feita a imposição, cada confirmando se aproxima, com seu padrinho, do bispo. O padrinho apresenta, em nome da Igreja, o candidato à confirmação. O bispo põe a mão direita sobre o ombro do confirmando, em sinal de aceitação e de acolhida. Em seguida, o bispo unge com óleo (veja o significado do óleo no n. 13) a testa do confirmando, dizendo a fórmula.
O confirmado responde amém, querendo dizer: isto é verdade que eu vou aceitar e defender sempre. Depois disso, o bispo abraça o confirmando, desejando-lhe a paz, como Jesus a desejou aos apóstolos (leia João 20,19). A missa prossegue com a oração dos fiéis, onde se pede especialmente pelos confirmados, a fim de que sejam obedientes à voz do Espírito Santo.
10. Conclusão
Acabamos de apresentar alguns elementos (não todos! ) para conhecer um pouco o que seja o sacramento da confirmação. Seria bom que você tentasse responder às seguintes questões:
O que é, para você, a confirmação?
Qual o papel do Espírito Santo na vida da Igreja e na vida dos fiéis?
Qual o significado do óleo e da imposição das mãos?
O que fazer para assumir, no dia-a-dia, a confirmação que recebemos?
Iniciação
A Crisma, juntamente com o Batismo e a Eucaristia, são considerados pela Igreja Católica como sendo "sacramentos da iniciação cristã". A imposição das mãos é reconhecida pela tradição católica como a origem do sacramento da Confirmação (Ez 36,25-27 e Hb 6,2). Este sacramento tem também o seu fundamento teológico no Pentecostes (At 2,1-4 e em Atos 8, 14-17).
No Oriente este sacramento é chamado de Crismação, o que significa unção com crisma ou mýron. No Ocidente usa-se a palavra Confirmação para designar este sacramento porque este termo sugere ao mesmo tempo a confirmação do Batismo e a consolidação da graça deste sacramento.
Origens
Na origem do cristianismo os dois sacramentos, o batismo e a crisma eram celebrados em conjunto numa só cerimônia. Entretanto, no Ocidente, com o crescimento e multiplicação de comunidades ficou o Bispo impossibilitado de atender a todos ao mesmo tempo, pelo permitiu-se aos presbíteros o batismo e reservou-se ao Bispo a crisma. Separando-se, assim, os dois sacramentos.
Diversamente, os católicos de rito oriental mantiveram esta tradição antiga, de modo que no momento do batizado o próprio presbítero que batiza realiza a crisma com o óleo - mýron - consagrado por um Bispo.
O Catecismo da Igreja Católica ressalta que a prática dos católicos orientais ou de rito bizantino chama mais a atenção da unidade da iniciação cristã, já da Igreja latina exprimiria mais a comunhão do novo cristão com o seu Bispo e, com isto, o vínculo com as origens da Igreja.
Sinais e rito
unção é antiga na simbologia bíblica, o óleo significa abundância e alegria, é sinal de cura e saúde. Significa purificação e fortalecimento. Pela unção o crismando recebe a "marca" ou o sêlo do Espírito Santo (2 Cor 1,21-22). Este selo do Espírito Santo diz o Catecismo, marca a pertença total a Cristo, o colocar-se a seu serviço, para sempre, mas também a promessa da proteção divina na grande provação escatológica.
O óleo - santo crisma - é consagrado pelo Bispo na Quinta-feira Santa, durante a missa do crisma, para toda a diocese. Nas Igrejas Orientais esta consagração está reservada aos Patriarcas. No rito romano, o Bispo estende as mãos sobre o confirmando ou sobre o conjunto deles e invoca a efusão do Espírito Santo segundo a fórmula litúrgica própria.
No rito latino o sacramento é conferido pela unção do santo crisma na fronte e seguida da fórmula: "recebe, por este sinal, o Espírito Santo, o dom de Deus". No rito católico bizantino a unção se faz depois de uma oração de epíclese sobre as partes mais significativas do corpo acompanhada da fórmula :"Selo do dom do Espírito Santo".
Todo batizado não crismado pode ser batizado, uma única vez, e, segundo o Catecismo da Igreja deve ser batizado e estar em estado de graça. A tradição recomenda a crisma quando chega a idade da razão. O ministro normal e ordinário deste sacramento, no rito latino, é o Bispo que pode delegar aos presbíteros esta faculdade.
Entretanto, havendo perigo de morte deve-se crismar a criança em qualquer idade, neste único caso a crisma pode ser feita por qualquer sacerdote ou presbítero, mesmo sem licença do Bispo, neste caso o ministro da crisma é o sacerdote por direito próprio e não por delegação do Ordinário ou Bispo (Código de Direito Canônico).
Efeitos
A Igreja afirma que da celebração deste sacramento resulta a efusão especial do Espírito Santo, como outorgado antigamente aos apóstolos por ocasião do Pentecostes, o aprofundamento e crescimento da graça batismal e do sentido da filiação divina, une o crismando mais solidamente a Cristo, aumenta os dons do Espírito Santo, torna mais perfeita a sua vinculação com a Igreja e concede uma especial graça para testemunhar a fé. A doutrina sobre este sacramento afirma que ele imprime "caráter", como que se deixasse na alma um selo ou marca indelével que vincula o crismando como se fosse uma "propriedade" de Cristo.
Carismas
Segundo a doutrina católica, além dos sete dons o Espírito Santo dá outros dons espirituais chamados de carismas. São dados gratuitamente pelo Espírito Santo. Os carismas não são dados apenas para crescimento individual do indivíduo, mas para crescimento da comunidade. Assim, há o dom de ensinar, o dom do ministério, o dom da exortação, o dom de presidir etc.
Todos esses dons devem ser manifestados com simplicidade e humildade. (1Cor 12, 4-11) Sempre que o Espírito Santo concede um carisma a uma pessoa, Ele visa um fim: o de edificar a Igreja de modo, que todos que a ela se congregue possam usufruir desse carisma.
A Igreja ensina que os dons do Espírito Santo são sete: Sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus; e os seus frutos são doze: Amor, alegria, paz, paciência, longanimidade, bondade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia, continência os quais se opõem aos vícios e pecados: Luxúria e fornicação, impureza, soberba, gula,libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ira, ciúmes, ódio, avareza, ambição, discórdia, inveja e preguiça.
Pe. Alejandro Chacón Orozco.
Tema: Os Mandamentos da Lei de DEUS.
Objetivo: Mostrar aos catequizandos que os Mandamentos são puro amor.
1) Motivação1:
1 – Mostrar alguma sinalização de trânsito, (levar os cartazes com as placas), para que servem? Será que alguém considera as placas de trânsito como demonstração de autoridade de algum governo?
2 – É possível viver sem lei, instruções, ordens, etc;
3 – É possível educar um filho, deixando-o agir sozinho?
5 – Quem já montou um aparelho sem consultar as instruções? Por que às vezes não precisamos de instruções? Porque já decoramos, isto é, temos certeza de como proceder.
Comentário: Por que será que estamos com estes questionamentos? E o que estes comentários tem a ver conosco? De que vamos falar hoje? Assim como na nossa vida, no dia-a-dia, temos instruções, sinais e leis para nos ensinar, comunicar e guiar, permitindo uma vida mais confortável e moral, assim temos na nossa vida espiritual Leis que vão nos levar ao fim sobrenatural que é DEUS.
Então, hoje vamos falar das instruções ou Lei que os filhos de DEUS precisam seguir para chegar ao fim sobrenatural que é DEUS. Vamos conhecer dez regrinhas, ou mandamentos, que chamamos de os Dez Mandamentos.
Os Mandamentos da Lei de DEUS são como instruções, sinais que DEUS coloca em nosso caminho, isto é, na nossa vida. Foi por amor que DEUS ajudou Moisés a organizar aquele povo escravo que estava no Egito, para libertar-se da escravidão do Faraó. Lembram? (pausa) Por que DEUS nos deu os Mandamentos? (pausa) Qual foi mesmo o motivo? (pausa) Ex20,2.
No dia em que DEUS proclamou a lei dos Dez Mandamentos para o seu povo amado, Ele declarou primeiro o motivo e autoridade da nova lei. É qualquer um que pode decretar uma lei? Não! Mas somente aquele que tem autoridade para isso. DEUS teria autoridade para decretar leis para todos os homens, pois ele é o Criador de todos. Mas, ao decretar os Dez Mandamentos, ele não invocou a sua autoridade como Criador. Ele não disse ao povo: “Eu sou o Criador que te dei existência e vida!”
O que levou DEUS a decretar os Dez Mandamentos não foi o fato de dele ser o Criador de todos, mas foi a sua vontade de ser o Libertador do seu povo. O que o levou a decretar a lei foi o “clamor do povo” Ex3,7-8.
O Criador, vendo o seu povo oprimido, resolveu ser Libertador. A libertação é a continuação da obra da criação! Libertando o povo do Egito, DEUS conquistou um título de “propriedade pessoal” sobre ele Ex19,5. Conquistou o direito de poder declarar a sua vontade ao povo libertado. Este direito divino é a fonte permanente da autoridade da lei dos Dez Mandamentos.
Os Dez Mandamentos são o recado, a ferramenta que DEUS entregou ao povo libertado, para o povo poder continuar na sua marcha para a plena liberdade e conquistar a terra que lhe pertencia. (continuar.... no parágrafo... Como DEUS amava aquele povo?)
2) Motivação2
Quando você chega ao Santuário de Nossa Senhora em Aparecida do Norte (quem já esteve lá?), logo que atravessa os portões e entra para os grandes pátios, começa a ver as sinalizações necessárias para se orientar; orientações de direção, de ambientes, de possibilidades de locomoção, de departamentos, de assistência médica e policial, de locais de oração, de capelas, de salas de confissões, batizados, conferências, promessas, e, de modo especial, do local onde se encontra a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Você vai encontrar também orientações para não se perder. Vai encontrar avisos de silêncio, de não fumar, de não jogar papéis no chão etc. Isso tudo para você estar tranqüilo e se sentir bem. Quem não obedece às sinalizações, corre o risco de não encontrar o que procura, além de poluir o ambiente sonoro e visual, e impedir a concentração dos romeiros, numa verdadeira falta de amor e caridade. Obedecer às regras faz parte do amor para com o próximo.
Mas o que estes comentários tem a ver conosco?
Comentário: Assim como estas orientações são necessárias para o bom comportamento no ambiente do Santuário de Aparecida, que no fundo são regras e normas de conduta; assim também são os mandamentos de DEUS e da Igreja são regras ou leis para os cristãos. Pelo fato de ser lei o mandamento não perde as características da liberdade e do amor. Ao contrário, são normas de conduta que visam facilitar a convivência e o amor entre as pessoas, entre os irmãos. Essa é a razão da exigência de JESUS no Evangelho. Algumas normas e avisos nem precisariam ser dados de tão óbvios que são; no entanto, devido à falta de educação das pessoas, elas existem. É o caso do lixo. Um papelzinho jogado no chão, um saquinho de plástico, um palito de sorvete, um toco de cigarro, jogado por um romeiro nos pátios da Basílica representa pouca coisa; mas se for jogado por todos ou quase todos os romeiros, forma um lixo muito desagradável. O que infelizmente ainda acontece!
O amor que JESUS pede é feito de pequenas coisas, é observado no cumprimento de algumas leis, de alguns mandamentos apenas, que visam o amor para com o próximo. Quando JESUS associa o amor para com ele ao cumprimento dos mandamentos, indiretamente está ligando o amor de você ao amor pelos seus irmãos. É bom notar isso! (Continuar no parágrafo: Os Dez Mandamentos.....)
Como DEUS amava aquele povo, não é mesmo? (pausa) Ele deu dez sinais ou MANDAMENTOS que orientariam sua caminhada. Então, os DEZ MANDAMENTOS foi a ALIANÇA que DEUS fez com o seu povo para caminhar com Ele. Aliança quer dizer promessa de verdade! “Eis a Aliança: Eu serei o teu DEUS e tu serás o meu povo” Ex6, 7. Estes Mandamentos orientam o povo na caminhada para a libertação, isto é, evitar o pecado, e viver a fidelidade a DEUS.
Os Dez Mandamentos pertencem à revelação de DEUS e ao mesmo tempo revelam-nos a verdadeira humanidade do homem. Iluminam os deveres essenciais e portanto, indiretamente, aos deveres fundamentais, inerentes à natureza da pessoa humana. O Decálogo contém uma expressão privilegiada da “lei natural”, e nos o conhecemos pela revelação Divina e pela razão humana.
Desde o começo DEUS enraizara no coração dos homens os preceitos da lei natural. Inicialmente ele se contentou em lhos recordar (Cf Dt 6, 6).
Embora acessíveis à razão, os preceitos do Decálogo foram revelados. Para chegar a um conhecimento completo e certo das exigências da lei natural, a humanidade pecadora tinha necessidade desta revelação: Uma explicação completa dos mandamentos do Decálogo se tornou necessárias no estado de pecado por causa do obscurecimento da luz e da razão e do desvio da vontade, que fizeram com que o povo de DEUS escolhido se tornassem escravos.
As leis de Deus, a que chamamos “mandamentos”, podem e devem ser praticadas na íntegra. Eu disse “podem” porque não existe nenhum mandamento impossível de ser praticado. E disse “devem” porque os mandamentos são a expressão da vontade de Deus a respeito das criaturas criadas por ele.
Se ele nos criou com determinadas leis físicas, sem as quais é impossível viver, assim também, para podermos viver bem, conforme o modo como fomos criados, temos de respeitar leis, que poderíamos chamar de morais.
Leis morais são leis que regem de modo especial nosso relacionamento humano, relacionamento esse visto em três dimensões: para com Deus, para conosco mesmo e para com os outros.
Conhecemos os mandamentos de DEUS pela revelação divina que nos é proposta na Igreja e através da consciência moral.
A obrigatoriedade do Decálogo – Visto que exprimem os deveres fundamentais do homem para com DEUS e para com o próximo, os dez mandamentos revelam, em seu conteúdo primordial, obrigações graves. São essenciais e imutáveis, e sua obrigação vale sempre e em toda parte. Ninguém pode dispensar-se deles. O decálogo forma uma unidade orgânica em cada “palavra” ou “mandamento” e nos a remete todo o conjunto. Transgredir um mandamento é transgredir toda Lei. Todavia obediência a esses preceitos implica obrigações cuja matéria é leve em si mesma, pois que DEUS nos manda, torna-o possível pela sua graça.
Os dez mandamentos foram gravados por DEUS no coração do ser humano. (Cf Dt 6,6)
“Que devo fazer de bom para ter a vida eterna? – Se queres entrar para a vida, guarda os mandamentos” Mt 19,16-17 (ler e refletir).
Por sua prática e por sua pregação, JESUS atestou a perenidade do Decálogo Mt22,37. O dom do Decálogo é concedido no contexto da Aliança celebrada por DEUS com seu povo. Os mandamentos de DEUS recebem seus verdadeiros significados nessa Aliança e através dela. Fiel à escritura, e de acordo com o exemplo de JESUS, a Tradição da Igreja reconheceu no Decálogo uma importância e um significado primordiais (CIC).
Às vezes ouvimos que os Mandamentos tira a liberdade de viver. O que acham disso? (pausa) Será que é verdade? (pausa) O que é ser livre? (pausa) (para enfatizar a questão da liberdade x escravidão, poderia meditar sobre Jo8,34 ”Em verdade vos digo: Todo aquele que comete pecado, é escravo do pecado”. Seria importante também meditar sobre o que é ser escravo?) Ser livre não é fazer o que se quer, mas descobrir o é que bom para mim e capaz de fazer uma pessoa realizada e feliz. É descobrir àquele caminho que nos torna mais pessoa, isto é, praticar boas ações, cumprir com nossos deveres, etc. A vivência dos mandamentos leva à superação de todo egoísmo e indiferença. “Como crianças recém-nascidas, desejai o puro leite espiritual para crescerdes na salvação” 1Pd2,2.
Os Mandamentos são como os andaimes em uma construção (assim como na obra de um edifício): ajudam-nos a atingir grandes alturas e realizar grandes projetos, mas, quando se conclui a edificação, deixam de ser necessários e devem ser retirados é assim a mesma coisa acontece com muitas outras instruções ou sinalização.
Em outras palavras, quem vive profundamente o amor a DEUS e ao próximo não precisa de um mandamento que lhe diga “não mate”, pois, naturalmente, a pessoa cuidará bem da vida em todas as suas formas. Quando reina o primeiro mandamento, quaisquer outros se tornam desnecessários.
Enquanto estamos aprendendo a amar, os Mandamentos continuam como referências importantes. E eles nos ajudarão muito mais se forem memorizados, se vierem à mente toda vez que for preciso fazer um discernimento moral.
Então, os Mandamentos exprimem a resposta que o homem dá ao DEUS que liberta. O único DEUS verdadeiro é aquele que liberta da escravidão, para dar liberdade e vida. Só Ele pode dar orientações para que o homem conserve a liberdade e a vida, e não volte a ser escravo.
Os Dez Mandamentos possibilitam ao povo formar uma relação social onde todos possam viver com liberdade e dignidade, porque eles não o deixam construir uma sociedade baseada na escravidão que leva para a morte. Não se trata de simples leis; são princípios que orientam para uma nova compreensão e prática de vida. Eles estão ao nosso alcance Dt30, 10-14.
Vamos conhecer os Dez Mandamentos? Ex20, 1-17 (levar o cartaz com as tábuas da Lei)
Os 3 (três) primeiros Mandamentos nos ajudam a descobrir a encontrar o Verdadeiro DEUS, e os outros 7 (sete) ajudam na organização do mundo e a vida do Povo, conforme a vontade de DEUS.
1º - Amarás o Senhor teu DEUS de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento - Ex20, 1-6.
UM SÓ DEUS – Ter um só DEUS não é uma questão de mente, mas opção de vida. Ter um só DEUS, acima de tudo, é entender que somos chamados a amar a DEUS com o todo de nossa vida e com nossa vida toda.
COM TODO CORAÇÃO – Assim como o coração é o órgão responsável que leva a vida ao nosso corpo inteiro, membros e células, somos chamados a viver um amor com DEUS, em JESUS, na totalidade de nosso ser, de nossa vida. Por DEUS somos amados com nossa individualidade, sonhos, aspirações, sofrimentos e fraquezas. Não há nada em nós que não seja amado por DEUS. Também somos chamados a amar a DEUS com este mesmo amor de reciprocidade.
COM TODAS AS FORÇAS E COM TODO CONHECIMENTO – Somos chamados a viver de um amor sem partes. Um amor de partes, não é amor pleno. DEUS é o único que nos ama naquilo que somos, independentemente de nossos méritos, sem exclusões. E nós como O amamos?
AO PRÓXIMO COMO A TI MESMO – O maior ato de amor a DEUS e ao próximo, começa com o amor a si mesmo. Quem não se ama, não ama a ninguém. A auto-estima ou amor-próprio é parte fundamenta do mandamento. Por outro lado, quem tem amor-próprio.... é incapaz de não amar o próximo!
O amor é como uma onda, que parte de nós mesmos e se espalha pelo mundo. E ele começa em nosso interior. Amando a si própria, a pessoa pouco a pouco se torna capaz de amar seus familiares, parentes e vizinhos, compreendendo suas falhas, perdoando-lhes e cuidando deles.
Num processo de lento amadurecimento, a pessoa se descobre capaz de amar em dimensões mais amplas, que incluem a solidariedade, a responsabilidade social e o cuidado com o meio ambiente.
COMO PODEMOS AMAR A DEUS CONCRETAMENTE? O primeiro mandamento fala em “amar a DEUS sobre todas as coisas”. Este é o grande fundamento de todos os outros mandamentos e de toda a vida cristã. Mas como é que a gente pode “amar a DEUS”?
A primeira condição é entender o que é DEUS. Não é uma tarefa fácil, mas todo ser humano traz em si uma intuição que lhe diz: DEUS é a Origem, o Fundamento de tudo quanto existe, Aquele que cria o universo. Quase todas as religiões expressam essa verdade de alguma forma.
Por aí se vê que amar a DEUS é, antes de tudo, cuidar bem de suas criaturas. Cuidar não só dos nossos próprios filhos, mas também deles (família); não só do nosso país, mas o incluindo (política); não só do nosso planeta, mas começando daí (ecologia). Em outras palavras, viver e viver bem uns com os outros — é o maior exercício de amor a DEUS que pode haver. O amor a DEUS realiza-se no amor às Criaturas, ao “próximo”.
Outra atitude essencial é não tomarmos o lugar de DEUS. Ter consciência de que não somos nós o fundamento das coisas — DEUS é mais! Tomar o lugar de DEUS, ou colocar coisas em seu lugar, como dinheiro OU poder, é o que se chama idolatria. Amar a DEUS é evitar a idolatria.
O primeiro mandamento nos lembra que devemos acreditar no DEUS único e verdadeiro sem deixar-se enganar pelos ídolos. Ídolo é tudo aquilo que nos atrapalha de amar o DEUS Verdadeiro de todo o coração. Nosso dever em relação a DEUS consiste em crer nele e dar testemunho dele (Ídolo é tudo aquilo que está em primeiro lugar na minha vida, lugar este que pertence a DEUS). É pecar contra o 1º mandamento:
Idolatria- Ídolo é tudo aquilo que nos atrapalha de amar o DEUS Verdadeiro de todo o coração. Nosso dever em relação a DEUS consiste em crer nele e dar testemunho dele (Ídolo é tudo aquilo que está em primeiro lugar na minha vida, lugar este que pertence a DEUS). Este preceito se refere a DEUS criador. Nenhum ser animal, vegetal ou mineral tem o poder de DEUS Ex25, 18-22; Nm21, 4-9; Jo3, 13-15 (explicar os textos).
Portanto o culto católico de imagens não é contrário ao 1º Mandamento, não adoramos imagens, veneramos aqueles que nos serviram de exemplo. A imagem é um meio visual e eficaz para catequizar. Quando olhamos para uma imagem, de um santo, por exemplo, quer nos fazer lembrar que a sua vida foi um sim a DEUS e quer me encorajar a fazer o mesmo; As imagens devem dizer para nós, o que Maria disse aos servos nas bodas de Caná: “Fazei tudo o que Ele (JESUS) vos disser!”
(Catequistas: Seria importante alertar que de fato, muitos católicos mal esclarecidos, adoram as imagens... É bom alertar para esta questão, sobre a intercessão dos santos e etc... Pode dar o exemplo, por que muitas vezes ao chegarmos na igreja, não falamos com o dono da casa, com uma genuflexão, e, vamos direto as imagens para orar)
A veneração a Maria Santíssima se chama hiperdulia e aos santos dulia. A veneração a imagens foi liberada pela Igreja devido ao entendimento: “O Filho de DEUS se fez imagem do Pai” Jo14-8-9.
Para nós cristãos, amar a DEUS significa também seguir seu Filho JESUS Cristo e viver o que ele nos ensinou nos Evangelhos.
Superstição - É um desvio do culto que rendemos ao verdadeiro DEUS. Ela se mostra particularmente na idolatria, assim como nas diferentes formas de adivinhação e de magia. Superstições mais praticadas: correntes, objetos que dão sorte: horóscopo, leitura de mão, pirâmide, ferradura atrás das portas, etc.
(Para falar sobre esses objetos, a passagem de Isaías é fantástica.... A idéia que se baseia é: como podem dar mais importância as criaturas do que ao Criador? – Is44,9-11; 17-18; Is45,14ss – Vale a pena Catequistas refletí-las)
Recusar ou rejeitar a existência de DEUS, acreditar em religiões falsas que falam mal dos outros e enganam as pessoas, por exemplo.
Desespero - deixar de esperar em DEUS a sua salvação pessoal e presunção salvar-se sem ajuda de DEUS ou esperar obter perdão sem conversão e a glória sem mérito.
Dúvidas voluntária sobre a fé. Negligencia ou recusar ter como verdadeiro o que DEUS revelou e que a Igreja propõe crer. Sacrilégio - profanação das coisas sagradas, contra a Sagrada Eucaristia é falta gravíssima – por exemplo, comungar com pecado grave - “ Mas todo mundo comunga fazendo isto”, quem já não ouviu isto? Como exemplo cito o mais tradicional: a pílula, diafragma, diu, etc... algum tipo de furto (mas todo mundo rouba) ou até mesmo pessoas que vivem maritamente e comungam por que conhece outras pessoas que fazem isso.
Simonia – É uma forma de sacrilégio, pois consiste em comprar ou vender um bem sagrado em troca de um bem material, principalmente em dinheiro. O egoísmo que se esconde na ambição do dinheiro ou na se de honras pode levar a este pecado. Por ele o que é sagrado é rebaixado e posto a serviço de uma finalidade egoísta., sob forma de um negócio. Podemos ver na Palavra de DEUS o que nos diz: At8,20 e Mt10,8.
“Nada é tão desprezado pelo povo cristão como um pastor das almas que, no exercício de seu santo ministério, não consegue ocultar seu amor a o dinheiro”.
O 1º Mandamento nos convida a crer em DEUS, a esperar nele e a amá-lo acima de tudo.
ATENÇÃO: Aqui se refere a usar espórtulas exageradas... (isso nem está ao alcance do catequizando) não tem nada a ver com vendas de santinhos, terços, etc...
2º - Não tomar o seu Santo Nome em vão - Ex20, 7.
DEUS confia seu nome àqueles que crêem nele; revela-se em seu mistério pessoal. O dom do nome pertence à ordem da confiança e da intimidade. “O nome do Senhor é santo”. Eis porque o homem não pode abusar dele. Deve guardá-lo na memória num silêncio de adoração amorosa. Só podemos usar o nome de DEUS para bendizê-lo, adorá-lo e glorificá-lo.
Ama-se a DEUS também pensando e falando nele com respeito e amor. Usar o nome de DEUS para cometer atos de injustiça e violência é a atitude contrária. Não podemos caluniar sua bondade e justiça infinita!
Este Mandamento proíbe o abuso do nome de DEUS, isto é, todo uso inconveniente do nome de DEUS, JESUS Cristo, Virgem Maria e de todos os santos. Como exemplo: e-mails ou outros meios de comunicação, misturando nome de DEUS, textos bíblicos, outras coisas sagradas, piadas, etc.
As promessas feitas em nome de DEUS empenham a honra, a fidelidade, a veracidade e a autoridade divinas. Devem, pois, em justiça, ser respeitadas. Não precisamos fazer promessa, pois, DEUS nos ama gratuitamente, mas se fazemos alguma promessa é falta não cumpri-la.
Este Mandamento nos lembra que não podemos usar o poder do nome de DEUS e da religião, dos Santos, de Nossa Senhora para prejudicar os outros, culpar DEUS pelas coisas erradas que vemos, jurar em nome de DEUS. Quem já viu alguém falar assim: “juro por DEUS”? O nome de DEUS é grande lá onde for pronunciado com respeito devido à sua grandeza e à sua majestade. O nome de DEUS é santo lá onde for proferido com veneração e com temor de ofendê-lo.
Quanto aos juramentos, JESUS vem nos ensinar que : “Que seu sim seja sim e que seu não seja não, o que ultrapassa disso, não vem de DEUS” Como jurar pela sua vida, se você não tem controle sobre ela? Como jurar pelos céus, pelas terras, por DEUS, se tudo isto está acima de você?
Senhor nosso DEUS, quão poderoso é teu nome em toda terra – Sl8,11.
3º - Guardar o domingo e festas de preceito - Ex20, 8 e Dt5,15.
O agir de DEUS é o modelo do agir humano. Se DEUS “retomou o fôlego” no sétimo dia – Gn2,2, também o homem deve “folgar” e deixar que os outros, sobretudos os pobres, “retomem fôlego” .
Não podemos esquecer a oração. Orar é dialogar com DEUS pelas palavras, cânticos e danças ou ouvindo-o no silêncio. O domingo — dia da ressurreição do Senhor é o dia de oração comunitária dos cristãos, como o sábado o é dos Judeus.
Guardar ou santificar o domingo e dias de festas quer dizer usar este dia livre de trabalho para participar da missa ou do culto na comunidade. Juntos louvamos e agradecemos a DEUS porque Ele nos ama e nos conserva a vida. Devemos também aproveitar este dia para recordar os encontros da catequese e conversar com a família. A diversão deverá ser sadia (cuidado com filmes, revistas, etc.).
A participação da Santa Missa é muito importante, pois ela aumenta em nós o amor a DEUS. Na Missa reconhecemos que DEUS é DEUS e que nós somos os seus filhos. A Missa é o que existe de mais agradável e valioso que ofertamos a DEUS. A participação na Santa Missa é importante, pois participamos do memorial de Nosso Senhor JESUS Cristo e, respondemos ao convite Dele na última Ceia: “Fazei isto em memória de Mim!”
Deve ser guardado igualmente o dia do Natal de Nosso Senhor JESUS Cristo (25/12), Santa Mãe de DEUS (01/01) Corpus Christi,(Quinta-feira após o Domingo da Santíssima Trindade) e Imaculada Conceição (08/12). Nestes dias a participação da Santa Missa é obrigatória.
Notamos que no AT era o sábado santificado, por que hoje nós santificamos e guardamos o domingo? Por que foi no domingo que aconteceu o maior acontecimento de toda a nossa história cristã.
A Ressurreição de JESUS, o domingo leva à plenitude, a Páscoa de Cristo. O sábado, que representou o término da primeira criação, é substituído pelo domingo, que lembra a criação nova, inaugurada com a Ressurreição de JESUS.
4º - Honrar Pai e Mãe - Ex 20, 8-10 e Dt5,16 – Eclo,3-7.14-17
O quarto mandamento nos recomenda honrar pai e mãe. Para muitas pessoas é um grande sacrifício, já que seu pai ou mãe lhes parece o indignos de qualquer honra. E essas pessoas se perguntam: será que DEUS realmente exige tal coisa de mim?
DEUS quis que, depois dele, honrássemos nossos pais e os que ele, para nosso bem, investiu de autoridade. Honrar Pai e Mãe significa amar e respeitar em todos os momentos da nossa vida.
Mas o que é mesmo honrar? É ter reconhecimento, gratidão, admiração pelas qualidades ou virtudes de uma pessoa. Honrar pai e mãe é ser-lhes reconhecido, agradecido pela vida deles recebida, cultivar a admiração por suas virtudes.
Isso não quer dizer que tudo o que pai ou mãe façam será digno de louvor, pois muitos pais abandonam ou maltratam os filhos; algumas mães negligenciam ou desprezam o cuidado com eles; certos avós são péssimos exemplo de atitude moral para os netos, e por aí vai. Porém, independentemente de suas falhas — que todo ser humano tem —, pai e mãe são dignos de honra por terem dado a vida ao filho.
Assim como as árvores, os humanos têm raízes, que são os antepassados. A árvore que perde o contato com as próprias raízes morre. Assim, a pessoa que não honra seu pai e sua mãe está condenando a si mesma.
Dos antepassados herdamos nossas características físicas e morais. Se não somos capazes de ver nada de bom neles, também não conseguiremos ver nada de bom em nós mesmos. Por isso, quem não honra seus antepassados é incapaz de honrar a si mesmo!
Sem o quarto mandamento é impossível cumprir o primeiro. Quem não respeita seu pai e sua mãe, com todas as falhas que possam ter, não será capaz de suportar as próprias falhas, muito menos as falhas do próximo.
Honrar os pais é fazer-lhes justiça: sem concordar com seu erros — o que faria de nós cúmplices, não deixar de reconhecer seus acertos mesmo que o único tenha sido nos trazer à vida! Não é motivo suficiente?
Este mandamento nos lembra a obrigação que todos os filhos tem de cuidar bem dos pais quando ficarem velhos ou doentes. Devemos obedecer aos nossos pais em tudo. O respeito filial favorece a harmonia de toda a vida familiar.
O papel dos pais na educação moral, civil e religiosa é tão importante que é quase impossível substituí-los. É no lar que a educação para a fé, por parte dos pais, deve começar deste a mais tenra infância. Os pais têm a missão de ensinar os filhos a orar e a descobrir sua vocação de filhos de DEUS. Os filhos por sua vez, contribuem para o crescimento de seus pais em santidade.
Os filhos quando adultos, tem o direito e o dever de escolher sua profissão e estado de vida, porém os pais têm o dever de orientá-lo caso eles permitem (refletir sobre Cl 3,12-21).
Este mandamento nos lembra também as nossas obrigações para com os mais velhos, principalmente os superiores, por exemplo: o padre, os nossos avós, os professores, as catequistas.
Este mandamento nos lembra também como devemos cuidar de nossos empregados e os deveres dos empregados para com os patrões. É bom lembrar também que este mandamento diz respeito ao comportamento dos pais em relação aos filhos: amá-los e respeitá-los em tudo Ef6,1-4.
Enfim, este mandamento nos orienta a respeitar todos que são investidos de autoridade, inclusive o direito público, pois toda autoridade foi dada por DEUS.
5º - Não Matar - Ex 20,13
Este Mandamento nos diz respeito à vida. A vida humana pertence a DEUS, pois somente Ele é o autor da vida. Toda vida humana, desde o momento da concepção até a morte, é sagrada porque a pessoa humana foi querida por si mesma à imagem e à semelhança do DEUS vivo e santo. O assassinato de um ser humano é gravemente contrário à dignidade da pessoa e à santidade do Criador.
Desde a concepção a criança tem direito à vida. O aborto direto, isto é, o que se quer como um fim ou como um meio, é uma “pratica infame”, gravemente contrária à lei moral. Podemos citar também outros tipos de aborto por exemplo: “fingir” não saber que está abortando, tomando remédios fortes para forçar a mesntruação...
A regulação da natalidade representa um dos aspectos da paternidade e da maternidade responsáveis. A legitimidade das intenções dos esposos não justifica o recursos a meios moralmente inadmissíveis, por exemplo a esterilização direta ou a contracepção.
“A vida humana é sagrada, e deve ser protegida, da concepção até a morte natural. E qualquer autoridade que atente contra a vida, ainda mais a vida de um inocente, exorbita de sua competência, e suscita a indignação ética de quantos independentemente de sua religião, acreditam na dignidade do ser Humano – Dom Dimas”.
Neste mandamento inclui-se também a eutanásia voluntária, sejam quais forem as formas e os motivos, constituem um assassinato. O suicídio é gravemente contrário à justiça, à esperança e à caridade. Enfim, tem vários tipos de mortes.
Inclui neste mandamento outras formas de matar, sem tirar a vida diretamente, tais como: falar mal dos outros; A língua é um meio muito eficaz para matar, o olhar, julgar, freqüentar lugares perigosos. Devemos zelar pela saúde, procurando tratamentos adequados, não usar drogas, fumar exageradamente, fazer uso de bebidas alcoólicas até embriagar-se. Na direção de automóveis. Salários injustos aproveitando da situação do outro. Usar métodos anticoncepcionais não aprovados pela Igreja (pílula, diu, diafragma, ligadura de trombas e vasectomia, ou seja, a Igreja tolera somente o método natural para evitar a procriação). É o Método de Ovulação Billings. É bom ressaltar que o pecado é do casal.
O Método natural é ensinado no Instituto Pró-Família que tem sua filial em Igrejas. Procure-se informar. Os médicos geralmente também o conhece. Veja uma pequena explanação no capítulo intitulado PLANEJAMENTO FAMILIAR.
6 º - Não pecar contra a castidade - Ex 20,14, ICor6,13, lCor13,19 e lCor6,18.
Um dos momentos mais difícil da catequese é a explicação do sexto mandamento. Pois muitos pensam que o assunto está ultrapassado, já que a mídia e os costumes estão cada vez mais liberais com relação ao sexo. Outros cometem o absurdo de demonizar prazer e sexo, como se fossem pecados em si. O que não é verdade!
O pior é que, para uns e outros, castidade é sinônimo de não ter relação sexual. O que também não é bem verdade. Há pessoas que não têm relação, mas nem por isso são castas. O contrário também é válido. Castidade tem a ver com sexo, mas vai além dele.
Castidade é integridade, pureza auto-estima. A pessoa casta respeita si mesma, não se deixa usar pelos outros. Preocupa-se com sua própria saúde tanto física como mental. Por isso, tem cuidado com sua alimentação, higiene, e descanso, lazer, espiritualidade, relações afetivas... A castidade é uma atitude de cuidado, amor e respeito da pessoa consigo mesma. O pecado contra a castidade é a agressão, com ou sem a colaboração de outras pessoas.
Toda situação que traga danos à moral incluindo aí relações sexuais sem respeito mútuos é contra a castidade, falta de higiene corporal e mental, uso de álcool e drogas, direção perigosa, fanatismo, venalidade, tudo isso é contra integridade física/moral da pessoa.
Como vemos, o mandamento resume em sua formulação uma variedade de situações que não podem ser reduzidas ao sexo fora do casamento. Muitas outras atitudes em si mesmas boas —- comer, beber, divertir-se, malhar —- tornam-se desumanas quando feitas de forma inadequada.
A Tradição da lgreja ensina que sexo é bom entre marido e mulher. Sexo com qualquer um e fora do contexto permitido é que deixa de ser saudável e pode se tornar problema.
Ser casto implica aprender a justa medida das coisas e desenvolver atitudes de equilíbrio, autocontrole e, acima de tudo, auto-estima.
Então: Castidade significa a integração da sexualidade na pessoa. Inclui a aprendizagem do domínio pessoal. Entre os pecados gravemente contrários à castidade citamos: a masturbação, a fornicação (adultério), a pornografia e as práticas homossexuais (masculinas e femininas). O adultério e o divórcio, a poligamia e a união livre (maritalmente, isto é, viver como marido e mulher sem serem casados) são ofensas graves contra o 6º mandamento, pois é um pecado contra a pureza do corpo. A união entre o homem e a mulher é realizada somente pelo Sacramento do Matrimônio.
DEUS não fez o homem e a mulher para ficarem sozinhos. (cf Gn2,18) Por isso, é natural que o homem e a mulher gostem de ficar juntos. Eles precisam um do outro para formar uma família. Mas precisamos ter clareza quando e como vamos utilizar deste direito.
O amor humano precisa ser purificado, amadurecer e ir mais além de si mesmo, para poder ser plenamente humano, para ser princípio de uma alegria verdadeira e duradora, para responder àquela exigência de eternidade que leva dentro de si e à qual não pode renunciar sem se trair. Para a Igreja o sexo é algo querido por DEUS, se não o fosse ele não seria parte da natureza humana.
O que a Igreja prega é a abstinência sexual antes do casamento. A Igreja entende que o ato sexual é reservado aos casados. Mas isso não quer dizer que o ato sexual é visto como mal pelos católicos.
Vejamos o que diz o Catecismo da Igreja Católica, documento oficial que resume a doutrina católica: "Os atos com os quais os cônjuges se unem íntima e castamente são honestos e dignos. Quando realizados de forma verdadeiramente humana, significam e favorecem a mútua doação pela qual os esposos se enriquecem com o coração alegre e agradecido. A sexualidade é fonte de alegria e de prazer. O próprio Criador estabeleceu que nesta função (i.é, de geração) os esposos sentissem prazer e satisfação do corpo e do espírito. Portanto os esposos não fazem nada de mal em procurar este prazer" (CIC, parágrafo 2362).
Fica claro que a Igreja vê o sexo como algo belo, desde que realizado corretamente. Já o celibato é a renúncia de uma vida matrimonial para se buscar uma vivência mais forte do evangelho, dedicando-se exclusivamente à causa de Cristo. Isto também é muito bem visto pela Igreja e foi o caminho escolhido pelos padres, bispos, freiras, etc. À exemplo de JESUS.
“E a Igreja recorda que: o amor conjugal, ou seja, a sexualidade orientada ao matrimônio, que implica que todo ato que acontece fora do contexto sacramental não possa ser apreciado”. Dom Dimas Lara
“ Falando em castidade. É evidente que a constituição psicológica do homem e da mulher exige mútua complementaridade. Quando DEUS vivo e verdadeiro ocupa, viva e completamente, um coração virgem, nesse caso deixam existir necessidades complementares, porque o coração está ocupado e “realizado” completamente. Mas, quando DEUS, de fato, não ocupa completamente um coração consagrado, então nasce imediatamente a necessidade de com plementaridade.
Os freudianos (psicanálise) estão radicalmente incapacitados de entender o mistério da virgindade, porque sempre partem de um pressuposto materialista e, por conseguinte ateu. Não têm autoridade, falta-lhes a “base” da experimentação e, por conseguinte. “rigor científico”, para entender a “realidade” (virgindade “em” DEUS) que é essencialmente inacessível, e mesmo inexistente para eles
A virgindade sem DEUS - sem um DEUS vivo e verdadeiro — é um absurdo humano, sob qualquer ponto de vista. A castidade sem DEUS é sempre repressão e fonte de neurose. Mais claramente: se De não está vivo em um coração consagrado, nenhum ser normal neste mundo pode ser virgem ou casto, pelo menos no sentido radical desses dois conceitos. Só é capaz de despertar harmonias imortais no coração solitário e silencioso de uma virgem. Dessa maneira, DEUS, sempre prodigioso, origina o mistério da liberdade. O coração de um verdadeiro virgem é, essencialmente, liberdade. Um coração consagrado a DEUS em virgindade — e habitado de verdade por sua presença — nunca vai permitir, não “pode” permitir que seu coração fique dependente de alguém.
Esse coração virgem pode e deve amar profundamente. mas permanece sempre senhor de si mesmo. E isso porque seu amor é fundamentalmente um amor oblaltivo e difusivo. O afeto meramente humano pode esconder diferentes e camufladas doses de egoísmo, tende a ser exclusivo e possessivo. É difícil, quase impossível, amar a todos quando se ama uma só pessoa. O amor virginal tende a ser oblativo e universal. Só a partir da pIataforma de DEUS podemos desdobrar as grandes energias, oferecidas ao Senhor, para com todos os irmãos. Se um virgem não abre suas capacidades afetivas a serviço de todos estamos diante de uma vivência frustrada e, conseqüentemente, falsa da virgindade.
É por isso que a virgindade é liberdade, Um coração virgem não pode permitir que pessoa alguma domine ou absorva esse coração, mesmo quando amar e for amado profundamente por DEUS é liberdade nele. É possível que o sinal inequívoco da virgindade esteja nisto: não cria e dependências nem fica dependente de ninguém. Aquele que é livre — virgem — sempre liberta, amando e sendo amado. É DEUS quem realiza esse equilíbrio. Assim foi JESUS.
Se DEUS é o mistério e a explicação da virgindade, poderíamos concluir que, quanto mais virgindade, mais plenitude de DEUS, e mais capacidade de amar. Maria é cheia de graça porque é plenamente virgem. A virgindade, além de liberdade, é plenitude.
Maria é uma profunda solidão - virgindade — povoada completamente pelo Senhor DEUS. DEUS a completa e acalma. O Senhor nela habita plenamente. Essa figura humana que aparece nos evangelhos, tão plena de maturidade e de paz, atenta e serviçal para com os outros, é o fruto da virgindade vivida na perfeição”. O Silêncio de Maria – Inácio Larranaga
Neste mandamento é bom citar outras faltas tais como: falar palavrão, usar roupas apertadas ou curtas demais.(Diante da sociedade) Olhar ou ler revistas que tem cenas de homens e mulheres nus, emprestar estas coisas aos outros, casar somente por interesse financeiro é pecado grave.
Ser casto é ser fiel ao seu estado de vida, isto é, se é casado, viver como casado
fiel ao seu cônjuge, se é solteiro, viver como solteiro.
7° Mandamento – “Não furtarás” Ex 20,15
Este Mandamento ordena fazer bom uso dos bens terrenos e proíbe tudo o que atente contra a justiça em relação com esses bens. Furtar é “subtrair fraudulentamente; roubar; falsificar; apresentar como seu (aquilo que é de outrem). É pecar contra o 7° Mandamento”:
Aceitar ou comprar coisas sabendo que são furtadas, causar prejuízo a outrem de propósito, cobrar juros excessivos, usar das leis trabalhistas sem o devido direito ou interpretá-la mau para tirar proveito, subornar e sonegar impostos “Dai a César o que é de César e DEUS o que é de DEUS” Mt22,21.
Ficar com coisas achadas sem procurar o dono, planejar furto, causar prejuízo de propósito ou por negligência, deixar de pagar dívida, não reparar danos causados.
Se enquadra neste mandamento, tudo aquilo que deveríamos dar a outrem, por obrigação ou caridade e não fizemos, como por exemplo: praticar atos de caridade (domingo do quilo) e pagar um justo salário (ex: assinar a carteira de trabalho).
Em relação a este mandamento, JESUS vem nos falar que devemos ser ricos para Ele e não para nós mesmos. (Cf Lc 12,13-21) E, devemos nos lembrar que “somos pó e ao pó retornaremos”, assim sendo, nada levaremos do que ajuntamos na terra.
Este mandamento também nos convida a respeitar as coisas dos outros. Todos devem trabalhar para conseguirem suas coisas. Existem várias maneiras de roubar: Quem não paga o salário justo para as pessoas. O comerciante que rouba no peso. Aumentar o preço das coisas. O empregado que não faz o trabalho direito, passa o dia enrolando no trabalho, estragar coisas que pertencem a todos, por exemplo: quebrar orelhão, jogar lixo na rua.
As faltas cometidas contra o 7º mandamento exigem reparação, isto é, devolver o equivalente ao prejuízo antes de aproximar do Sacerdote para se confessar. Caso não possa fazê-lo pedir orientação ao confessor - ver a atitude de Zaqueu em Lc19,8.
8° Mandamento - “Não levantarás falso testemunho contra teu próximo” Ex 20,16
Qual é a importância do oitavo mandamento? Como dizem os comentaristas esportivos, “a regra é clara”: quem quer viver bem não levante falso testemunho. Esta formulação nos recorda a situação característica do tribunal, em que é necessário levantar testemunhos para fazer a justiça.
Quem já sofreu uma falsa denúncia, ou se viu despido de seus direitos porque alguém testemunhou falsamente a favor de seu adversário, sabe da gravidade de um ato como esse. O falso testemunho pode destruir a vida do inocente. É um ato de extrema leviandade, comparável a uma agressão física ou até pior que isso.
Mais chocante ainda é o caso de tantos inocentes que, ao longo da história, sofreram injusta pena de morte por causa de testemunhos, a começar do próprio JESUS (Mc14,55-57).
O problema não é apenas a mentira, mas sim a injustiça que se faz por meio dela. Devemos evitar mentir por brincadeira. Pois quem aprende a mentir por brincadeira, achando que isso não tem nada de mal, pode mais adiante achar “normal” mentir por outros motivos. Mesmo quando não parece haver nada de mal nisso.
Dizer sempre a verdade não implica ter franqueza absoluta o tempo todo. Nem sempre a franqueza é oportuna. Às vezes, é melhor calar e esperar o momento certo de falar.
Este Mandamento quer promover que o amor à verdade se torne a base do relacionamento entre as pessoas. É pecar contra este mandamento: Mentir, difamar, maledicência, intriga, revelar os segredos que nos foram confiados, falar mal dos outros, fazer juízos falsos e precipitados, dar testemunho falso contra o próximo. JESUS nos exorta assim: “Dizei somente sim, se é sim: não, se é não.” Mt 5,37. Concluir este mandamento com a leitura de Jo8, 44-48.
Este mandamento nos proíbe de caluniar, isto é, falar mentiras sérias que prejudicam a vida das pessoas e da comunidade. Inventar mentira para tirar proveito é pecado muito grave.
9º - Não desejar a mulher do próximo - Ex 20,14
O nono mandamento proíbe a concupiscência carnal: “Todo aquele que olha para uma mulher com desejo libidinoso já cometeu adultério com ela em seu coração” Mt 5,28. E a luta para vencê-la passa pela purificação do coração e a prática da temperança. Em Mt 5, 8 “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a DEUS”. Esta purificação passa por três campos: a caridade, a castidade e a retidão sexual.
Se um homem e uma mulher estão comprometidos entre si e com os filhos, não podem abandonar a família para juntar-se com outra pessoa. Por isso, é muito importante amar de verdade e escolher bem o seu esposo ou esposa com que vai se casar para evitar depois a separação e o divórcio. Este mandamento pede aos pais e mães que se respeitem e se amem. Até desejar viver com outro homem ou com outra mulher é pecar contra este mandamento e contra o 6º mandamento M,18-19.
10º - Não cobiçar as coisas alheias, isto é, as coisas que pertencem a outros - Ex 20,17.
Cobiça é “Desejo veemente e imoderado de possuir; ganância; ambição de riquezas”. A razão deste mandamento é clara e profunda: o coração do homem deve estar livre de toda a espécie de vínculos, pois só assim será capaz de amar a DEUS com plenitude. (ex: Jovem Rico – Mt19-16-30)
JESUS nos mostra repetidas vezes o motivo profundo para viver este preceito: onde está o teu tesouro aí está o teu coração (Mt 6,21), de maneira que não se pode servir a dois senhores – a DEUS e ao dinheiro (Mt 6,24)
Devemos ter liberalidade – é a virtude que regula o amor pelas coisas materiais, e nos dispõe a utilizá-las segundo a vontade de DEUS – pois DEUS quando criou tudo, designou o homem a dominá-las e não o contrário.
Devemos evitar a prodigalidade que é o vício que leva ao abuso no modo de dispor do dinheiro, gastando-o inconsiderada e decididamente. Comprar algum bem por um preço menor para aproveitar situação difícil de outrem é falta grave.
Lembrete: Viver os dez mandamentos.
Este lembrete é para nos dizer que nada adianta saber, isto é, decorar se não vivemos. Tudo o que aprendemos aqui na catequese temos que viver e espalhar para os outros. Por exemplo: Amar a DEUS sobre todas as coisas. O que adianta decorar, se no domingo em vez de participar da Missa prefere ficar dormindo?
As leis de DEUS são cumpridas hoje? (pausa) Não? Por quê? (pausa) Cite um exemplo (o jornal, revistas, falta de amor entre as pessoas, etc.). Hoje tem alguém que é escravizado? (pausa) (pessoas sem direito a estudar, sem hospital, abandonados, etc.)
Temos líderes, isto é, pessoas que estão à frente como Moisés? (pausa) Temos! (creches, associações, igrejas, médicos, etc.). Cada um de nós é chamado a ser um líder.
Interiorização:Abra seu coração e reflita um pouco como está a sua vida, de que precisas renunciar? O jeito de você melhorar é assumir verdadeiramente DEUS em sua vida. Convido a você a se entregar como uma criança se entrega nos braços de sua mãe, como uma vítima, por exemplo, de câncer se entrega nas mãos do médico. O médico arranca os nódulos cancerosos, procurando todos os gânglios, exterminando-os e acabando com todas as suas ramificações para o bem do doente, é assim mesmo que convido você se entregar. O que será que você precisa renunciar hoje? Algum objeto de estimação (livro, superstição, falsas religiões, etc) O que vem na sua memória agora para se renunciar? (perdão, calúnia, furtos, etc.)
Deixa DEUS fazer uma obra nova em você, imagina-se que você seja um vaso todo rachado... rachado por tantas coisas... deixa-se modelar pelas mãos amorosas do PAI. Cantar baixinho: Eu quero ser ó Pai amado, ...., ou Senhor eu sei que tu me sondas... e Ler Is43,3-5 “pois eu sou o Senhor....”
E por que tudo isso? O Senhor quer te resgatar neste encontro. Ele o ama demais. Mas para isso você precisa ser firme. Não é ficando na coluna do meio, não é cedendo a tantas coisas.. Eis o pedido do nosso DEUS a satanás: “Devolve-os! Nãos os retenhas!” Traze meus filhos das longíquas paragens e minhas filhas dos confins da terra” Is43,6.
(Encerrar o encontro com oração espontânea e a música: A Vossa Palavra Senhor)
Conhecemos os Mandamentos da Lei de DEUS. Para que você possa sair daqui com a certeza que poderá ser fiel a eles, vamos gravar no coração com carinho:
Os Mandamentos da Lei de DEUS são como sinais que DEUS coloca em nosso
caminho e nos ajudam a viver como filhos de DEUS.
Os mandamentos da Lei de DEUS nos mostram a imagem que deve ser
o homem segundo o coração de DEUS.
Os mandamentos da Lei de DEUS são sabedoria e felicidade de DEUS prometida aos homens.
ORAÇÃO - DEUS meu Pai, JESUS sempre relaciona amor com o cumprimento dos mandamentos. Alguém poderia contradizer, porque mandamento é lei, e a idéia de lei parece não combinar com amor. Entanto combina muito bem, porque JESUS resumiu todos os mandamentos num mandamento único de amor: “Amar a DEUS sobre todas as coisas e ao próximo como amamos a nós mesmos”. Acima de tudo ele coloca o amor para convosco, Senhor, porque sois a fonte mesma do amor. Só depois é que podemos pensar no amor entre nós. Que eu vos ame assim, e assim seja por vós amado. Amém
Motivação para o próximo encontro: NO próximo encontro utilizaremos uma imagem para recordar uma grande pessoa. Que pessoa será essa? Ela é um o cumprimento de uma promessa “porei inimizade...” Lembram?
Mandamentos da Lei de Deus
1- Amar a Deus sobre todas as coisas
2- Não tomar seu Santo nome em vão
3- Guardar domingos e festas
4- Honrar pai e mãe
5- Não matar
6- Não pecar contra a castidade
7- Não roubar
8- Não levantar falso testemunho
9- Não desejar a mulher do próximo
10- Não cobiçar as coisas alheias
Mandamentos da Igreja
1- Participar da Missa todos os domingos e festas de guarda
2- Confessar-se ao menos uma vez por ano
3- Comungar ao menos pela Páscoa da ressurreição
4- Jejuar e fazer penitência quando manda a Santa Mãe Igreja
5- Pagar Dízimo conforme costume
Obras de misericórdia Espirituais
1- Dar bom conselho a quem necessita
2- Ensinar aos que não sabem
3- Corrigir os que erram
4- Consolar os aflitos
5- Perdoar as injúrias
6- Aceitar com paciência as moléstias dos outros
7- Rogar a Deus pelos vivos e pelos mortos
Obras de misericórdia corporais
1- Dar de comer a quem tem fome
2- Dar de beber a quem tem sede
3- Vestir os nus
4- Dar pousada aos peregrinos
5- Visitar os enfermos
6- Visitar os presos
7- Enterrar os mortos
Os dons do Espírito Santo
1- Sabedoria
2- Entendimento
3- Conselho
4- Fortaleza
5- Ciência
6- Piedade
7- Temor de Deus
Sacramentos
1- Batismo
2- Eucaristia
3- Crisma
4- Reconciliação
5- Unção dos enfermos
6- Ordem Sagrada
7- Matrimônio
Sinal da cruz
Pelo sinal da santa cruz, livrai-nos, Deus Nosso Senhor, dos nossos inimigos. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Creio
Creio em Deus Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra. E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na santa Igreja católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna. Amém.
Ave Maria
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres, bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.
Pai Nosso
Pai Nosso, que estais no céu, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade assim na terra, como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.
Salve Rainha
Salve Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura, esperança nossa, salve! A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei! E depois deste desterro, mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria! Rogai por nós, Santa Mãe de Deus! Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.
Glória ao Pai
Glória ao pai, ao Filho e ao Espírito santo, como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Oração da manhã
Adoro-vos meu Deus, amo-vos de todo o meu coração. Agradeço-vos porque me criastes, me remistes, me fizestes cristão, me conservaste a vida e a saúde. Ofereço-vos o meu dia: que todas as minhas ações correspondam à vossa vontade. E que eu faça tudo para a vossa glória. Livrai-me do pecado, do perigo e de todo o mal. Que a vossa graça permaneça sempre comigo e com todos aqueles que eu amo. Amém.
Oração da noite
Eu vos adoro, meu Deus, e vos amo de todo o coração. Dou-vos graças por me terdes criado, feito cristão e conservado neste dia. Perdoai-me as faltas que hoje cometi e se fiz algum bem aceita-o. Guarda-me durante o repouso e livra-me dos perigos. A vossa graça esteja sempre comigo e com todos os que me são caros. Amém.
Mandamentos da caridade
1-Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua mente.
2-Amarás a teu próximo como a ti mesmo.
Vícios capitais
1-Soberba
2-Avareza
3-Luxúria
4-Ira
5-Gula
6-Inveja
7-Preguiça
Pecados contra o Espírito Santo
1-Desespero de salvar-se
2-Presunção de salvar-se sem mérito
3-Impugnar verdades as conhecidas
4-Inveja da graça alheia
5-Obstinação nos pecados
6-Impenitência final
Pecados que clamam por vingança a Deus
1-Homicídio voluntário (inclusive o aborto)
2-Pecado impuro contra a natureza
3-Opressão dos pobres
4-Fraude no justo salário ao trabalhador
Ato de contrição
Confesso a Deus todo-poderoso, e a vós irmãos e irmãs, que pequei muitas vezes, por pensamentos, palavras e omissões. Por minha culpa, minha tão grande culpa, peço a Virgem Maria, aos anjos e santos, e a vós irmãos e irmãs, que rogueis por mim a Deus Nosso Senhor. Amém.
Mistérios principais da fé
1-Unidade e Trindade de Deus
2-Encarnação, Paixão e Morte de nosso Senhor Jesus Cristo
Virtudes Teologais
1-Fé
2-Esperança
3-Caridade
Virtudes Cardeais
1-Prudência
2-Justiça
3-Fortaleza
4-Temperança
Oração pelos falecidos
Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno. Brilhe para eles a luz perpétua. Descansem em paz. Amém.
Oração pelos agonizantes
São José, pai adotivo de Jesus Cristo e verdadeiro esposo da Virgem Maria. Rogai a Deus por nós e pelos que hoje passam à eternidade. Amém.
OS DONS DO ESPÍRITO SANTO
Vamos passar à explicação dos sete Dons: Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade, Temor de Deus. É preciso compreender cada conceito e o seu significado.
- A Sabedoria é o dom que faz o cristão perceber, intuir e gostar das coisas espirituais. Sente deleite nas coisas de Deus e por isso começa a temer a Deus, a respeitá-Lo mais. Diz o salmo que o temor de Deus é o princípio da sabedoria.
- O Entendimento é o dom do conhecimento, pois a pessoa consegue entender e conhecer aquilo que vai no coração e na mente das pessoas. O Padre Pio era um sacerdote que tinha o dom do entendimento. Ele servia-se do seu dom para ajudar muitas almas. Quando alguns penitentes iam ter com o Padre Pio e, por esquecimento ou timidez, escondiam este ou aquele pecado, o Padre Pio lembrava-lhes: "Falta-te este pecado que cometeste duas ou três vezes". Este dom é utilizado unicamente para o bem do penitente.
- O dom do Conselho: quem o possui consegue dirigir, orientar e aconselhar as almas para a sua própria salvação e felicidade. O dom do conselho que é dado pelo Espírito Santo não é inconveniente, interesseiro, não aconselha segundo a conveniência pessoal mas aconselha somente para o bem da pessoa. Este dom constitui uma preciosidade, pois alerta-nos para os erros que cometemos ou soluções que necessitamos.
- O dom da Fortaleza é também uma virtude. A virtude é um bem e um dom dado pelo Espírito Santo que diz "não" ao pecado, a uma boa proposta, à pressão social, a certas modas que prejudicam a vida espiritual do homem ou da mulher. O dom da fortaleza faz com que o cristão saiba resistir a certas influências sociais e não se deixe conduzir pela pressão do grupo social ou de amigos onde está inserido. Com este dom a pessoa mantém a sua personalidade, sendo aquilo que realmente é, conservando os valores cristãos.
- O dom da Ciência permite ao homem perceber e sentir, através da natureza e dos acontecimentos do dia-a-dia a presença e a linguagem de Deus.
Quem possui o dom da ciência consegue louvar a Deus, olhando para as belezas da natureza, para a beleza de um jardim, das montanhas, da água do mar, do céu azul, das estrelas. Através da natureza, a alma lê e louva o seu Deus, agradecendo-Lhe enquanto observa uma linda flor. Em vez de ficar fixo apenas na beleza da flor, louva o autor da criação, louva o Criador.
- O dom da Piedade inclina o cristão à oração, ao louvor, à adoração, à contemplação; leva o cristão a sentir gosto pela oração, sentir desejo e gosto de estar com Deus, gosto em rezar e em falar com Deus através da oração.
O dom da piedade faz com que a pessoa não se canse de rezar e se sinta bem a rezar. Através deste dom, Deus vai revelando aspectos espirituais que muitos não percebem.
A alma piedosa tem mais luzes e percebe melhor as coisas a nível espiritual. Aquele que não reza não percebe, não entende e não vê porque não lhe é permitido ver.
Há pessoas que dizem: "Mas padre, eu rezo tanto!" e eu pergunto: "Como reza?". Não basta rezar, é preciso rezar bem, meditando nas palavras e nos mistérios que contemplamos da vida de Jesus. Experimentem rezar bem, concentrados, compenetrados e verão as maravilhas que Deus irá realizar nas vossas almas.
É lindo rezar bem. A pessoa sente na alma uma grande paz, suavidade, gozo e alegria.
- O dom do Temor de Deus leva-nos a fugir do pecado com receio de ofender e de perder Quem amamos - o nosso Deus. Este dom está, em certa medida, associado ao dom da fé porque nos faz sentir e perceber que estamos na presença de Deus e, se estou na Sua presença, não quero pecar.
O temor de Deus é um grande dom pois faz com que o homem faça tudo para não perder a graça de Deus, o Seu amor e a Sua presença. Por isso, o temor de Deus é o princípio da sabedoria.
Desta forma falamos sobre o significado de cada dom e de cada fruto do Espírito Santo, para melhor compreendermos a necessidade de invocarmos e suplicarmos ao Espírito Santo que aumente em nós os Seus dons e frutos, perseverando-nos neles até à morte.
Padre Manuel Sabino, Fundador dos Servos do Bom Pastor
Fonte: https://www.servosdobompastor.net/EnsEspiritoSanto.html
PARÓQUIA CRISTO RESSUSCITADO
O Sacramento da Reconciliação
Jesus Cristo deu aos Sacerdotes o poder de perdoar os pecados (João 20, 23). Este Sacramento é chamado também: Sacramento do Perdão, da Reconciliação, da Comunhão. Este Sacramento, é chamado também, Sacramento de Cura Espiritual das feridas e mágoas do pecado.
1- PASSOS PARA FAZER UMA BOA CONFISSÃO:
2- COMO DEVO CONFESSAR-ME?
3- COMO TENHO AMADO A DEUS?
4- COMO TENHO AMADO O MEU PRÓXIMO?
5- PENITÊNCIA:
Depois de confessar os meus pecados o Padre me dá a absolvição (perdão dos pecados) e a penitência.
6- REZO A PENITÊNCIA NA IGREJA E AGRADEÇO A DEUS O SEU GRANDE AMOR E MISERICÓRDIA.
RELAÇÕES PRE-MATRIMONIAIS.
Caro amigo cristão, tente imaginar a seguinte cena:
Há ambiente natalício, com lareira, bolos, chá quentinho, crianças a correr escada abaixo, escada acima. Uma família grande, todos felizes. A tradição diz que os presentes devem ser abertos no dia 25 de manhã, em Família. Está bem, esperamos! As crianças estão ansiosas por abrir os presentes que estão perto dos seus sapatinhos, mas aguentam a ansiedade que têm e brincam para enganar o tempo. Pouco a pouco, vão-se deitando todas as pessoas da Família, inclusive as crianças, que são as primeiras. Deitam-se com o pensamento sonhador dividido entre as histórias de Natal que ouviram, uma oração ao Menino Jesus, outra ao Anjo da Guarda, e aquilo que vão receber no dia seguinte.
No dia seguinte, as crianças são as primeiras a acordar. O sol ainda mal se vê, mas a claridade já faz os pequeninos saltarem da cama e vestirem a correr os seus robes minúsculos e correr para a sala, onde estão os presentes todos. Vêem aqueles embrulhos todos, que parecem gritar "Abre-me, amigo! Vem ver o que escondo dentro de mim! Anda, é para ti!". Passado um bocadinho, a Maria pequenina e o Pedrinho foram à cozinha buscar um bocadinho de leite do dia anterior, que tinha ficado de fora do frigorífico. O Domingos, o João e a Teresa, foram aos quartos dos pais e dos avós acordá-los... afinal, queriam era abrir os presentes! A Isabelinha foi à casa de banho porque estava aflita para fazer chichi e tinha deixado as fraldas só a semana passada... não queria fazer no pijama, ainda por cima logo naquele dia! Ficou o pequeno Manuel sozinho na sala, com os presentes.
Olhou para o maior deles todos, era dos seus pais. Tinha um embrulho muito bonito, estampado a encarnado e verde com desenhos animados, e a forma e o conteúdo do presente intrigava-o, e de que maneira! O Manuel queria abrir os presentes com a Família lá, mas estavam a demorar tanto... "Arghhhh, não aguento!" Manuel rasgou o presente e, de repente, viu lá dentro um grande carro telecomandado. "Yupee, lindo, era mesmo o que eu queria!!" Agarrou no carro e foi à cama dos pais acordá-los.
- Pai, Mãe!! Mãe, Pai, acordem!
- Uahh... que horas são isto?
- Obrigado pelo carro Mamã!! Gostei mesmo muito!!
- Ahh, ótimo... mas porque não esperou por nós, Manel?
- Não resisti... desculpem!
Claro que a Mãe e o Pai do Manuel desculparam-no. Embora tenham ficado contentes com a reação do filho, que delirou com o presente, ficaram também tristes e com pena de o filho não ter esperado por eles, que chegassem à sala. O filho também podia ter ficado mais contente, se não tivesse o peso na consciência de não ter esperado pelos pais para abrir o presente. Claro que se lembrou dos pais quando o abriu, mas a questão que o incomodava não era bem essa... é que os pais não estiveram totalmente presentes na abertura daquele embrulho que fizeram e deram com tanto amor, e queriam ter estado e Manuel sabia disso. Pronto, pediu desculpa, menos mal. Estava perdoado. Mas o Manuel não queria tornar a fazer isso. Para a próxima ia ser diferente!
Os pais aqui, são Deus. O Manuel somos cada um de nós, acompanhados pelo resto da Família Cristã que é a Igreja. O presente que Deus nos dá, aqui, é o dom do Amor na relação sexual. O Amor com que "abrimos" este presente não está posto em causa, mas sim a altura. A altura certa é aquela em que abrimos o presente com mais sentido e, consequência disso, abri-lo assim dá-nos um gozo muito maior. Se for fora de tempo, também dá gozo e é bom. Mas qual é o ponto de o fazer se isso pode e deve ser querido, amado e gozado até ao seu máximo? Então, devemos abrir este "presente" que Deus nos dá quando Ele estiver presente em toda a Sua plenitude, e tal como Ele quer. Então, construímos condições e esperamos pelo Espírito Santo que desce sobre nós na forma de Sacramento do Matrimónio. Casamo-nos, diante de Deus e da Família Cristã que nos acompanha. Então, com todos presentes, temos condições para amar e abrir este nosso presente, com quem amamos, na intimidade das nossas novas vidas a três. Se caís, não penses que colocastes tudo a perder. Podes sempre ser casto, e Deus perdoa-te sempre. Se estiveres verdadeiramente arrependido, como o Manuel, que não queria voltar a fazer aquilo da próxima vez, ficas limpo de pecados, Santo. A dinâmica aqui, como sempre, é a do Amor Maior. Se não estás lá muito convencido com esta história, não te esqueças que somos pequeninos. Devemos confiar na Igreja, que estuda este Amor Maior há séculos e séculos. Um abraço fraterno ao leitor,
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